19.

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Passei o resto do sábado inteiro no quarto. Tomei um banho frio e tentei fazer algumas magias de cura pra melhorar um pouco o ardor. Eu queria fazer uma poção ou pegar alguma pomada com a madame Pomfrey, mas não quero sair, não mesmo. 

Visto apenas um short confortável e um top, já que qualquer blusa faz o tecido roçar e incomoda.

Não foi uma queimadura grande. Não se formaram bolhas ou feridas abertas. Minha pele só ficou vermelha e sensível, com a sensação forte de ardor, mas melhorou um pouco depois do feitiço. Odeio aplicar feitiços em mim mesma, é desconfortável e estranho, mas eu precisava fazer alguma coisa pra melhorar logo.

Me deito em minha cama e abraço um travesseiro, logo fecho os olhos sentindo as lágrimas quentes escorrendo pela minha bochecha. Eu não sei porque Caroline fez aquilo, mas Sirius parecia saber. Eu sei que ela se arrependeu, ficou claro em seus olhos, mas eu estou tão chateada. Eu realmente queria conversar com ela, não gosto de ficar "brigada" com ninguém, mesmo que sejamos apenas conhecidas, com amigos em comum. Acho que agora não me sinto mais a vontade pra tentar entender e resolver. 

Olhando o pôr do sol pela janela, escuto a porta sendo aberta e me encolho um pouco mais agarrada no travesseiro, fechando meus olhos com força.

- Eu tô bem, Bea. 

- Eu sei que sim. - escuto a voz de James e o olho rápido, sentando na cama. Ele logo se aproxima de mim e senta no meu lado. Abraço-o apertado deixando meu rosto em seu peitoral, sinto as lágrimas caindo novamente. - Eu sinto muito, Lice. Posso conversar com McGonagall se você quiser. Ela pode resolver a situação rapidamente. - Ele fala enquanto acaricia meus ombros, dando um beijo em minha testa. Balanço a cabeça negativamente.

- Não quero que ela leve uma punição por minha causa, James.

- Alice, ela jogou café quente em você! Todo mundo ali viu que não foi um acidente. Aquela surtada machucou você de propósito. - ele fala com certa revolta em sua voz, mas já tomei a minha decisão.

- Não precisa. Por favor, não fale nada à Minerva ou a ninguém. 

James balança sua cabeça, sem gostar da minha resposta. Depois de um longo suspiro, ele afasta um pouco meu corpo do seu e dá um leve sorriso.

- Eu trouxe visita pra você. 

Olho ele um pouco confusa e ele se levanta, indo até a porta. Ao abri-la, um grupo de Grifinórios entra em meu quarto, seguidos de Beatrice, que com certeza foi quem abriu a passagem pra eles, já que nenhum cheira a vinagre. É isso que acontece quando erram a senha para entrar: um banho de vinagre de um dos barris.

Lily, Marlene, Sirius, Lupin e até mesmo Peter entram e se ajeitam pelo quarto, ficando a vontade sem precisar de cerimônia alguma. Lily e Marlene já estão familiarizadas com o ambiente, e logo se sentam na cama de Beatrice, junto com a garota. James também fica na cama de Beatrice, deitando-se com a cabeça no colo de Lilian, que logo começa a acariciar seu cabelo bagunçado. Peter se senta em um dos banquinhos perto da janela, um pouco mais afastado. Olho o garoto e lhe lanço um sorriso simpático, que ele retribui um pouco tímido. Remus e Sirius se sentam um de cada lado meu na cama, ao mesmo tempo, me fazendo balançar um pouco. Dou uma risadinha leve e olho os dois sorrindo bobinha. Como se tivessem combinado, cada um me dá um beijo em uma de minhas bochechas juntos, me fazendo sentir como o recheio de um sanduíche. Sorrio alegre olhando todos eles ali, me sentindo acolhida e amada. 

Lily me trouxe um sanduíche, batatinhas e alguns doces, e praticamente me obrigou a comer. Na verdade, eu estava morrendo de fome. Não iria dispensar mesmo se ela não me obrigasse. 

Conversamos por um bom tempo sobre as coisas mais aleatórias que pensamos. Instrumentos musicais trouxas, já que Marlene aprendeu a tocar guitarra e bateria sozinha. Bruxos que são animagos e que animal gostaríamos de ser - Sirius disse que gostaria de ser um grande cão preto, James disse que gostaria de ser um forte cervo. Lily ficou em dúvida, mas depois de pensar um pouco, disse que gostaria de ser uma corça, como seu patrono, e adoraria passar horas observando a floresta. Marlene respondeu rapidamente que gostaria de ser um tigre, e de fato combina muito com ela. Eu não faço ideia do que responder. Nunca pensei sobre isso. - Depois tivemos um debate sobre qual a melhor casa entre Lufa-Lufa e Grifinória. 

Nós rimos bastante quando estamos juntos, e todos os problemas de fora parecem sumir, mesmo que apenas por algumas horas. 

Enquanto o grupo discutia sobre os times de quadribol, me levanto pra ir até o banheiro. Chegando na porta, sinto uma mão na minha e me viro para olhá-lo. Sirius entrelaça seus dedos nos meus e acaricia minha mão levemente. 

- Eu trouxe algo pra você. Me distraí com as conversas e esqueci de te dar antes. - ele tira do bolso um potinho pequeno e redondo e me entrega. - É uma pomada da madame Pomfrey para queimaduras leves. Eu não contei a ela o que aconteceu, não se preocupe. Inventei uma história e saí de lá rápido para que ela não perguntasse nada.

Abro um sorriso quase involuntariamente, mas não tento esconder. Subo na ponta de meus pés e beijo sua bochecha, logo acaricio o local onde beijei.

- Obrigada, Sirius. Você é um amor.

Sua mão ainda não soltou a minha ou parou de acariciá-la. Naquele momento, eu queria que todos sumissem dali. Queria ficar sozinha com Sirius para poder beijar sua boca até perder todo o ar de meus pulmões, mas não posso. Black segura minha nuca e se aproxima, depositando um beijo carinhoso em minha cabeça, seguido de um leve sorriso. Quando ele vira pra voltar ao nosso grupo, seguro sua mão outra vez. 

- Espera. Posso fazer uma pergunta? 

- Claro. - ele põe as mãos no bolso e se aproxima um pouco de mim.

- Você sabe por quê Caroline fez isso, não sabe? A forma como você falou com ela lá... Você disse algo sobre mim pra ela?

Sirius dá uma pequena risadinha, em seguida olha ao redor e me olha outra vez. Se aproxima mais um pouco.

- Posso te falar sobre isso quando estivermos só nós dois?

Concordo com a cabeça e olho seu rosto. Ele tem um daqueles seus sorrisos travessos, e consigo facilmente dizer que Black aprontou alguma coisa. O garoto deposita mais um beijo na minha bochecha e se afasta, voltando pra minha cama. Vou até o banheiro passar a pomada que ele me deu e volto de encontro ao meu grupo. Quando sento na cama, Remus me puxa pra perto dele com cuidado e me ajeito deitando em seu peitoral.

Finjo não perceber, mas consigo sentir os olhos de Sirius me fuzilando, encarando cada parte em que a minha pele e Lupin se encostam. Devido a roupa que estou usando, não são poucas estas partes. 

Pontinhas | Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora