Capítulo 5

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Vegas

Porra.

Porra.

Não acredito no que acabei de fazer.O que deu na minha cabeça?

Finjo olhar para as telas, mas, na verdade, só estou tentando colocar as ideias no lugar.

Gostoso.

Acabei de dizer que Pete, o meu protegido, é gostoso. Não que ele não seja, porque ele é, mesmo coberto dos pés à cabeça com aquele moletom ridículo. Ainda assim, é o tipo de comentário que se esperaria do Kinn, não de mim.

Falam que sou de gelo e não é à toa.Não deixo minhas emoções levarem o melhor de mim.
Nunca.Não levo nada na brincadeira. E, principalmente, não fodo em serviço, mas este homem … consegue me desestabilizar, só de estar perto de mim, desde que vi sua foto.

Seus olhos…

Que caralho!

Preciso resolver esta merda. Pedir desculpas pela forma como falei, é um começo, ou talvez, seja melhor deixar esta merda para lá e manter uma distância segura dele. Sim, é um bom plano.

Meu celular vibra com uma nova mensagem.

Perfeito!

Parece que a distância terá que ficar para depois.Volto para a cozinha e o encontro guardando as coisas na geladeira.

— Pete. — Passo as mãos pelo cabelo, de repente, nervoso, como um fodido adolescente. Seus grandes olhos estão em mim e, porra, eu quis dizer cada palavra. — Sobre agora há pouco, peço desculpas, foi impróprio.

— Você mentiu?

— Porra, não.

— Então, não precisa se desculpar — diz num sopro de voz. — Foi bom… ser… elogiado.

Oh, merda, o homem não faz ideia do quanto é lindo.Pigarreio, decidido a mudar de assunto, antes que eu fale demais, de novo.

— Suas roupas chegaram, o que acha de irmos buscá-las e assim te mostro o lugar.

— Sim, por favor. Não vejo a hora de tirar isso — exclama animado e minha mente suja começa a trabalhar.Caminhamos lado a lado por cerca de dez minutos.Poderíamos ter ido de carro, mas está um dia tão gostoso, que não parecia certo.

A empolgação dele a cada metro valeu a caminhada sob o sol.

— Posso ir depois ver as plantações?

— Desde que você não saia daqui ou entre em contato com o exterior, você é livre para fazer o que bem entender.

Morde os lábios e então dá um sorriso tímido.
Estou fodido.Paramos em frente à pequena casa mais ao norte.Val e Marie moram aqui, desde que me conheço por gente. Um casal na faixa dos sessenta anos, mas com uma disposição de fazer inveja a muito moleque.Os filhos criados ganharam o mundo, mas eles continuaram aqui e eu só posso agradecer.Sem eles, eu já teria vendido o sítio.

— Pete, estes são Val e Marie, se você quiser saber algo sobre as plantações não vai encontrar alguém que saiba mais na região.

— Muito prazer, Pete.

— O prazer é nosso, Pete. Por favor, entrem. Suas coisas estão na sala e eu já separei um bocado que kimchi para vocês.

Meia hora depois, saímos com a sacola de roupas e vários potes de comida.

— Parece que só teremos que nos preocupar com a sobremesa. Comida tem para dias — comenta na volta.

Apenas aceno concordando.Não sou homem de muitas palavras.Pete percebe e o resto do trajeto é feito em silêncio.

Strong : VegasPete (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora