Strong : VegasPete (Finalizada)

Capítulo 9

Vegas

Fiquei três dias fora.Consultoria na segurança de um político influente em Berlim que vem recebendo algumas ameaças.Tudo indica que é um amador, mas somos pagos para apontar todas as deficiências, os pontos de melhoria, desde infraestrutura, rotas utilizadas, até a equipe, que o acompanha de perto, vinte e quatro horas, sete dias por semana.

Meu relatório já está com Kinn.

Nunca tive problemas em estar fora, mas, porra, se as últimas setenta e duas horas não demoraram para passar.Só conseguia pensar nele.

Pete.

Ele não sai da minha cabeça. Não sei mais o que fazer.É um caralho, pois está afetando meu trabalho, algo que nunca aconteceu.
Faz trinta dias que a deixei na porta da sua casa…Trinta dias que tenho monitorado de perto sua rotina, e vejo a forma assustada como ele olha ao redor quando caminha para o serviço.
Trinta fodidos dias em que eu me seguro para não ir até ele.

É melhor assim…

Ele está tocando sua vida, e eu deveria fazer o mesmo. Mas ao contrário, pedi justo para o puto do Max dar um pulo até lá e checar como estão as coisas e, de quebra, levar as coisas que ele esqueceu no carro.

Estou enlouquecendo.Deveria ter ido eu mesmo, mas porra…Se já está difícil esquecer  sem voltar a estar perto dele, me aproximar é merda na certa.

— Hey, V. Achei que ia tirar o dia de folga — Kinn comenta ao me ver caminhando em direção ao estande de tiros.

— Hey, cara — bato meu punho contra o seu —, vim adiantar a papelada e agora vou praticar um pouco para não enferrujar.

— Como se você precisasse — brinca.

— Vamos lá? Cinquenta metros, três rounds de disparos?

— É tentador, mas tenho uma reunião com um pessoal da BND.

— Foda… — sibilo.

Se os envolve, só pode ser uma coisa, problema dos grandes.Espionagem ou terrorismo, eu chutaria.

— Se precisar de algo, estou às ordens.
— Por enquanto, estou cego.  Assim que tiver uma ideia do que se trata e nosso papel, vou chamar o time pra sala de guerra.Aceno em concordância e retomo minha caminhada.

— Vegas — Kinn chama e paro no local. — Andreas me ligou — começa, atraindo minha atenção. — Sinto muito sobre Felix… e a forma como a missão acabou. Sei o quanto você odeia quando foge ao planejado.

Meu irmão me conhece bem.Metódico pra caralho: culpado.

— O memorial dele foi na última sexta — aponto, lembrando com tristeza do evento.
Foda… o cara deixou mulher e filhos.Foi trabalhar e não voltou.

— Andreas me garantiu que não deixará de investigar. É pessoal.

— Imagino que sim. Se precisar de algo, me avise, cara. Agora vá descansar, isso é uma ordem — frisa a última frase e se alguém de fora do nosso círculo escutar, pode até pensar que ele é autoritário, nada mais absurdo.Kinn é o que mantém todos centrados e focados.É muito mais que um chefe e é por isso que as palavras me escapam.

— Algo não está fazendo sentido neste caso — disparo antes que ele se vire e vá embora.

— Como assim? Andreas disse que a missão acabou.

— Não sei explicar — começo, sabendo que ele me entenderá. — Os caras que invadiram minha casa, não são amadores. Eles não desapareceram do nada.