Finney se sentia tão esgotado e mal que, se pudesse, estaria chorando em seu travesseiro nesse exato momento até que pegasse no sono e acordasse apenas na semana seguinte.
— Parece que nossa bichinha fez um bom trabalho. - Tyler gargalhou e colocou sua mão pesada sobre seu ombro.
Finney estava no meio do quarteto andando cabisbaixo, com punhos e dentes cerrados, e segurando toda sua vontade de surtar durante o intervalo.
Havia lhe sido pedido mais cedo que se afastasse de Vance e de Robin, mas Finney decidiu se afastar de todos por completo. Bruce foi um deles.
Em um dia normal, Finney teria sido incapaz de sequer ignorar a gentileza de Bruce, seu sorriso e sua confusão. Ele era um ótimo amigo e não merecia suas ofensas.
No entanto, Finney estava magoado por Bruce ter desconfiado de si no dia anterior. O olhar alheio de choque e decepção havia lhe destruído, mesmo que momentaneamente.
Talvez fosse por isso que Finney não tivesse conseguido agir verdadeiramente grosseiro com Robin. Ele havia sido o único que não desacreditou de si nem mesmo por um instante.
— Qual cor você quer, boneca? - Rev riu e lhe trouxe de volta à realidade, dando um tapinha em seu ombro — A sua cor favorita, rosinha, já está com você. Quer a roxinha?
A cor favorita de Finney era azul, mas isso não era interessante para o quarteto, afinal, o ápice do humor ali era insinuar de todas as formas que Finney era homossexual.
Ele não conseguia entender como isso podia ser engraçado para alguém. Além disso, por que era considerado homossexual?
Era feminino? Não, Finney se vestia como qualquer outro garoto. Agia de forma suspeita? Não, ele também se comportava igual aos outros.
Talvez fosse bonitinho demais? Algo assim, Finney não sabia.
— Com certeza, ele quer. - Rick se juntou à piada. — Mas não é só isso que podemos deixar roxo.
Finney engoliu em seco, pois sabia que Rick estava se referindo aos machucados que iria ter no fim daquele dia.
Era irônico como ainda não tinha saído correndo na maior velocidade que podia atingir apenas para evitar alguns socos. Como simples canetas podiam lhe prender?
O lugar em que Finney se sentia pertencente era um buraco profundo e escuro em que poderia chorar sozinho.
— Qualquer caneta serve. - Finney afirmou, hesitante. — Eu fiz o que vocês pediram e vocês já deixaram minha bochecha roxa. Deus e o mundo já sabem que eu apanhei.
Os garotos se entreolharam e riram em deboche de suas palavras. Finney ficou confuso e procurou qualquer coisa que pudesse ter dito e causado um efeito humorístico.
Não conseguiu encontrar, mas talvez fosse porque ele sozinho já era motivo de piada.
— Só a bochecha não é o suficiente, Finney. - Seu nome não soou bem na voz de Davis. — Que tal resolvermos isso no banheiro?
Depois que Davis começou a andar com aquele trio, ele percebeu que o banheiro era o melhor lugar para cometer suas atrocidades. Antes as cometia em público, sem ligar muito para os professores, mas agora havia descoberto uma estratégia para não ser pego.
Finney não sabia como o garoto insuportável desconhecia que banheiros eram o local perfeito para espancar alguém; os professores tinham um banheiro próprio, então quase nunca iam aos sanitários designados aos alunos.
No primeiro dia de aula, havia sido um milagre que dois professores tivessem flagrado a cena de agressão contra Finney.
— Banheiro? - O garoto indagou, desanimado. — De novo?
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Príncipe Charmoso - REESCRITA
Fiksi Penggemar"Você faz parecer como se eu fosse uma princesa em perigo." "Isso faz de mim seu príncipe charmoso?" ou Robin e Finney realmente se desgostam, sequer se encaram nos corredores. Até que, um dia, Robin é obrigado a limpar uma sala com três garotos: Ri...