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A sala comunal está bem cheia com alunos do sexto ano, mas também tem alguns do quinto e do sétimo, sendo a maioria destes alunos da Grifinória. Todos estão animados, bebendo whisky de fogo - o favorito de Sirius -, hidromel e cervejas amanteigadas, fumando cigarros e ervas, fazendo brincadeiras e cantando a música que toca alto.

De fato, as festas de Sirius sempre são as mais animadas.

Meus olhos procuram alguém conhecido e o primeiro que encontro é James, virado de lado e conversando com alguém. Sorrio leve, aliviada por não estar completamente perdida. Apesar de conhecer a maioria das pessoas que estão aqui, eles não são meus amigos próximos.

Ao me aproximar, percebo como ele fala com Lily. Os dois sorriem muito enquanto conversam. 

Espero que fiquem juntos logo. 

Quando James e Lily estão perto um do outro, todos ao redor conseguem sentir as faíscas. Apesar das implicâncias e brincadeiras, eles se dão incrivelmente bem. Lily tira o melhor de meu irmão, e ele faz com que ela pareça cada vez mais viva. 

Como duas pessoas que se amam tanto não conseguem perceber seus sentimentos?

Decido não interrompê-los, então me afasto de fininho antes que possam me ver. Distraída com o casal (que ainda não se oficializou como casal), esbarro em alguém e viro rápido, já pronta pra pedir desculpas, mas relaxo ao ver que é o aniversariante. 

- Pensei que não viria. Não te vi o dia todo, Pontinhas. - Sirius sorri levemente com o olhar fixo no meu, parecendo realmente feliz ou até um pouco aliviado em me ver. Ele acaricia meu cabelo, e Merlin sabe o quanto odeio que mexam no meu cabelo, mas não ele. Ele pode mexer o quanto quiser. 

- Desculpe. Eu estava preparando seu presente. - estendo o pacote pra ele - Feliz aniversário, Sirius. 

Ele pega o pacote e sorri pra mim. Parece genuinamente feliz. 

Talvez não estivesse esperando que tudo fosse tão "normal" depois de ontem, mas o que eu faria? Pararia de falar com ele? Até parece. 

- Você sabe que não precisava. - o garoto fala e dá um beijo em minha bochecha, um pouco perto demais da minha boca. - Vem comigo no quarto? Quero abrí-lo direito e aqui tem muita gente e muito barulho. Além disso, quero falar com você. 

Concordo e sorrio leve, Sirius segura minha mão e permito que ele vá me levando até as escadas e, em seguida, até seu quarto. Quando entramos, Peter está deitado em sua cama encarando o teto. Sorrio leve pro garoto, que apenas desvia o olhar para Sirius. Ai, que frieza.

- O que estão fazendo aqui? - Pettigrew pergunta para Sirius.

- Qual foi, Rabicho? Esse quarto também é meu. - Black responde, sem se incomodar com a forma que o garoto fala. 

Peter revira seus olhos, irritado, e sai do quarto, nos deixando sós. 

- Uau... eu acho que ele não gosta muito de mim. 

- Todo mundo gosta de você, Alice. - Black fala e ri um pouco, depois se senta em sua cama. 

Permaneço em pé, olhando um pouco ao redor. As memórias mais frescas que tenho daqui vêm a tona e rio um pouquinho, lembrando da situação vergonhosa. Merlin, gostaria de esquecer a cena por mais de um motivo. 

Quando volto o olhar até Sirius, percebo como ele encara cada parte do meu corpo, subindo seu olhar lentamente pelas minhas pernas descobertas até que seu olhar chegue ao meu outra vez. Ele não faz questão nenhuma de disfarçar e nada daquilo me incomoda.

Por mais que ainda me cause arrepios, essa troca calorosa se tornou algo praticamente comum em nossas vidas. Mordo um pouco a boca, tentando afastar cada pensamento malicioso que se formou em minha mente. 

