Capítulo 8

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Pete

Só quando tranco a porta, deixo o choro vir, escorrego até o chão e fico ali encolhido, deixando tudo sair de mim. Toda angústia, todo medo… tensão. Absolutamente tudo.

Acabou!

Estou em casa.

Sozinho.A missão dele terminou.Eu era apenas isso, uma tarefa dentre tantas que ele recebe. Não estou bravo… de forma alguma, Vegas cumpriu com seu papel.Acolheu-me no seu esconderijo e me protegeu.Graças a ele, conheci pessoas maravilhosas, que ficarão para sempre na minha lembrança. Ainda bem que consegui me despedir de Val e Marie, e não posso esquecer do Otto e Werner. Dos primeiros, ganhei um abraço forte que quase me fez chorar, além de algumas garrafas de vinho e uma geleia especial feita pela própria Marie. Dos últimos, um monte de lambidas.

Deus, vou sentir falta deles.

Em especial, do homem fechado de incríveis olhos escuros, que com seu jeitão sério e protetor me encantou e despertou um lado meu que estava há anos adormecido, por mais louco que isso possa ser. A tensão que eu senti só de ficar próximo dele, é algo que nunca experimentei, nem mesmo quando meu casamento ainda funcionava.Será que algum dia deu certo?Não sei quantos minutos fiquei no chão, apenas olhando o vazio.Forço-me a ficar em pé, há muito a ser feito. Depois de confirmar que a porta da área de serviço está fechada, me sinto confiante para explorar minha casa.É até engraçado… tudo parece tão diferente daquela manhã. Era para ser mais um dia de trabalho, mas tudo mudou. Eu mudei.

Vai ficar tudo bem, Pete.

Vou para cozinha que é um dos meus lugares preferidos na casa, uma espiada na geladeira confirma minhas suspeitas. Há muita coisa para jogar fora e uma ida ao mercado é uma boa pedida, mas a mera ideia de sair já me deixa nervoso.Ocupo minha cabeça com uma faxina. Fora a geladeira que tinha algumas coisas estragadas, o resto da casa está em ordem. Quando não há mais o que limpar, resolvo ligar para minha mãe.

— Oi, mãe.

— Pete, até que enfim. Eu já estava falando para o seu pai que tinha alguma coisa errada. Posso saber por que não retornou minhas mensagens?
— dispara a falar como eu já esperava.

— Posso explicar — começo, mas ela continua:

— É bom que tenha alguma boa explicação. Não basta não vir nos visitar, agora nem atende ao telefone.

Respiro fundo, pensando por onde começar.

— Testemunhei um assassinato — solto, fazendo com que se cale, provavelmente em choque.

Pelos próximos trinta minutos, conto tudo o que aconteceu, exceto a parte da própria polícia estar passando informações para os bandidos. Isso seria demais, mesmo para minha mãe. Ela ficaria desesperada e tem mais de sessenta anos. Além disso, não quero que venha me visitar ou fique insistindo para eu ir passar uns dias na sua casa.Eu preciso voltar para minha rotina.

— Tem certeza que não quer vir nos visitar, querido?

— Tenho mãe. Preciso voltar a trabalhar. Vou ligar agora no tribunal e ver como estão as coisas.

— Estou preocupada com você, Pete.
É estranho ver minha mãe assim. Ela realmente ficou assustada.

— Não fique… — Está tudo bem. Já estou de volta.

— Me ligue todos os dias, ok? De manhã e de noite. Se você não ligar, eu chamo a polícia.Minha mãe deve estar vendo muita novela ou série policial.

— Mãe, vou ficar bem, ok? Não se preocupe. Preciso desligar. Desculpe, não ter contado antes, mas… era para sua segurança e do papai.

— Ok, querido. Fique bem. — Respira fundo e consigo escutar meu pai falando ao fundo. — Nós te amamos, querido— complementa do nada e tenho que morder os lábios para não chorar.Caramba, estou muito chorão.

Strong : VegasPete (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora