Durante a madrugada, Megumi acabou adormecendo na sala de tão exausto que estava. Avisou seu pai adotivo, Satoru, sobre a ausência dele em casa, pegou uma toalha emprestada no armário do banheiro para que pudesse tomar um banho e ao terminar, acabou adormecendo no sofá com a mesma roupa que vestia e os cabelo úmidos colados na testa.
Ele teria dormido por horas ou até mesmo teria acordado somente quando amanhecesse, porém, seu descanso foi atrapalhado por gritos vindo do quarto da mulher. Ainda tentando assimilar o que acontecia, levantou-se rapidamente e correu até ela enquanto tropeçava por algumas mobílias.
Ao abrir a porta do quarto, Fushiguro notou que a mesma estava se debatendo na cama dizendo o quanto odiava alguém e pedia para que fosse solta. O moreno, ainda sonolento, ficou estático por alguns segundos sem saber como reagir. Aproximou-se de S/n tentando acorda-la, mas a sua voz surtia outro efeito na mesma, estava acalmando-a.
Então, após um tempo cantando uma canção calma que o agradava quando criança, a mesma se acalmou. Se martirizou um pouco por ter se prestado aquele papel, mas como só haviam eles dois, não teria que se preocupar com vídeos constrangedores ou piadinhas ridículas de seus amigos Nobara e Itadori.
Megumi que estava sentado na beirada da cama fazendo um cafuné nos fios de cabelo da mulher adormecida, quando se levantou prestes a ir embora, sentiu seu pulso ser tocado e uma voz fraca pedir para que o mesmo ficasse. Ela ainda estava dormindo, mas de alguma forma pressentiu ele se afastando.
Soltou um suspiro fraco apenas se deitando ao lado dela e respeitando o espaço de s/n, não queria ser invasivo e muito menos que a mesma acordasse de manhã achando algo de errado, seu pai adotivo pelo menos foi útil ensinando-o um pouco sobre as mulheres. Mas quando fechou os olhos por um segundo, sentiu sua cintura ser envolvida por um braço e a mulher ao seu lado deitar o rosto em seu peito. Ele congelou, sentiu seu coração acelerar e o sono rapidamente dissipar.
Passou a noite toda olhando para o teto enquanto fazia um cafuné nos fios de cabelo dela e em um certo horário enquanto mexia no celular, ouviu a mesma murmurar algumas palavras. Então ela falava dormindo?
— Tatsuya... — O mesmo parou o que fazia prestando atenção no que ela dizia, bloqueou o celular e prendeu a respiração — eu te odeio... mas... mas dói... tudo... porque eu... ainda... gosto de você...
Megumi ouviu cada palavra atentamente e sentiu uma pequena fisgada. É obvio que ela ainda sente algo pelo ex, independente do quão babaca e otário ele tenha sido, S/n tinha sentimentos por ele e infelizmente não podia controlar. Fechou os olhos tentando controlar o misto de tristeza e frustração que estava invadindo ele, não sabia o que fazer.
Já era quase cinco horas da manhã quando ele aos poucos foi se movendo para longe da mulher, colocou um travesseiro que ela logo abraçou e deu uma última olhada. Não podia culpa-la, estava tão disposto a tentar conquista-la, mas esqueceu do fundamental, estava sendo egoísta em não deixa-la primeiro superar tudo que viveu ao lado de uma pessoa durante esses quatro anos. Ele não pode querer bancar o príncipe encantado que salva a donzela, a mesma com certeza tem um orgulho próprio que quer provar a si mesma que é capaz de fazer tudo sozinha.
Se retirou da casa dela trancando de chave com a cópia reserva que Aiko deixou para ele. Quando sentiu o sopro do vento gelado em seu rosto, desejou que o seu coração deixasse de ser tão tolo, mas é impossível, não tem como escolhermos por quem nos apegamos e muito menos deixar de sentir algo somente virando a chavezinha.
[...]
S/n pov;
Quando acordei sentia um enorme vazio ao meu lado, esfreguei os olhos tentando assimilar tudo em minha mente e como vim parar na cama. Um cheiro familiar invade meu olfato e logo flashbacks me fazem recordar que Megumi esteve aqui me ajudando, arrumando minha casa, cozinhando e me carregando até minha cama.
Sinto meu rosto esquentar ao recordar também que durante a madrugada eu o segurei para que ficasse aqui comigo, não estava totalmente acordada, mas seu perfume era irreconhecível. O que eu estava fazendo quando fiz aquilo? Bem, não importa, de qualquer jeito ele permaneceu ao meu lado. Que sensação... Boa.
Vou até o banheiro fazer minha higiene matinal e tomar um banho. Após me arrumar, vou até a cozinha, mas não deixando de reparar na arrumação da minha casa. Megumi foi tão incrível, Preciso agradecê-lo sem falta.
Abro a geladeira notando que havia um fricassê pronto e que só precisaria esquentar, um sorriso surge em meu rosto e logo notei também que havia um bilhete pedindo para que depois eu desse uma nota, só me fez questionar o porquê dele ter feito tudo isso para mim.
Saio de casa com o pensamento único: preciso agradecê-lo e compreender melhor o porquê de estar me ajudando tanto. O caminho todo foi pensando nessas coisas, pensando nas provocações do meu ex, pensando nessas pequenas ações que o Megumi está fazendo em relação a mim e principalmente no que me espera daqui pra frente.
Passando pela portaria, cumprimentei o porteiro e fui em direção ao elevador. Olho de relance para o relógio pendurado próximo a mesa da administração e estranho não ter me esbarrado com o Fushiguro. Talvez ele já tenha chegado, mas ainda sim estou sentindo algo estranho.
As horas se passaram e a ansiedade tomava conta de mim, durante o dia de hoje eu não me esbarrei com Megumi nenhuma vez e no horário do almoço ele estava com a loja fechada. No dia seguinte foi a mesma coisa, nada dele e da loja estar aberta... Isso se repetiu por três dias e na minha cabeça só vinha questionamentos sem respostas. Tentei ligar para ele após Aiko me dar seu número, mas só caia em caixa postal, será que eu fiz algo de errado?
Porque sinto que ele esta me evitando?
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"Ah porque eu não acho que o Megumi seria emocionado a esse ponto". Para mim ele é emocionado sim mas não tanto, ele tem limites e o interesse dele pela protagonista não foi de repente, como já citei em outro capítulo, ele já vinha observando a mesma já que a Aiko é uma amiga de ambos.
Enfim, só dando uma explicada caso crie algum burburinho sobre o envolvimento dos personagens. Ele se interessou, ela namorava. Agora ela esta solteira e ele esta atacando, o básico do básico.
