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Nunca foi tão difícil acordar quanto hoje. Sento na cama, sentindo minha cabeça girar. Suspiro e esfrego o rosto, ainda com os olhos fechados, mas os abro quando escuto a porta do banheiro sendo aberta.

Beatrice sai dali soltando suas longas tranças e sorri ao me olhar ver que já acordei.

- Bom dia, Lilicinha. Está se sentindo tão ruim quanto aparenta?

- Provavelmente pior ainda - sorrio fraco e suspiro, esfrego o rosto - Não faço ideia de como cheguei aqui ontem.

- Você nunca esquece de nada quando está bêbada ou chapada...

- Eu sei. Passei da conta ontem. - sorrio sem graça, meio envergonhada. - Peguei Sirius na cama com outra.

Beatrice abre completamente sua boca, em choque. A cena me lembra o dia em que a garota foi na minha casa, durante as férias, e reagiu da mesma forma quando Black abriu a porta pra ela.

Entro no banheiro e tomo banho no chuveiro, enquanto Beatrice fica sentada na tampa do vaso, ouvindo toda a história de ontem, com todos os detalhes.

Inclusive a parte como, provavelmente, eu estava - e ainda estou - gostando de Sirius um pouco mais do que deveria.

Beatrice dá atenção a cada palavra que saiu de minha boca. Me enxugo e saio enrolada na toalha, indo até o quarto e me vestindo, enquanto Beatrice senta na minha cama.

- Então você quem disse que não tinha problema quando se beijaram, mas também foi você que quis terminar o que tinham?

- Sim... apesar de que não tínhamos nada sério.

- Tá, mas por que mudou de ideia? - Beatrice me pergunta, meio confusa.

- O meu bicho-papão, Bea. Nele eu consegui ver como seria caso James descobrisse. Isso mexeu com a minha cabeça mais do que eu gostaria.

Suspiro sentindo os olhos lacrimejarem, mas não permito que as lágrimas caiam. Chega de chorar e de ser fraca.

- Lilice... o bicho-papão não é real. James jamais falaria daquela forma com você, ele não te trataria assim.

Balanço a cabeça negativamente, mas não falo mais nada. Quando termino de me vestir, sento na cama.

- Eu já pensei nisso o suficiente.

- Tudo bem. - Beatrice fala um pouco sem ânimo. Geralmente, se eu estou triste, ela também fica um pouco mais desanimada. O mesmo ocorre comigo se ela estiver triste. - Vamos almoçar? Já perdemos o café da manhã.

- Não estou com fome, mas tenho alguns doces na minha gaveta. Se precisar como algum deles. Vou pintar uma tela para dar de presente a Sirius e aproveitar pra me desligar um pouco de tudo.

- Lilice, você realmente deveria comer algo...

- Não precisa, eu estou bem. - sorrio levinho pra ela - Se vir o James, pode avisá-lo que o encontro de noite? 

Beatrice concorda e dá um sorriso fraco, saindo do dormitório.

Levanto da cama e vou até a mesa da minha escrivaninha. Em uma das gavetas, guardo todas as minhas tintas. Tiro algumas de lá, não vou precisar de muitas cores. Pego alguns pincéis e uma das minhas últimas telas em branco. Não é muito grande, é quadrada e cada lado deve ter uns 20 centímetros, mas é o suficiente.

Me sento na grande janela de meu quarto e observo Hogwarts atrás da vidraça. Fecho os olhos e suspiro fundo, pensando um pouco.

Já sei o que vou pintar.

Abro os olhos e encaro a tela em branco, começo a pincelar, fazendo-a ganhar cor e forma.

Eu gostaria de dar algo melhor, algo tão significativo quanto a caneca que ele restaurou e me deu. Mantenho-a em minha cabeceira desde o meu aniversário.

Me sinto culpada pelo presente simples feito de última hora, então tento fazer o meu melhor. Por sorte, a minha arte é o presente mais pessoal que posso oferecer a alguém.

 Por sorte, a minha arte é o presente mais pessoal que posso oferecer a alguém

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Durante o restante do dia, não saí do meu quarto. 

Depois de terminar a tela, peguei algumas linhas de crochê e fiz um pequeno lobo, um pouco maior que minhas mãos. Além de me distrair, quero entregá-lo junto com a tela. 

Apesar de nunca ter visto Sirius em sua forma de animago, fiz o lobo todo preto. Acho que combina com ele. Black. Mesmo sendo um lobo, o boneco que fiz é muito fofinho. Espero que Sirius goste. 

Só quando olho pela vidraça da janela é que percebo que o sol já se pôs. A minha distração funcionou tanto que praticamente não senti o tempo passar e perdi completamente a noção da hora. Mas na verdade, não me importo se chegar um pouco atrasada, até porque essas festas assim nunca tem hora certa. 

Levanto da cama e vou até o banheiro, tomo um banho quentinho e demorado e saio ajeitando meu cabelo, que não molhei, já que ele está bonito hoje. Passo um pouco de maquiagem e visto minha roupa, ajustando-a no meu corpo. Por cima dela, coloco um casaco de couro que roubei das coisas de James. Que foi? Faz parte do papel de irmão mais velho.

Embalo a tela e o lobinho de crochê em um papel de embrulho e coloco um lacinho fofo. Junto ao laço, prendo um bilhete.

"Você sempre vai ser meu lobinho favorito
Cuidado pra não sair correndo atrás do próprio rabo, Totó
- Pontinhas"

Ao final do bilhete, faço um desenho bem simples da constelação de Sirius e desenho um coração logo ao lado. 

Junto a sacola, ajeito a jaqueta de couro mais uma vez e saio do quarto, indo até a sala comunal da Grifinória, onde aconteceria a festa de Black.

Junto a sacola, ajeito a jaqueta de couro mais uma vez e saio do quarto, indo até a sala comunal da Grifinória, onde aconteceria a festa de Black

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Pontinhas | Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora