6. Seu guia espiritual.

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Jungkook havia definitivamente atingido o fundo do poço.

Desempregado, com um sonho fracassado, um nome sujo e agora presenciando alucinações enquanto sóbrio em plena luz do dia. Ao menos, ele pensava estar sóbrio, mas também havia pensado o mesmo na noite passada. E olha onde ele havia parado, vendendo sua alma para o próprio Diabo e a um passo de conseguir uma ordem de restrição em seu nome.

Ele estava prestes a ter um despertar espiritual ou um novo transtorno mental.

Olhou para os lados, certificando-se de que ninguém via o mesmo que ele. Os pedestres que passavam pela calçada pareciam alheios à figura morta do maior ator coreano.

Então, ignorando a assombração do homem famoso com os braços cruzados e erguendo uma sobrancelha impaciente para ele, Jungkook simplesmente assentiu para si mesmo, aceitando sua insanidade.

Ele deu as costas para o fantasma e prosseguiu sua caminhada até a estação de metrô.

ㅡ Não adianta me ignorar, eu sei que você pode me ver e me ouvir ㅡ O fantasma sussurrou provocativamente atrás dele.

Jungkook espremeu os lábios em uma linha fina e continuou andando com o olhar fixo à sua frente.

ㅡ Yerim tem razão. Você se amaldiçoou no momento em que segurou o Liber Tenebrarum em suas mãos. Não a culpe pela forma que ela te tratou lá em cima. Ela só está traumatizada, foi ela quem encontrou o meu cadáver em decomposição. Mas você não abriu o grimório, abriu? ㅡ Desta vez, Namjoon se materializou bem diante dele, fazendo Jungkook pausar por um momento para se recompor. ㅡ Ah, pela sua cara de terror, você com certeza abriu. Vai parecer meio irônico ouvir isso de um espírito, mas meus pêsames.

Jungkook tentou não se amedrontar pelas palavras da alucinação produzida por sua mente problemática.

ㅡ O que foi que o atraiu até ele? ㅡ prosseguiu Namjoon quando Jungkook não mordeu sua isca. ㅡ Foi a beleza da capa, as folhas amareladas? Eu também aprecio um pouco de beleza vintage, mas sinto que não foi nada disso. Foi a magia negra dentro dele, não foi? ㅡ Ele o rodeava como um mosquito insistente, e Jungkook se sentiu tentado a lhe dar uma bofetada e mandá-lo para longe. De preferência para o inferno. ㅡ Saiba que eu mais do que ninguém não o julgaria por fazer um ou dois feitiços. Afinal, eu fiz o mesmo enquanto vivo.

Chega daquilo.

Jungkook abriu sua mochila e puxou seus fones com cancelamento de ruído. Todo o som ao seu redor foi substituído por Lay All Your Love On Me da banda ABBA. Pelo canto do olho, ele ainda podia ver Namjoon seguindo ao seu lado. No entanto, se sentia mais no controle de si enquanto não era capaz de ouvi-lo.

Assim que alcançou o metrô e começou a descer pela escada rolante, ele tirou o celular do bolso e procurou o número da clínica psiquiátrica que frequentava.

ㅡ Boa tarde, me chamo Jeon Jungkook e gostaria de marcar uma consulta. O motivo? Bem, eu acho que estou tendo efeitos colaterais causados pela minha medicação mais recente. É um comprimido para dormir chamado...

Jungkook correu para entrar no vagão a tempo. Assim que pôs os pés na cabine, as portas se fecharam atrás dele. A voz do outro lado desapareceu da linha, sendo substituída pela estática de um telefone mudo. Ele estava embaixo da terra, é claro que o sinal do celular seria cortado.

ㅡ Não vai adiantar de nada ㅡ disse Namjoon sentado com as pernas relaxadas em um banco do vagão. ㅡ Você até pode ser maluco, mas não é por esse motivo que pode me ver.

ㅡ Então é por quê? ㅡ Jungkook exigiu, áspero. Ele se sentou no banco diante de Namjoon e inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.

O Pacto de Jungkook - [Taekook]Onde histórias criam vida. Descubra agora