Vinte e dois

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Alerta de gatilho: apenas o comecinho de uma crise de pânico.

××××

— Meu Deus, Finney!

Finney suspirou ao chegar em seu quarto e ser surpreendido por Gwen.

Por alguma razão do destino, ela tinha ido buscar alguma coisa ali e deu de cara consigo. Nem houve tempo para Finney esconder o rosto e, consequentemente, os hematomas.

— Olha esse hematoma aqui! - Gwen apontou e tocou no rosto do irmão, que gemeu de dor com o contato. — Tem mais um... Eles estão mexendo com você, não estão?

Não era necessário nomes para que Finney soubesse de quem Gwen estava falando.

— Foi um... - Finney procurou uma desculpa, mas a sobrancelha arqueada e a postura erguida de sua irmã lhe pressionavam demais. — Eu... Caí?

Que ridículo, nem mesmo Bruce, que era muito lerdo e ingênuo, acreditaria em suas palavras.

— Você já foi melhor nisso. - Gwen cruzou os braços. — Eu não vou sair daqui enquanto você não contar!

Finney ignorou a irmã e adentrou seu quarto, largando a mochila em qualquer lugar do chão e caindo de costas na cama. Sentia-se tão cansado e desgastado, seu desenho quase foi rasgado bem na frente de seus olhos.

Para sua sorte, Robin apareceu para lhe salvar. Finney corou e colocou as mãos no rosto.

Ele sabia que teria que pagar pelas ações alheias no dia seguinte, mas não poderia se importar menos. A única demonstração de admiração que estava recebendo teria sido destruída se seu amigo não tivesse aparecido.

Ao menos, Finney esperava que pudesse considerar Robin um amigo.

— Pare de me ignorar, Finney! - Gwen estava uma pilha de nervos. Finney conseguia ver que ela queria gritar e jogar seu corpo pela janela. — Eu vou te sufocar com esse travesseiro.

— Quê? - Finney perguntou em choque. — Que porra é essa?

— Isso mesmo que você ouviu!

Ele revirou os olhos e refletiu um pouco. Não fazia mal desabafar com sua irmã, mesmo que um pouco, certo? Tinha a deixado no escuro por tempo demais.

Era difícil, mas Finney sabia que, se fosse Gwen fazendo isso consigo, ele também enlouqueceria de preocupação.

— Tá, olha - Finney começou, sentando-se. — Eles pegaram um negócio importante de um amigo meu e estão me ameaçando.

Gwen abriu a boca para xingar os motivos da conversa, fazer perguntas e reclamações, mas Finney levantou o dedo indicador para impedi-la e prosseguiu.

— Eu não ligaria, mas... É importante pra mim também.

Aquilo era meia-verdade. As canetas de Griffin não eram importantes para si e o garoto não era tão próximo, mas Robin provavelmente estava desesperado e Finney queria protegê-lo de sua vida caótica.

Além disso, ele não era babaca de deixar os idiotas envolverem outras pessoas por sua causa. Finney estava sendo levado por um senso de justiça e uma vontade absurda de agradar a Robin.

Ele não conseguia entender a razão; antes das férias, odiava Robin - ou desgostava, tanto faz - e, agora, estava aceitando sofrer por ele.

O mundo era muito irônico às vezes.

Gwen mordeu o lábio por um tempo com os olhos semicerrados. Observando direito, Finney percebeu que ela segurava algumas lágrimas.

Naquele momento, uma dor imensurável atingiu Finney, especificamente em seu peito, e envolveu seu coração emocional. Ele tinha feito sua irmãzinha, que tanto amava, chorar.

Príncipe Charmoso - REESCRITAOnde histórias criam vida. Descubra agora