Capítulo 2: Joshua

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"A noite é uma criança", eu preferia que fosse, mas não é bem assim. Me chamo Joshua, tenho 18 anos e sou o dono do morro Coronel. Tem esse nome devido ao fundador e primeiro narco-traficante daqui, que era um antigo coronel do exército. Não assumi esse cargo por opção, mas não desgosto totalmente. Minha mãe me amou, cuidou de mim e morreu. Meu pai era um merda, me batia e abusava. Mas isso não vem ao caso; mudei, sou diferente, melhor que ele. Sou homem, ele era moleque.

Ser o dono de um morro é algo de tremenda responsabilidade e risco, mas já me acostumei com isso. Sei lutar, sei atirar e sei ser frio. Agora, por volta das 06:00 da manhã, estou voltando de um "aviso". Fazemos esse "aviso" quando ocorre alguma ameaça de facções vizinhas, não é nada menos do que um recado assassino.

Subindo o morro, encontro Lucas descendo. Um jovem estudante que mora aqui na favela. Ele acha que não, mas todos sabemos que ele cursa Direito na faculdade. Só não sei em qual ainda.

- Bom dia, futuro capa preta.

Ele não sabe, mas esse é o apelido dele na favela. Não em toda a favela, mas na Boca. Temos que ficar de olho em qualquer coisa, ou alguém, que possa se tornar uma ameaça direta.

- Bom dia, senhor.

Senti certo receio em sua voz, como se procurasse a frase certa para me responder. Gosto disso, medo.

Agora são por volta das 20:00 e estamos nos preparando para o Baile. Nada melhor do que uma putaria pra começar a semana.

- Chefe, está tudo pronto.

- Solte a bala. Começou a putaria!

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