- Então, vai abrir o presente? - pergunto a Sirius, quebrando o clima que se formou em questão de segundos, mesmo que não tenhamos falado uma só palavra.

- Ah, é mesmo. - Black balança a cabeça, como se também estivesse afastando alguns pensamentos. 

Ele pega o pacote que lhe dei, mas antes de abrir, para e me olha. 

- Poderíamos falar sobre o que aconteceu ontem?

- Eu já pedi desculpa, Sirius... 

- Não, não é isso. Eu queria me explicar. - olho ele um pouco confusa e suspiro.

- Não tem que se explicar. Além do mais, você não fez nada de errado. 

- Eu sei que não, mas sinto que sim. - Sirius passa a mão em seus cabelos longos e balança a cabeça negativamente, mas volta o olhar pro meu - Eu sinto sua falta, Pontinhas. E depois de ontem, pode parecer que não, mas eu juro que é a verdade. 

- Como amiga ou como sexo? 

- Depois de tanto, ainda acha que eu só me importo com o sexo com você? Caralho, Alice - ele fala negando com sua cabeça, e até parece um pouco chateado. Sirius se levanta, aproximando-se de mim - Você não acreditaria se eu falasse como me sinto. 

- Tenta. 

- Você não me permite. E eu também não sei como. - ele dá um sorriso fraco e se afasta um pouco de mim. Sirius senta na cama outra vez, e finalmente volto a respirar. 

Eu sequer percebi quando prendi a respiração.

Sirius sorri ao ler meu bilhete e balança a cabeça negativamente, rindo um pouco.

- Engraçadinha.  

O garoto abre o pacote, tirando de dentro a tela e o lobinho. Observo como seus olhos se iluminam e ele sorri encantado, observando as duas partes de seu presente. Sem que eu perceba, também sorrio, observando sua reação. 

- Você gostou? - pergunto, apesar de já ter percebido que sim.

- É perfeito, meu bem. 

Borboletas.

- Você quem pintou e quem fez isso? - Sirius continua e me olha, então balanço a cabeça que sim. - Eu sabia que era artista, mas não sabia que era tão boa. Nunca me deixou ver nenhuma de suas telas.

Rio um pouquinho e balanço a cabeça, dou de ombros. 

- Não costumo mostrar pra ninguém. James é o único que vê. E também o único que tem interesse. 

- Não mais. Quando voltarmos pra sua casa no natal, quero ver. Combinado?

Sorrio e balanço a cabeça que sim. 

Sirius põe a tela em sua cabeceira, do lado do bilhete que fiz, e deixa o lobinho de crochê em cima da sua cama, perto do seu travesseiro. Ele levanta e vem até mim, abraçando meus ombros e deixando um beijo em minha testa, que fica na altura perfeita de sua boca já que ele é mais alto que eu. 

Abraço seu tronco apertado, com saudade. Afasto o rosto apenas o suficiente para poder olhá-lo, e ali trocamos um sorriso sincero. Um sorriso com mil sentimentos guardados que vem das duas partes. 

Mordo minha boca com um pouco de força, sem tirar o olhar do seu. Uma semana sem seu toque, sem sentir seu gosto, é como tortura. Observo como seus olhos descem até a minha boca e Sirius dá um leve suspiro, tentando resistir. Sua respiração passou a ficar mais tensa. Cada parte do meu corpo luta contra a vontade de beijá-lo.

Mas eu sou fraca. 

Subo na ponta dos meus pés para ficar mais próxima dele e me aproximo lentamente, começando um beijo calmo, que é imediatamente retribuído por Sirius. Nossas línguas se conversam com naturalidade e muito, muito calor, como sempre fizeram.

Black desce as suas mãos para a minha cintura, onde aperta com certa firmeza. 

Não importa o quão frio possa estar o clima, quando estou com Sirius, somos quentes.

Pontinhas | Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora