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Os domingos em Hogwarts têm sido bem tranquilos. Se aproxima cada vez mais do natal, então todos estão em um clima festivo, algres e descansando das provas.

A neve cai praticamente todos os dias, então saio do meu quarto bem agasalhada. Além da calça e camiseta de todos os dias, ponho botas de inverno, uma blusa de lã e um casaco por cima e um gorro na cabeça. Deixo a varinha dentro da bota e ando pelos corredores com Beatrice.

Combinamos com Lilian e Marlene de ficarmos juntas dentro do castelo, já que é mais quente e seco do que nossa árvore, que está coberta em neve.

Quando viro um dos corredores mais vazios, vejo Lily e Severus conversando, mas a garota parece chateada. Ela empurra levemente Snape, que tenta se aproximar de novo.

- Lilian, por favor, me escute! Eu sinto muito. - Severus fala nervoso, mas ainda com seu jeito arrogante de sempre.

- Me deixe em paz, Severus! Eu já falei que não quero conversar.

- Lilian! - ele fala mais uma vez.

Em um impulso que eu sequer sei de onde veio, me aproximo rapidamente tirando a varinha da bota e apontando-a para Severus.

Lily e o garoto me olham rápido, mas mantenho minha postura em sua direção.

- Ela já falou que não quer conversar, Snape - falo com firmeza.

O garoto rapidamente tira sua varinha da roupa e a aponta em minha direção. Com o olhar fixo no meu, Snape ergue o queixo.

- A outra Potter, não é? Tão incômoda e intrometida quanto seu irmão.

As palavras de Snape saem em um tom tão cheio de desprezo que até mesmo os mais lindos elogios seriam capazes de parecer ofensas.

Já entrei na escola sendo desprezada por ele, devido as interações maldosas de meu irmão.

Nunca concordei com James e já briguei com ele diversas vezes por suas maldades direcionadas a Severus, mas também não concordo com a forma que Severus me trata sem que eu nunca tenha feito nada pra ele. Inclusive, sempre tentei ser gentil, apesar dele me tratar tão mal.

Isso só mudou quando ele chamou minha amiga de sangue-ruim. Idiota.

- Ela já deixou claro que quer distância. - falo com firmeza, mantendo a postura, até que Severus se aproxima e me prende contra a parede usando uma de suas mãos para me enforcar enquanto a outra pressiona firmemente a varinha em minha bochecha. Seus olhos queimam de ódio enquanto encaram os meus atentamente.

Sinto que sua vontade é de me matar ali mesmo. Mas esse ódio não é direcionado a mim. É à James. Ele me vê como se eu fosse o meu irmão.

- SEV! - escuto Lily gritar e se aproximar, mas meus olhos permanecem em Severus. - SOLTE ELA! SEVERUS! O que está fazendo!

Severus se mexe, e apesar de não olhar, percebo que Lily tenta puxá-lo, mas ele não se afasta de mim. Ao invés disso, sinto a varinha sendo pressionada em minha bochecha com mais força e sua mão apertando mais o meu pescoço.

Meus olhos lacrimejam e eu abro um pouco a boca, tentando respirar melhor, mas não adianta. O ar praticamente não chega mais em meus pulmões.

A última coisa que me lembro é Beatrice e Lilian gritando por socorro e os olhos de Severus queimando em ódio ao me encarar.

○●○●○

Abro os olhos lentamente, um pouco confusa. Respiro fundo e me sento devagar, sentindo meu corpo pesado e cansado.

Não faço ideia de como vim parar aqui, mas reconheço que estou na enfermaria.

- Lilice! - sinto os braços me abraçando firmemente e a ouço os soluços de Lily em meu ombro - Eu sinto muito! Me desculpe, Alice! Eu não consegui impedí-lo. Eu deveria ter azarado Severus. Eu estava tão nervosa que não pensei!

Começo a tentar respondê-la e dizer que está tudo bem, que não foi culpa dela, mas minha voz quase não sai e todos os músculos do meu pescoço doem. Fecho a boca tão rápido que não consigo terminar uma só palavra.

Aperto meus olhos com força, ponho a mão em meu pescoço como se aquilo fosse aliviar a dor, mas obviamente não ajuda.

Lily se separa de mim e me olha preocupada.

- Oh céus... Está doendo muito, não é? - ela pergunta com dó e dá um longo suspiro.

Quando a ruiva se afasta um pouco, consigo ver que Beatrice e Marlene também estão ali, sentadas na cama ao lado, me dando o mesmo olhar de dó.

Eu me sinto tão fraca e vulnerável quando recebo olhares assim.

Jamais falaria algo sobre isso, claro. Elas não fazem por mal, e sim porque se incomodam com o meu sofrimento. Mas eu me sinto tão absurdamente frágil.

Tento falar mais uma vez, mas sinto como se o meu pescoço estivesse queimando cada vez que abro minimamente a boca, então como um reflexo, fecho novamente e respiro fundo, fechando os olhos com um pouco de força.

- Madame Ponfrey disse que você deve sentir menos dor até amanhã, Lilice. - Beatrice fala e me dá um sorriso meio sem ânimo - Não vai conseguir comer até lá, mas precisa pelo menos tentar beber água e talvez tomar um suco.

Concordo bem leve com a cabeça e sorrio fraquinho, movendo a boca apenas um pouco.

- Decidimos não contar a James, Remus e Sirius o que aconteceu. Achamos que poderia ficar chateada pela forma como eles resolvessem lidar com o ranhoso. - Marlene fala e sorri, também sem muito ânimo.

Suspiro aliviada. Elas me conhecem muito bem, e devem ter lutado contra todos os seus instintos para não contar aos garotos. Assim que eu conseguir falar, agradecerei a elas.

- Vamos ficar com você até de tarde, mas terá que passar essa noite aqui, Lice. Eu sinto muito. - Beatrice fala e se aproxima, acariciando levemente meu ombro.

Eu queria pelo menos poder ir para o meu dormitório.

Pontinhas | Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora