Sete

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Finney sentia-se tão quente que poderia explodir, mas o termômetro havia lhe dito que não era culpa da febre. Então por que estava com essa sensação de calor?

Gentilmente, ele bateu na porta da sala e pediu licença para entrar. Um sorriso preencheu seus lábios ao ver que Bruce havia pegado seu material por si.

Por alguma razão, o professor ainda não havia chegado à sala, então a turma estava eufórica. Finney se sentiu um pouco idiota por ter tido a educação de bater e pedir licença sendo que não havia ninguém para autorizar sua entrada.

Rapidamente, o garoto atravessou a sala e se sentou ao lado de Bruce.

— Onde é que você estava? - Bruce começou a fazer um pequeno escândalo. — Eu rodei essa escola inteira. Você disse que iria me esperar!

Finney estava tentando ignorar os olhares à volta - que lhe encaravam devido ao atraso - para poder também ignorar a vergonha que estava sentindo. Era muito constrangedor chegar atrasado.

Além disso, seu nervosismo atacou mais uma vez quando percebeu que não tinha uma boa resposta a dar para Bruce. Maldita hora em que prometeu esperá-lo; Finney não iria confessar que estava ocupado demais sendo perseguido para que pudesse aguardar pacientemente.

— Eu tive que... que... bem, eu tive que fazer...

— Não comece com desculpinhas. A verdade.

Finney suspirou e procurou uma solução rápida em sua mente. Pensou em adiar a conversa deixando que outra pessoa dissesse onde estava.

— Pergunte ao Billy, ele sempre sabe da vida alheia, tá'?

E, mais uma vez naquela semana, uma mão pousou sobre o ombro de Finney enquanto seu dono começava a falar.

— Também sei quando me chamam. - Billy surgiu por trás dos dois amigos, que quase pularam de suas cadeiras.

Por que toda vez que aquele maldito jornaleiro aparecia tinha que ser dando um susto? Finney ofegou e revirou os olhos.

— Misericórdia. - Bruce colocou a mão no peito.

— Oi, Billy. Oi. - Finney bufou, colocando a mão no rosto e lentamente apagando todo o susto de seu rosto. — Estávamos falando de você agora, acredita?

Billy riu enquanto puxava uma cadeira para se sentar ao lado de Finney.

— Eu sei. Estou aqui por causa disso.

— Não diga-

— Billy, desde quando você estuda na mesma sala que a gente no período de história? - Bruce perguntou e interrompeu seu amigo, sem se lembrar da presença do menino nas últimas aulas.

— Desde sempre. Eu só fico quieto no meu canto. - Estava totalmente relaxado, como se soubesse que conseguia apagar sua presença em um piscar de olhos. — Enfim, Bruce, o que você quer saber?

— Aonde o Finn estava no recreio.

De volta ao assunto que Finney não queria entrar. Ele não tinha reparado, ao levar um susto, que Billy poderia dizer ali e agora o que estava fazendo durante o intervalo - claro, se ele soubesse.

Finney sabia que era inútil, mas, mesmo assim, tentou mais uma vez encarar Billy com sua expressão melancólica para implorar por piedade - normalmente utilizava quando realmente não queria apanhar, mas, naquele momento, usava para que Billy calasse a boca.

— Bruce, você está pedindo demais. - Billy bufou. Finney deu um suspiro de alívio enorme. — Eu estava com meu informante.

Toda vez que Billy citava o "informante", despertava curiosidade em Finney; queria saber quem era o maldito que havia explanado para Billy sobre o primeiro dia de aula, mas não se atrevia a perguntar.

Príncipe Charmoso - REESCRITAOnde histórias criam vida. Descubra agora