Dez

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Robin quase, muito quase, extremamente quase, segurou a mão de Finney Blake.

O que estava acontecendo? Talvez estivesse muito cansado.

— É... - Finney lhe chamou quando entraram na sala. O trio do horror ainda não tinha chegado. — Você tem certeza de que quer estudar hoje, certo? Eu não ligo se você preferir dormir.

— Está fugindo da responsabilidade? - Robin riu e zombou do outro garoto, que corou e balançou a cabeça desesperadamente.

— Não, eu só... - Finney foi interrompido por seu próprio gemido de surpresa, devido ao puxão que Robin deu até uma mesa livre.

— Então, pronto. - O garoto se sentou e puxou a cadeira para que Finney também se sentasse.

— Robin... - Murmurou, sentando-se ao lado do... Colega? — Olha, já que é assim, acredito que é meu dever te avisar.

Robin piscou seus olhos lentamente e franziu a sobrancelha, aguardando as palavras alheias. Finney parecia desconfortável e ajeitava sua respiração para que continuasse sua fala.

— Tem três garotos aqui na sala que... Hum, gostam de fazer algumas brincadeiras. Uma delas é jogar bolinhas de papel, então, talvez, você seja acertado.

Robin sabia exatamente quem eram os "três garotos" e também sabia que a preocupação de Finney era desnecessária, pois, no dia anterior, havia passado um recado importantíssimo para o trio. Mas, claro, Finney desconhecia essa informação.

— Se eles valorizam a vida deles, eles não vão ousar jogar bolinhas de papel em mim. Se te acertarem, eu posso ir lá resolver.

Finney soltou um risinho e assentiu enquanto brincava com os dedos. Ele estava muito mais confortável do que o normal, considerando que antes existia uma tensão entre ele e Robin.

— Se for assim, então acho que está tudo bem. Mas não precisa se meter em encrenca se me acertarem. Estou acostumado.

Robin corou fortemente e arregalou os olhos. Ele havia oferecido ajuda? Não, era pior, havia declarado que ajudaria e defenderia o outro garoto.

Por que havia dito aquilo? Merda, merda, merda!

Interrompendo sua vergonha, o professor entrou, sendo seguido por alguns alunos que se atrasaram, inclusive aquele trio.

Para sua falta de surpresa, não ousaram olhar em sua direção. Aparentemente tinham entendido o recado.

Apesar disso, Finney parecia um pouco ansioso. Seus dedos tamborilavam a mesa de madeira, procurando um conforto que não conseguia encontrar ali. Chegava a ser estranho, pois ele estava muito tranquilo minutos antes.

Foi por essa razão que Robin levou a sua mão até a do outro garoto, pegando-a gentilmente e fazendo-a parar de tamborilar.

Finney lhe encarou com os olhos arregalados e os lábios tremendo uns nos outros, como se estivesse tentando falar algo, mas não encontrava as palavras certas.

— Finney? - Robin chamou, embora já estivesse com a atenção de Finney em si pelo gesto que tinha feito. O outro estava com as bochechas um pouco avermelhadas. — Está tudo bem?

— Está. - Assentiu. — Só... Não sei, deixe para lá. A aula de hoje será em dupla.

— Que bom, então. Achei que teríamos que ficar sussurrando um para o outro.

— É, só que-

— SILÊNCIO, TURMA! - O professor de cabelos louros esbranquiçados gritou, interrompendo Finney e atiçando ainda mais a curiosidade de Robin. — Como combinado na última aula, agora que finalizamos o conteúdo da próxima prova, vocês podem fazer a lista da exercícios no final da apostila em duplas.

Príncipe Charmoso - REESCRITAOnde histórias criam vida. Descubra agora