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Chegar em casa depois de uma longa viagem sempre é um grande alívio.

Como já está tarde, preparo um jantar improvisado para os meninos. Eles não pediram e não agem como se eu tivesse obrigação, apenas me ofereci para fazer.

Preparo um hambúrguer com queijo para cada um deles e frito algumas batatas. Ajeito seus pratos, deixando bonitinhos e bem servidos. Vou até o sofá, onde eles estão, e estendo a comida pra eles.

- Obrigada, Lilice. - James agradece e dou um leve sorriso como resposta, virando pra sair.

- Amor.

Viro em sua direção. Sirius me chamar assim... ainda não me acostumei. Me dá borboletas no estômago todas as vezes.

- Oi, meu bem. - respondo e sorrio fraco. Ele faz o mesmo.

- Obrigado. Tá muito bom.

Rio um pouquinho, olhando seu prato ainda intocado.

- Você ainda não comeu, Black.

- Eu sei. Mas sei que está bom. - ele responde e dá de ombros. Concordo sorrindo levinho, boba como ele sempre me deixa.

- Meninos, eu vou tomar um banho e deitar. Não se esqueçam de fechar a casa, tá bem?

Eles acenam com a cabeça em concordância e saio de lá.

Subo as escadas e vou até o final do corredor, entrando em meu quarto. Fecho a porta e vou indo em direção ao banheiro, enquanto tiro toda a minha roupa. Meu corpo implora por um banho quente e relaxante.

Todo esse final do ano letivo é estressante, e a viagem longa de trem, apesar de confortável, acaba se tornando cansativa.

Passo muito tempo na banheira com água morna, na temperatura perfeita. Tão agradável que quase durmo ali mesmo.

Passo a mão no rosto e suspiro pesado, levanto me secando e pensando na Ordem.

Nós somos tão novos... Deveríamos ser adolescentes, e não heróis. Mas alguém tem que lutar, e se meus amigos vão, eu também vou.

Visto meu pijama e deito em minha cama. Apesar do corpo cansado, estou sem sono. Acho que tem muitas coisas na minha cabeça ao mesmo tempo, e isso me deixa inquieta.

Abro a gaveta da minha cabeceira, tiro um livro de dentro e me ajeito sentando de maneira confortável. Vou ler "Romeu e Julieta", um grande clássico. Na verdade, já li algumas vezes, mas adoro esse livro.

Quando leio, o tempo passa sem que eu perceba. Saio do meu mundo particular quando escuto algumas batidinhas na porta, que em seguida é aberta lentamente.

James entra e vai até a minha cama, sentando-se ao meu lado.

- Eu sabia que podia estar acordada, mas achei que talvez tivesse apenas esquecido a luz do abajur acesa. Está tarde, Lilice, e a viagem foi longa.

- Eu sei, Jamie... mas eu não consegui relaxar. Não se preocupe comigo, eu só queria ler um pouco e ocupar a cabeça com algo tão reconfortante quanto um romance.

- Esse não é o livro que os dois morrem? - meu irmão me olha e levanta suas sobrancelhas.

- É... - olho ele e sorrio amarelo.

- Você deveria mudar o seu conceito de reconfortante então.

James deixa um beijo em minha cabeça e se levanta, indo em direção a porta do quarto.

- Boa noite, Lilice. Durma bem. - ele me dá um leve sorriso, que retribuo, até que sai do quarto fechando a porta atrás de si.

Suspiro pesado, e dessa vez me sinto realmente cansada mentalmente além de fisicamente. Deixo o livro sobre a mesa ao lado de minha cama e me deito, enrolada no cobertor.

Apago as luzes com um feitiço Nox e fecho os olhos, tentando dormir.

○●○●○

Acordo ao escutar o barulho da minha porta outra vez. Antes que eu consiga levantar o olhar, esfrego os olhos cansados. O sol, apesar de ainda estar fraco, já entra pelas brechas da cortina.

- Alice?

A voz de Sirius chama minha atenção imediatamente e o olho parado na porta. Sento direito na cama, passando a mão no rosto.

- Siri... Aconteceu algo? Você tá bem? - pergunto preocupada.

- Posso entrar? - ele parece meio retraído. Isso não é comum em Sirius.

- Claro. Não precisa nem perguntar, meu bem. Vem aqui. - abro o braço pra ele, indicando pra que ele venha deitar comigo.

E assim ele faz. Sirius entra fechando a porta e vem até a cama, onde se acomoda ao meu lado e me puxa pra deitar a cabeça em seu peitoral, abraçando minha cintura.

Abraço seu corpo, me aconchegando nele. Eu teria dormido em segundos se estivesse em seus braços ontem.

- O que faz aqui tão cedo, Black? Você está bem?

Sirius parece hesitar pra responder e fica alguns segundos em silêncio. Sinto seu peito levantar e baixar lentamente, respirando fundo.

- Eu não consegui dormir. - ele responde.

- A noite toda, meu bem?

Olho ele e acaricio seu rosto, ele concorda.

- A noite toda.

- Mas aconteceu algo? Estava sentindo alguma coisa? - pergunto e ele nega com a cabeça, indicando que não.

- Eu estava preocupado. Eu não queria ficar brigado com você, Pontinhas, então não consegui relaxar a noite toda. Por isso eu vim.

- Sirius... - suspiro longo, acariciando seu peitoral - Eu sinto muito, amor, eu não quis dizer nada do que você está pensando...

Levo meu olhar até o garoto, pronta pra continuar a falar, mas paro quando vejo como ele sorri de canto e franzo minhas sobrancelhas, um pouco confusa.

- Por que está sorrindo? Eu estou falando sério, Black.

- Eu gostei como me chamou. - ele fala, ainda com o mesmo sorriso.

- O quê? É seu nome. - olho ele ainda sem entender bem.

- Você me chamou de amor, amor.

Rio um pouquinho, mas olho ele sorrindo. Pra falar a verdade, sequer percebi. Foi no automático.

- Você me chama de "meu amor" e de "amor" faz tempo, meu bem. - respondo sem tirar o sorriso do rosto.

- Eu sei. Mas ouvir de você é diferente, Alice. - ele diz com um sorriso, acariciando meu rosto com uma delicadeza que o mundo jamais esperaria de Sirius Black. Mas eu sim. - Sabe... você tem me ensinado muita coisa desde que começamos a ficar juntos. Na verdade, desde que nós nos aproximamos quando eu vim morar aqui. Você me ensinou a pensar pelo lado dos outros, e sendo bem sincero, eu não costumava fazer isso. Ainda não tenho tanto costume, mas já sei o quão importante é.

Dou um sorriso olhando-o falar, completamente boba e apaixonada por ele. Escuto tudo com muita atenção enquanto ele continua.

- Você faz de tudo pra ver todo mundo feliz, meu amor, mesmo que isso signifique que você não esteja feliz tambem. Você faz o bem pra todo mundo, independente de quem seja, independente se a pessoa merece ou não. Você foi assim comigo, Pontinhas. Você foi e ainda é a minha luz. Você me ensinou o que é amor como eu nunca tinha conhecido antes.

Sirius dá um leve sorriso, sem tirar o olhar do meu nem por um segundo. Meu corpo inteiro se arrepia com as suas palavras. Ele se aproxima e deixa um beijo em minha testa, depois em minha boca. Com um leve sorriso, acaricia meu rosto outra vez.

- Eu te amo, Pontinhas.

Pontinhas | Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora