Oito

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Por que Robin estava sorrindo? Que ridículo.

O que Finney Blake tinha feito para que lhe fizesse sorrir? Tinha que parar com isso! Merda.

Para a sorte de Robin, Griffin estava focado demais na borboleta e Vance estava desinteressado demais em seu rosto. Seria um caos explicar o porquê estava sorrindo - afinal, também desconhecia a razão.

— Agora que eles foram embora, podemos ir atrás da borboleta? - Griffin perguntou, puxando o braço de Vance.

— Claro que sim. Eu vou pegar aquela borboleta pra' você. - Vance sorriu.

— Não, Vance! Você vai machucá-la. Deixe-a voar.

Ainda bem MESMO que nenhum de seus amigos tinha notado a sua cara de palhaço. Robin mal podia imaginar as piadas infinitas que Vance faria em seu ouvido enquanto Griffin lhe olharia confuso e faria perguntas desconcertantes.

Um suspiro saiu de seus lábios antes de se recompor.

— Antes de vocês irem, se despeçam de mim. - Indignou-se. — Quanta falta de educação.

— Tchau, Robin. - Griffin o abraçou gentilmente. 

— Você não merece meu tchau. - Vance deu de ombros. — Vamos, Griffin. Sobe aqui nas minhas costas.

Em um piscar de olhos, Robin estava sozinho na entrada da escola enquanto via Vance sair correndo com Griffin nas costas.

Por que Vance era tão idiota com ele, mas com Griffin era tão gentil? Robin revirou os olhos. Isso se não considerasse a interação de Vance com Bruce Yamada. O tal garoto mal tinha chegado e já era tratado melhor do que Robin? Por que Vance era tão babaca consigo?

Talvez fosse aquele o preço a se pagar por ser tão estressado quanto Vance. Às vezes, negativo com negativo não dava positivo.

Robin entrou na escola novamente, bufando de frustração. Não podia ir embora e almoçar, ainda tinha que terminar de limpar aquela sala maldita.

E limpar a sala remetia ao trio que iria junto. E o trio remetia a Finney Blake. E Finney Blake remetia ao fato de que Robin estava enlouquecendo e querendo ameaçar três pessoas que nunca lhe fizeram nada, porém estragavam a vida de um conhecido seu que nem era sequer próximo.

Robin não tinha nenhum amigo para lhe avisar o quão esquisito era isso? O pior era que estava sorrindo para Finney há pouco.

Quando o outro garoto disse "até amanhã", Robin quase desmoronou. Ele nem sabia que voltaria a falar com Finney depois desse dia. Na teoria, o garoto Blake tentaria lhe ensinar matemática durante a aula, mas ele podia simplesmente esquecer ou não querer mais retribuir.

Balançou a cabeça para dispersar os pensamentos. Não importava, Robin tinha trabalho a fazer. E, aparentemente, três pessoas para ameaçar.

××××

— Vocês terminaram aí? - Robin perguntou, franzindo a sobrancelha e deixando a vassoura de lado. Finalmente tinha acabado sua parte.

O trio, que estava no fundo da sala, tinha ficado encarregado de limpar o restante das mesas. Mas pareciam não ouvir Robin.

O garoto suspirou. Estavam desconcentrados e conversando de novo.

— E então, eu consegui mais um ponto. Só que o maldito do Vance Hopper chegou e...

Robin segurou a vontade de rir. Seu amigo conseguia a habilidade de ser odiado por todos os grupos sociais existentes; talvez fosse a única coisa em comum entre eles.

Príncipe Charmoso - REESCRITAOnde histórias criam vida. Descubra agora