Capítulo 1

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Vegas

Dias atuais

O alarme marca cinco horas.Lá fora ainda está tudo escuro, mas me forço a levantar. Após uma hora de exercício, estou pingando e pronto para um banho. Posso não ser um jovem , mas o caralho se vou dar desculpa para os novatos me zoarem, estou na minha melhor forma.

Normalmente, eu iria direto para o trabalho, mas hoje não é um dia qualquer. Faz treze anos, mas às vezes parece que foi ontem.

Tan era uma amiga querida, o mais próximo que deixei alguém se aproximar do meu coração. Ela não merecia o que lhe aconteceu.

Nem fodendo.

Porra, só de pensar nisso, meu sangue ferve.
Se não fossem os caras e o trabalho, não sei o que teria sido. Por sorte, tinha acabado de entrar na policial especial o que manteve minha cabeça ocupada.

Missões não faltavam.

Comparado com os caras, sou o que entrou mais velho, mas antes disso era inviável. Meu pai precisava de mim, com seu falecimento, pude ir atrás dos meus próprios sonhos.

Ser policial.

Adorava o que fazia, gostava de patrulhar, mas ainda sentia que não era o bastante. O estande de tiro sempre foi o meu lugar preferido.Quando podia, praticava, me desafiava. Minha habilidade com armas não passou despercebida e o capitão sugeriu a inscrição para o time de elite. Foi o empurrão que eu precisava.

Aos vinte e cinco anos, concluí o treinamento.
Foi duro, nove meses intensos.Sangue, suor e lágrimas, não necessariamente nesta ordem.
Com minha mãe e meu irmão em Bangkok , não havia outras preocupações, vivia para o serviço.

Era sozinho, até conhecê-los.

Allan, Max e Kinn.

Os irmãos que a vida me deu. A família que escolhi.Ficamos os quatro na mesma unidade: atiradores de elite. Não poderia estar mais feliz, já que meter bala é comigo mesmo.

Deixo as lembranças de lado e termino de me trocar.As pessoas estão começando a sair para trabalhar quando estaciono minha Dodge Ram 1500 Rebel em frente ao cemitério.

Não sou religioso.

Acredito no bem e no mal e que há algo além da nossa compreensão, se isso é Deus, não sei, mas ano após ano, sempre que possível, venho até aqui, embora nunca saiba o que fazer.

— Hey, Tan. Sou eu de novo — digo depositando uma rosa branca sobre sua lápide.

Às vezes, só deixo a flor e saio, outras eu tento conversar, o que é louco, eu sei, mas de um jeito fodido, gosto de acreditar que ela escuta.

— Espero que esteja bem. Por aqui, tudo na mesma. Tenho trabalhado pra caralho. Kinn é um chefe dos infernos — brinco e só então lembro que não comentei a respeito. — Porra, não te falei, né?! Saí da polícia especial faz três anos, estou trabalhando com os caras. Tem sido bom, tô feliz.Se estivesse aqui, estaria, no mínimo, confusa, já que acompanhou de perto, meu esforço para entrar na unidade.Enfim, depois de dez anos lá, era hora de sair.O convite feito por Kinn veio no momento certo, além de ser tentador pra caralho.

Lidar com a politicagem dentro da unidade estava ficando cada vez mais difícil.Na iniciativa privada escolhemos nossas próprias missões. Não há cobrança por ir em jantares com almofadinhas, ou ficar puxando saco de algum político rezando para não cortarem o orçamento do próximo ano.Porra, não estávamos brincando de casinha ali.

A diferença entre um equipamento ultrapassado ou um colete de péssima qualidade, pode ser voltar para casa no final do dia, ou não.

Três anos depois de ter comprado a ideia do Kinn e me juntado à TSC, não poderia estar mais feliz.Continuo fodendo com os filhos da puta, ajudando as pessoas e sendo mais bem pago.
Ainda que a maioria dos clientes seja ricaços e pessoas com uma habilidade incrível de se colocar em situações perigosas, também fazemos muito trabalho pro bono, humanitário, para países do terceiro mundo, ou ainda organizações não governamentais.

Strong : VegasPete (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora