16.

710 76 10
                                    


A primeira semana de aula foi muito boa. Herbologia e Poções continuam sendo as matérias que tenho mais facilidade, e já conheço todo o conteúdo porque estou acostumada a ajudar alunos mais velhos com isso.

D.C.A.T, por outro lado, definitivamente não é meu forte. Eu aprendi todo o conteúdo, mas só depois de me esforçar pra entender. Não deveria ser tão difícil e isso me incomoda.

- Em algumas aulas, veremos sobre o bicho-papão. Adiantem seus estudos e cheguem preparados, pois iremos praticar! - O professor fala e os alunos já vão arrumando suas coisas e saindo. Faço o mesmo e olho Beatrice, que parece animada.

- Você está pronta? - Ela me pergunta, mas olho ela um pouco confusa.

- Pronta para o quê?

- Alice! Nosso encontro de estudos...

- Ah! Tinha esquecido completamente. Perdão, Bea. Já vamos agora? - olho pra ela com um leve sorriso.

A garota concorda e sorri ao perceber que eu não mudei de ideia. Subimos até a biblioteca e ficamos em umas mesas de estudo coletivo que ficam no final do salão. Sento em uma cadeira e Beatrice se senta na cadeira logo a minha frente. Coloco meus livros sobre a mesa e abro um caderno.

- O que disse pra eles que íamos estudar?

- Poções. Kieran disse que é bom nisso mas Marcus precisa de ajuda. Qualquer coisa você me diz as respostas pra eu falar pra ele? Você é a melhor em poções, Lice.

- Claro. Eu anoto em um papelzinho e arrasto pra você por baixo da mesa. Pode ser?

Ela concorda animada e conversamos mais um pouco, até que os dois rapazes chegam e se sentam com a gente.

- Desculpa a demora. McGonagall quase não acaba sua aula. - Marcus fala sentando-se ao lado de Beatrice e dá um beijo na bochecha da garota, que dá um grande sorriso pra ele.

Kieran puxa a cadeira do meu lado e se senta também, apoiando seus cotovelos sobre a mesa e olhando pra mim.

- Você tá linda, Alice. - fala com um sorrindo e acaricia um pouco meu cabelo, mexendo no penteado que fiz, aonde prendi metade no cabelo em um coque e deixei o resto solto. - Eu gostei do cabelo.

Agradeço e sorrio simpática pra ele, me esforçando para não deixá-lo perceber o quanto eu detesto que mexam no meu cabelo.

○●○●○

De fato estudamos por algum tempo, mas logo estamos conversando sobre coisas aleatórias. Beatrice e Marcus foram atrás de um livro - mas aposto que não estão lendo nada, e sim ocupados entre as prateleiras.

Kieran e eu estamos na mesa, flertando descaradamente há algum tempo. Minha cadeira está colada na sua, minhas pernas estão cruzadas e nossos rostos estão bem próximos. Sua mão acaricia minha coxa na medida perfeita: nem muito invasivo, nem muito recluso.

- Posso? - com seu olhar fixo em minha boca, ele pergunta. Sorrio e balanço a cabeça que sim, logo nos aproximamos em um beijo.

Inicialmente, ele é delicado. Sua língua pede passagem em meus lábios e logo permito, deixando ela adentre em minha boca. O ritmo do nosso beijo é calmo, mas intenso.

Sua mão que antes acariciava minha coxa agora aperta o mesmo local, com uma leve ferocidade. A outra foi até minha cintura, onde aperta da mesma forma. Logo, essa sobe ate meu seio, onde aperta de maneira brusca.

Apesar de ficar desconfortável com aquilo, não quero estragar o momento. Não há risco de alguém ver porque estamos em um local que ninguém fica, então isso não me preocupa tanto.

Kieran desce lentamente o beijo até meu pescoço e inclino a cabeça de lado pra que ele tenha mais espaço. Seu beijo na minha pele é intenso. Me mantenho de olhos fechados, sentindo-o, mas quando abro um pouco vejo alguém. Distante, Sirius Black está parado, apoiado com suas mãos em uma mesa vazia, com sua gravata desleixada em seu pescoço e os primeiros botões de sua camisa abertos. Um fio de seus cabelos cai sobre seu rosto quando meu olhar encontra o seu.

Respiro ofegante e, desde que
o beijo começou, sinto tesão pela primeira vez. Mas esse tesão não é em Kieran, porque me ponho a imaginar que essa língua em meu pescoço é de Sirius Black. Que o toque ardente eu meu seio é a sua mão, sempre tão calorosa que me faz arrepiar. Imagino que a mão em minha coxa, agora quase na bunda, é do garoto que me encara ferozmente, como se eu fosse sua. E como eu queria ser...

Sem querer desviar o olhar no seu mas afogada em tesão, sinto os olhos revirarem um pouco involuntariamente e inclino a cabeça pesada pra trás. Solto um suspiro que parece um gemido, e completamente sem querer, falo baixo o seu nome, completamente fraca.

- Black...

Abro um pouco a minha boca, surpresa com minha própria ação, e volto minha cabeça pra frente rápido, com os olhos arregalados. Sirius continua ali, mas dessa vez me olha com um sorriso orgulhoso.

Ele não pode ter escutado. É impossivel. Ele tá longe demais pra isso.

Kieran separa do meu pescoço e me olha sorrindo, me forço pra olhar pra ele também, com a respiração ofegante, tentando recuperar o fôlego.

- Falou alguma coisa?

Pelo menos esse daqui não ouviu. Balanço a cabeça rapidamente, ainda sem conseguir formular uma palavra.

- Você quer ir pro dormitório? Ou algum outro lugar. Tem um banheiro no segundo andar que ninguém frequenta, sempre tá vazio.

- Não... eu tenho que ir. Desculpa, Kieran.

Dou um sorriso fraco e olho pra frente, Black não está mais lá. Olho Kieran outra vez.

- A gente pode se falar depois? É que eu lembrei de uma coisa e eu tenho que ir. - o garoto me olha confuso e me sinto péssima, mas não consigo ficar aqui, não mais.

- Tudo bem... eu te vejo por aí.

- Certo!

Falo rápido e saio de lá apressada, praticamente correndo. Já distante, paro de correr e me apoio em uma parede, ofegante.

MERLIN! O que acabou de acontecer? Pensar assim em Sirius foi muito errado... E será que ele escutou? Não. Não tem como. Mas por que ele me olhou daquele jeito então? Será que ele queria contar pro James sobre eu e o Kieran? Tomara que seja isso, porque eu realmente não me importo. James sabe todos dessa escola que já beijei e transei - com exceção de Lupin, claro.

Entro no banheiro que Kieran havia falado. Sim, quase ninguém entra aqui, mas eu não achei que ele soubesse. Esse banheiro é feminino.

Vou até uma das pias e ligo a torneira, pego um pouco de água e molho o rosto, logo seco com a ponta da minha capa. Apoio as mãos na bancada e fecho os olhos, respirando fundo.

Sinto alguém chegando perto de mim - perto até demais, ao ponto de sentir seu corpo colado atrás do meu.

Shampoo, cigarros e café. Merda.

Pontinhas | Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora