Pontinhas | Sirius Black

38.

Não sei quanto tempo se passou desde que Beatrice saiu, mas suponho que não façam nem 20 minutos. Por isso, acho estranho quando escuto a porta do dormitório sendo aberta.

Antes mesmo de me virar para olhar a minha colega de quarto, sinto o forte cheiro de vinagre que toma conta do ar.

Quando olho para a porta, sorrio e rio um pouco ao ver Sirius, visivelmente molhado, entrando no cômodo.

- O que está fazendo aqui, Black? - pergunto enquanto ele tira sua jaqueta e passa a mão em seu cabelo levemente molhado. Sirius sorri pra mim.

- Beatrice falou que você não queria ir a Hogsmeade, então inventei uma desculpa e vim ficar com você.

Levanto de minha cama e vou até ele sorrindo, mas paro antes de ficarmos muito perto. Não quero ficar com cheiro de vinagre também.

- Conseguiu entrar na sala comunal sozinho?

- Sim, mas só depois de errar o barril duas vezes. - ele ri um pouco - Helga Lufa-Lufa foi meio maldosa ao criar esse mecanismo. Não é legal banhar alunos com vinagre.

Balanço a cabeça negativamente, sorrindo.

- Vou preparar um banho pra você, tá bem?

Sirius concorda e me segue até o banheiro, abrindo sua camisa de botões e tirando-a por completo, enquanto separo uma toalha limpa para ele e deixo a água do chuveiro esquentar até uma temperatura agradável.

Me afasto e olho ele, dando um leve sorriso.

- Vou deixar você à vontade. Precisa de roupas limpas? Posso buscar algo em seu dormitório.

- Não precisa. Obrigado, meu bem. - Sirius sorri pra mim. Ah, esse sorriso...

Saio do ambiente e fecho a porta atrás de mim, voltando em direção à minha cama. Antes que eu possa me afastar, Sirius abre a porta novamente e viro para olhar ele. Agora, Black só está vestindo sua roupa íntima.

- Hm... precisa de algo? - sorrio olhando ele e o garoto balança a cabeça indicando que sim.

- Que tal você tomar esse banho comigo? - Black dá um leve sorrisinho.

Rio um pouco inicialmente hesitando, mas acabo por concordar, me aproximando dele e tirando toda a minha roupa. Sirius tira a sua cueca e entra embaixo do chuveiro, me puxando com ele até que nossos corpos estejam bem próximos.

Já transamos diversas vezes e conhecemos cada centímetros de nossos corpos, mas esse tipo de intimidade é diferente. É a primeira vez que tomamos banho juntos, e eu espero que tenham muitas outras vezes como esta.

Abraço-o pelo seu pescoço e sorrio, acariciando sua nuca e seus cabelos, observando como a água escorre pelo seu rosto e corpo deixando que ele pareça ainda mais atraente. Eu poderia admirá-lo por horas.

Apenas depois de um tempo, quando levo meu olhar ao seu, é que percebo que Sirius faz o mesmo comigo.

Seu olhar me observa atentamente, enquanto um sorriso bobo se mantém em seu rosto.

Sirius acaricia meu cabelo, tirando de meu rosto uma mecha de fios molhados. Seu dedão permanece em minha bochecha, onde ele faz carícias.

- Você vai passar o natal com a minha família, não é? - pergunto olhando-o, acariciando seu rosto.

- Com certeza. Quero muito, Pontinhas. Além do mais, sua mãe já me mandou duas cartas só pra garantir que eu vou mesmo. - Sirius sorri, me olhando pertinho.

- Estou ansiosa pra ter você lá.

- Ah, é? Ainda falta uma semana inteira, meu bem. - ele beija minha bochecha, depois o outro lado, e finaliza me dando um selinho demorado, que retribuo e separo com um sorriso.

Acaricio levemente sua bochecha, encantada.

Após bons minutos de carícias, beijos e conversas sobre coisas fúteis, Sirius e eu nos secamos e vestimos apenas nossa roupa íntima.

Sirius deita em minha cama como se fosse a sua, claramente bem confortável. Rio um pouco e vou até ele, me deito também, deixando a cabeça em seu peitoral e relaxo completamente quando sinto-o acariciando meu cabelo e massageando leve o meu couro cabeludo.

Passo o dedo por todas as tatuagens em seu corpo, observando-as e acariciando Black levemente.

- Sirius... hoje eu ouvi um professor falando sobre a possibilidade de haver comensais da morte em Hogwarts.

Black permanece em silêncio por algum tempo, me puxa pra mais perto abraçando minha cintura.

- Acha que tem seguidores de Você-Sabe-Quem aqui? - o garoto me pergunta.

- Eu não sei... É uma acusação muito grave pra se fazer, não acha? - respondo e olho Sirius. Sua expressão relaxada havia sumido, e ele encara o vazio em silêncio por algum tempo.

- Sim, é. Mas vivemos tempos em que acusações assim precisam ser feitas, Alice. - Black finalmente me olha e dá um sorriso fraco, parecendo tentar me confortar - São tempos de guerra, tempos sombrios, meu bem. Eu te conheço bem e sei que você sempre tenta ver o melhor em todo mundo, mas não pode mais ser assim.

- Eu não sou assim...

- Você é, Lili. E a maior prova disso é que está aqui comigo agora. - Sirius dá um beijo em minha cabeça e acaricia meu rosto.

- Isso não quer dizer nada. Metade das garotas de Hogwarts dariam tudo para estar no meu lugar agora. - falo pra ele, segura do que estou dizendo.

- Ah, sim. E dos garotos também, na verdade. - Black dá de ombros, tão seguro do que está falando quanto eu, o que me faz sorrir um pouco - Mas porque eu sou bonito e irresistivelmente gostoso, Pontinhas. Não porque gostam da minha personalidade, muito menos acreditam que sou bonzinho.

- Mas você é incrível, qualquer um deveria querer você por perto.

- Mas você é uma das poucas pessoas que pensa isso. - Sirius acaricia meu rosto enquanto fala. Com um sorriso leve, seus olhos encaram os meus. - Alice, você saberia se proteger se fosse preciso? Saberia lutar?

Eu gostaria muito de dizer que sim. Gostaria de ser forte e ser capaz de batalhar. Mas eu não sou.

Então apenas balanço a cabeça negativamente.

- Você me perguntou mas já sabia a resposta. - falo a ele. Se nem eu acredito em meu potencial, por que outros acreditariam?

- Eu boto fé em você, Alice. Mas não adianta nada se você mesma não bota, não é?

- Não é uma questão de "botar fé", Black. Eu só tirei notas altas em defesa contra as artes das trevas porque você me ajudou.

Sirius balança a cabeça negativamente. Ele parece querer me falar mil coisas, mas não fala nada. Ao invés disso, me puxa pra si, me abraçando apertado e confortável, enquanto me encaixo em seu corpo como um perfeito quebra-cabeça.

- Eu te protegeria com minha vida se fosse preciso, Pontinhas.