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O quanto uma pessoa tem o poder de nos influenciar ou até mesmo nos machucar?

 Nesse exato momento eu estou deitada em minha cama após ter passado a noite em claro revirando aquela cena em que meu ex beijava sua amante bem na minha frente. Com certeza ele fez isso esperando que eu arrumasse algum tipo de barraco ou até mesmo partisse para cima dela, mas eu não sou assim. Meu estômago se revira só de pensar que eu beijava aquela boca que dizia me amar, mas que ao virar as costas ia para cama com ela.

Fushiguro tentou me distrair ontem. Quando chegamos ao mercado, eu repeti para mim mesma que estava bem até quando ele não me perguntava absolutamente nada. Tentava me convencer de algo que eu tinha certeza de que quando chegasse em casa, as coisas iriam desmoronar.

Me levanto da cama e caminho até o banheiro para escovar meus dentes, amarro meus fios de cabelo em um coque e inicio minha rotina matinal.

Estou tentando, tentando me manter de pé e não lembrar de todas as escolhas que fiz para continuar naquele relacionamento. Escovo meus dentes tendo pequenos flashbacks dos meus pais discutindo comigo sobre o erro que eu estava cometendo.

Mamãe dizia para que eu pensasse bem, colocasse meus pés no chão e prestasse atenção naquelas palavras que ele tanto dizia, que para ela, soavam falsas e vazias, mas para mim eram como melodia. Papai se recusava a tê-lo em nossa casa, então nossos encontros eram em restaurantes, shoppings ou até mesmo em parques.

Eu queria entender que tipo de pressentimento era esse que eles tinham com o meu ex. Constantemente reclamavam dele até quando não estava presente, diziam que era arrogante, narcisista e até mesmo manipulador.

Volto para o meu quarto e abro o guarda roupa a procura de algo confortável para ficar em casa, hoje irei trabalhar de casa ou pelo menos tentar. Desço as escadas em direção a cozinha e começo a preparar meu café da manhã.

— Que irritante — Passo minha mão pelo meu rosto e logo me encosto na pia com os braços cruzados e a mente viajando — Porque estou me deixando ser afetada dessa forma?

Logo a panela começa a borbulhar e ao tentar retirá-la do fogo eu queimo minha mão. Resmungo baixo puxando um pano e novamente tentando pegar a mesma panela para coar o café. No fundo eu sei que o dia de hoje será péssimo, pelo simples motivo dele ter conseguido o que queria.

Me sento na cadeira com o meu café pronto e fico tentando de alguma forma relaxar, era impossível, eu sei, mas precisava relaxar o quanto antes. Se tudo desandasse, voltar aos trilhos seria difícil.

[...]

E tudo desandou.

Lembranças, momentos, tudo vieram a tona novamente com um turbilhão de emoções, já não tinha lágrimas para chorar. Cortei todas as fotos que tinha com ele e quebrei cada presente. Minha casa estava um verdadeiro caos enquanto eu estava encolhida no sofá me martirizando.

Eu deixei todos os meus sonhos de lado em uma tentativa de construir uma família. Não escutei meus pais e os abandonei achando que tudo não passava de invenção, no fundo eu sabia que eles estavam certos, pois eu sempre ficava com o pé atrás quando eles comentavam algo.

— Idiota, idiota, idiota — Passei minhas mãos freneticamente pelo meu rosto enquanto controlava a raiva que sentia.

Me levantei de onde estava e comecei a caminhar de um lado para o outro, meu celular tocava mas eu não queria falar com ninguém. Foi quando as batidas na porta me fizeram despertar dos meus próprios pensamentos.

— Quem é?

— Aiko, sua melhor amiga, será que da pra abrir a droga da porta e parar de me ignorar?

𝐂𝐚𝐧 𝐈 𝐁𝐞 𝐇𝐢𝐦 | 𝐌𝐄𝐆𝐔𝐌𝐈 𝐅𝐔𝐒𝐇𝐈𝐆𝐔𝐑𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora