Aviso: as cenas abaixo contém características e diálogos sobre uma tentativa de suicídio.
JASON GRACE
Quando criança, sempre acreditei que o mundo girava de acordo com o meu coração. Na adolescência, entendi que não era bem assim, que eu não passava de mais uma pessoa na terra com zero influência sobre qualquer coisa maior.
Com base nessas conclusões tão sábias, nunca pensei que poderia ter tanto poder sobre algo ou alguém na vida, mas isso se mostrou uma dedução errônea quando senti meu coração se apertar ao ver, pela primeira vez, alguém chorando por minha causa.
— Eu pensei que você me amava. — Rachel soluça de forma dolorosa em meio às palavras, suspiro. — Por que, Jay? Por que fez isso comigo?
— Porque eu não posso impedir que sejamos felizes. — às palavras saem voando da minha boca, tomadas pelo medo e o susto. — Me perdoa, eu nunca quis que você se machucasse.
— Suas palavras não fazem sentido. — a risada sarcástica parte meu coração, juntamente a imagem da ruiva cheia de sangue. — Minha vida não faz sentido! E sem você, eu não quero mais viver.
Sinto meu rosto se tornar cada vez mais molhado, não sei dizer quando às lágrimas começaram, mas sei que elas não pararam tão cedo.
— Não fala assim, por favor. — me aproximo, me agachando na altura da minha amiga. — Você não pode depender assim de mim, Rachel. Você é mais que nós dois, sei que tá doendo, também dói em mim, mas isso não quer dizer que deve ser o fim.
Sinto o nó na minha garganta se apertar mais quando os olhos verdes esmeralda encaram os meus, vermelhos de tanto chorar. Meu coração erra uma batida, a culpa consumindo cada molécula do meu corpo.
— Não posso viver sem você, Jay. — a súplica dolorosa sai quase inaudível, mas escuto. — Você é tudo o que eu tenho.
— Não, eu não sou. — puxo a jovem para os meus braços, a abraçando o mais delicado que posso para não machucar ainda mais seus cortes. — Mas isso não importa agora, eu estou aqui e não vou a lugar nenhum.
— Nunca?
Queria responde-lá, porém não sou capaz de mentir ou causar mais dor, então apenas a agarro com mais força contra o meu corpo, enquanto seu sangue e suas lágrimas molham minha camisa social sem graça.
— Rach? — chamo-a, após alguns minutos de silêncio, percebendo que sua respiração estava muito fraca. — Rachel!
Tudo foi como um vulto, gritei em desespero ao perceber que a ruiva estava desacordada em meus braços. Me xingo mentalmente, de novo, por ser tão burro ao ponto de não ter o senso de socorrê-la assim que adentrei o quarto e vi a cena horrível. Meus instintos foram todos direcionados em tentar não assusta-lá e acabar piorando as coisas, algo que parecia ter feito de todo jeito.
— Alguém me ajuda, socorro. — berro, sentindo os espinhos rasgarem minha garganta. — Eu preciso de ajuda!
Não demora muito para um grupo de garotas adentrar o quarto, assustadas. Algumas gritam, outras paralisam. Perguntas começam a serem disparadas por umas, enquanto outras se acabam em chorar. O movimento aumenta na porta do quarto, mas ninguém parece se mexer de forma útil para ajudar.
— Alguém chama ajuda, ela está morrendo. — Meu tom sai em uma súplica, enquanto deito cuidadosamente o corpo da ruiva em meu colo.
Não sei com quanto tempo, pareceu uma eternidade, mas logo a enfermeira da escola chegou junto ao diretor e o coordenador. Eles falavam sem parar, imagino que tentando descobrir o que houvera ali, mas assim que Rachel foi tirada dos meus braços eu apenas paralisei.
Então tudo se tornou branco. Um clarão, um espaço em branco, o que quer que tenha acontecido em detalhes durante e depois aquele momento, simplesmente não existiam em meu cérebro.
E foi ali que decidi: Eu nunca mais teria tamanha influência em uma pessoa, ninguém nunca mais iria entrar.
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Losing Game - Jasiper
FanficAté onde você iria para manter uma promessa? Até onde você iria para impedir um coração partido? Onde Jason Grace parte o coração de sua amiga, a fazendo tentar suicídio, e então promete nunca mais deixar alguém se apaixonar por ele novamente. ...