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O tempo tem passado rápido.

Já é final de março, o que significa que três meses se passaram desde que vi minha família e amigos pela última vez, no natal. Remus têm respondido minhas cartas com menos frequência, e agora nos falamos uma vez por mês. Marlie sumiu. James e Lily raramente escrevem, mas quando o fazem costumam dizer o quanto estão ocupados. Até Beatrice está mais ausente, sumindo quase todos os finais de semana. Ela diz que quer ficar com os pais, mas isso me parece esquisito.

Na verdade, tudo está estranho, e não saber exatamente o que está errado me deixa constantemente angustiada.

Barty tem sido a minha única salvação. Passamos muito tempo juntos, a maioria das vezes sozinhos, outras acompanhadas por Evan, Pandora e, raramente, Regulus. Eu não me sinto confortável na presença deste último, então evito ficar por perto quando ele está.

Eu não sei o que somos. Não houve pedido de namoro, mas conversamos sobre isso e nenhum de nós está saindo com mais ninguém. Somos ficantes? Argh, eu odeio isso. Rótulos.

Acaricio o cabelo de Barty enquanto encaro o lago negro. Minhas costas são apoiadas por uma árvore, enquanto o garoto tem sua cabeça deitada em meu colo.

- E você viu como ela saiu correndo da sala? Foi ridículo! - Evan comenta algo sobre uma garota do quinto ano, rindo.

- Claro que foi ridículo! O bicho papão é um não-ser idiota, mas ela é uma sangue-ruim, óbvio que sua magia daria errado. - Barty responde.

No mesmo instante, mudo a postura e olho o garoto séria.

- Não diga isso. - falo com firmeza.

Barty me olha um pouco assustado e fica em silêncio. Eu provavelmente deveria ter controlado o tom. Talvez seu espanto seja porque eu nunca falei algo do tipo, mas ele também não.

Já ouvi coisas assim de Evan, mas não dele.

Evan me olha e sorri, mas não é um sorriso sincero. É meio carregado de raiva.

- Claro. Santa Alice vai defender os nascidos trouxas. Raça medíocre do ca-

- O que foi, Rosier? - retruco afastando a cabeça de Barty do meu colo. - Te assusta que alguém sem magia herdada pelo sangue dos pais possa ser mais poderoso que você?

Evan avança em minha direção tirando a sua varinha e apontando-a para mim. Por mais que aquilo me assuste, não demonstro, apenas me levanto rápido do chão e seguro a minha varinha ainda sem tirá-la do bolso.

Antes que ele possa fazer algo, Bartemius se põe na sua frente e segura o garoto.

- Pare, Evan. - Barty diz em um tom autoritário.

O garoto loiro balança sua cabeça em negação e empurra meu namo... ficante, enquanto se afasta carregado de ódio. Ele respira fundo algumas vezes até se acalmar mais um pouco e guarda sua varinha.

- Sinto muito, Alice.

- Você não iria me amaldiçoar. - falo convicta.

Evan me olha e dá um sorriso.

- Não tenha tanta certeza. - o garoto responde, e sei que apesar da briga, ele está brincando. - E aliás, gostei de ver suas garras, ainda que sejam meio tímidas. Você ficaria saborosa como uma sonserina...

- Ei. - Barty fala rápido dando um leve soco no garoto, que ri se sentando outra vez. - Idiota.

Nego e rio um pouco, me sentando também com as costas apoiadas na árvore novamente.

Beatrice é a primeira pessoa que me vem na cabeça sempre que acontece algo do tipo. Ou Evan não percebeu ainda que ela é nascida trouxa, ou é muito, muito falso.

Pontinhas | Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora