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Saio do castelo às pressas, praticamente correndo, indo em direção ao grande Salgueiro Lutador. Talvez se eu chegar a tempo, possa ajudá-los. 

Olho novamente o mapa. Lupin, James e Sirius passam direto pela grande árvore, enquanto Peter segue um pouco mais atrás. 

Quando chego no local, não vejo mais nenhum deles, mas o mapa indica que eles estão perto de mim. Apesar de estar de noite e não haver nenhuma iluminação ali, a lua cheia deixa o ambiente mais claro e um pouco menos assustador. Até que escuto gritos. Gritos altos, que parecem ser de um homem sentindo muita, muita dor. Meu corpo inteiro se arrepia, e não sei dizer se o que sinto é medo por mim ou pelos meus amigos... 

Eles podem estar em apuros. Algo pode tê-los surpreendido no caminho, alguém poderia estar lá. Eu preciso ir. Respiro fundo, seguro a varinha firme em minha mão e sigo meu caminho. 

Um dia, ouvi a professora Sprout conversando com Dumbledore sobre como usou o feitiço Immobulus para acalmar uma grande árvore. Na época, eu não havia entendido sobre o que se tratava. Suponho que conversavam sobre o salgueiro lutador. Ergo minha varinha e a árvore começa a se balançar.

- Immobulus!

Como pensei, o feitiço funciona, fazendo a grande planta parar de se mover. Me aproximo de um buraco que parece uma passagem. Entro devagar, com cuidado. O chão desliza um pouco, mas me seguro antes que eu possa cair. Ando por um grande túnel até enxergar uma estrutura de madeira. Respiro fundo, tentando buscar toda a coragem que tenho em mim. Os gritos estão cada vez mais altos. 

- Remus, só mais um pouco! Você é forte, sabe que isso vai melhorar - reconheço a voz de meu irmão. 

Lupin, que agora reconheço a voz, volta a gritar, dessa vez mais alto. 

Apresso o passo, andando mais rapidamente em direção a estrutura. Agora reconheço onde estou.

A Casa dos Gritos. 

As pessoas costumam falar que essa casa é assombrada, e há diversas teorias do porquê e do que acontece aqui. Até mesmo os adultos tem medo desse lugar. Sinto um arrepio percorrer meu corpo, mas não paro até que chego em um quarto, onde estão Sirius, James, Peter e um Remus que se contorce no chão, visivelmente sofrendo.

- O que tá acontecendo com ele? - me aproximo rápido, olhando o meu amigo assustada, sentindo os olhos lacrimejarem por vê-lo naquele estado. Peter, do outro lado do quarto, me olha assustado. 

Antes que eu possa me abaixar ao seu lado, sinto dois braços me puxando forte pra trás e me afastando de Lupin.

- O QUE ELA TÁ FAZENDO AQUI? TIRA ELA DAQUI! JAMES, SIRIUS, TIREM ELA DAQUI! - Remus gritava enquanto se contorcia. 

- Alice, para! - Sirius me puxa com força e me faz virar em sua direção, até que meus olhos lacrimejantes encontram os seus. 

- Ele tá machucado? Sirius, o que aconteceu? - sinto algumas lágrimas caindo, ainda escutando os gritos de Lupin mas sem olhá-lo.

- Você precisa ir embora daqui! Agora, Potter, eu estou falando sério!

Os gritos param. Viro pra trás rápido, com medo do que pode ter acontecido, mas Lupin não está lá. 

Agora, há um grande lobisomem, me encarando diretamente como se eu fosse a sua presa mais desejada. Dou alguns passos pra trás, esbarrando em Sirius, que ainda não se moveu. Eu conheço esses olhos. Eu os reconheceria mesmo de longe. São os olhos de meu melhor amigo, mas diferente do que estou acostumada, há maldade e ódio neles. E são direcionados a mim.

- Jamie! Você precisa sair daí! - falo em desespero, mas ele não se importa. Na verdade, nem olha pra mim. Meu irmão está olhando pra Sirius, logo atrás de mim. Ele acena a cabeça, com aqueles olhares que eles têm e se entendem tão bem sem precisar de uma palavra.

Balanço a cabeça negativamente e olho Black, nervosa e com medo, mais por James do que por mim mesma.

- Sirius, nós precisamos ir, eu sei, mas James! A gente tem que tirar ele daqui!

Escuto alguns passos em minha direção e viro novamente pro cômodo em que o lobisomem, meu irmão e Peter estavam. Desta vez, não vejo mais James. O quarto está ocupado por um grande cervo com enormes chifres cheios de pontas. Pontas. 

- Vem comigo. 

Sirius me puxa pelo mesmo caminho que entrei, andando rápido. Seus passos apressados me fazem praticamente correr para conseguir acompanhá-lo, e não tenho outra opção, já que estou sendo puxada. Escuto um grande barulho, e quando olho pra trás, a porta daquele cômodo se fechou. 

Continuamos andando com pressa até que já estamos fora do túnel e longe do salgueiro lutador. Sirius continua me puxando, até que paro e puxo meu braço com força, fazendo o mesmo escorregar e escapar das mãos de Sirius. O garoto finalmente para de andar e vira pra mim. 

Há raiva em seus olhos, enquanto há medo no meu. 

- Sirius... o que aconteceu? Onde está o James? Por favor, me fala alguma coisa. - suplico, me aproximando dele.

- O que veio fazer aqui, Alice? - Sirius pergunta, suspirando e balançando a cabeça relativamente. Parece ter se acalmado ao notar meu nervosismo.

- Eu achei que tinha algo errado... Eu pensei que podiam estar em perigo, e então ouvi os gritos. Eu só queria ajudar, Sirius. - falo confusa, sentindo as lágrimas caírem de meu rosto ainda mais rápido do que antes.

- Eu sinto muito. Você não tinha como saber. - Black me puxa em sua direção e me envolve em um abraço apertado. Me encolho em seu corpo, deixando que ele me proteja - Você está bem? Se machucou?

- Eu estou bem, mas Lupin e James... por Merlin, Peter! O coitado...

- Eles vão ficar bem. Os três vão. 

Passamos algum tempo em silêncio ali mesmo naquela posição. 

- Posso te levar até o seu dormitório? - Sirius pergunta e se separa um pouco de mim, acariciando levemente meu rosto e limpando minhas lágrimas. Balanço a cabeça negativamente. 

- Eu quero ficar no seu, se não tiver problema. - digo em resposta e ele concorda, então seguimos em direção ao castelo. 

Pontinhas | Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora