Dezenove

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Robin estava ficando impaciente. Seus amigos não chegavam e Finney estava demorando muito.

Ele resolveu voltar para dentro da escola e ir atrás de Finney como havia dito que faria.

Mas seu comportamento se demonstrou desnecessário quando avistou Finney de longe. A animação surgiu e Robin acenou com o braço bem erguido, atraindo a atenção de Finney.

— Finney, você demorou! - Quando Robin chegou perto, ele reclamou e cruzou os braços.

O semblante de Finney demonstrava cansaço, frustração e um pouco de tristeza.

Robin arqueou a sobrancelha. Quando havia chegado na escola, seu amigo não estava assim.

Teria alguma coisa acontecido durante o tempo em que esteve na entrada? Merda, sabia que deveria ter insistido.

— Ah, sim, eu... - Finney encarou o chão e brincou com os dedos.

Robin cansou de apenas observar e decidiu perguntar diretamente para saciar suas dúvidas.

— Aconteceu alguma coisa? Você tá estranho.

Aquelas palavras ativaram um estranho mecanismo de segurança em Finney, que levantou o rosto e cerrou os punhos. Robin arregalou os olhos e se calou ao ver as sobrancelhas alheias completamente franzidas e os olhos, semicerrados.

— Eu tenho direito de demorar o quanto eu quiser. - Um tom rígido se apoderou da voz de Finney. — E você não tem nada a ver com isso.

Aquela era a primeira vez que Robin ouvia palavras grosseiras de Finney seriamente - a grosseria só acontecia quando brincavam um com o outro.

O choque que lhe atingiu foi tanto que ele nem respondeu; apenas ficou estático, encarando Finney como se isso fosse lhe dar respostas.

A tensão silenciosa que pairava entre os dois toda vez que se encontravam antigamente havia sido retirada com a proximidade que eles haviam estabelecido nos últimos dias. No entanto, todos os avanços pareceram regredir naquele momento.

Não, Robin estava se precipitando. Finney podia estar apenas em um dia ruim, afinal, nem todos os dias eram bons.

— Desculpa, eu não queria te irritar. - Robin coçou a nuca e soltou um riso constrangido.

Finney lhe encarou com a mesma expressão, não moveu nenhum centímetro.

Robin engoliu em seco, sentindo-se patético por temer aquela expressão. Logo ele, que dizia não ter medo de nada?

Não, era diferente, Robin não estava com medo de Finney ou do que ele poderia fazer. Ele...

Ele estava com medo de ter o aborrecido e despertado sua raiva. Por alguma razão, Robin não queria que Finney ficasse com raiva de si.

— Eu...

— Quer saber? Deixa. - Finney deu de ombros, mas seu rosto não mudou. — Eu vou indo.

Robin arregalou os olhos.

— Mas os menin-

— Eu. Vou. Indo.

Antes que Robin pudesse sequer processar a situação e impedi-la, Finney saiu correndo.

Ele chegou a abrir a boca para dizer mais alguma coisa, mas de nada adiantou. No fim, Finney escorregou de suas mãos sem que percebesse.

O que estava acontecendo? Por que Finney tinha agido daquela forma tão repentinamente?

Deveria ser só um dia ruim, Robin estava tentando se convencer. Só podia ser. Ele não tinha feito nada de errado, na verdade, poderia dizer que fez coisas mais do que certas.

Príncipe Charmoso - REESCRITAOnde histórias criam vida. Descubra agora