Losing Game - Jasiper

Eleven

                        PIPER MCLEAN

     Não precisei inventar uma desculpa para Annabeth quando voltei para o quarto depois de todo o ocorrido, a cacheada já estava dormindo quando adentrei o cômodo sem fôlego de tanto chorar. Ao amanhecer, entretanto, precisei mentir sobre uma cólica maligna e uma dor de cabeça terrível para conseguir convencê-la do porquê meu rosto estava tão inchado e de eu precisar pular o café da manhã.

     Eu sei que ela provavelmente ficou sabendo de tudo assim que pisou no refeitório, talvez até antes pela rádio corredor, mas como não recebi nenhuma mensagem dela me pedindo para justificar algo prefiro acreditar que pelo menos essa batalha eu ganhei.

     Garanto que meus fones de ouvido estão bem ajustados quando saio do quarto e começo a caminhar pelos corredores, a música explodindo minha audição como uma técnica para ignorar os olhares de todos. E, principalmente, não escutar os comentários sobre eu, Erik e Jason. Encaro de canto de olho as caras dos outros alunos, tentando advinhar se o Grace já desmentiu por aí a história do namoro. Talvez eu consiga alguma pena com isso, afinal.

— Bom dia, Leo. — abro um sorriso observando o garoto se aproximar, ele me encara com a cara fechada e passa direto, me deixando confusa. — Valdez?

     Sinto uma pontada afiada na minha barriga vendo o garoto latino se afastar sem olhar para trás. Será que ele me odeia igual a todo mundo por causa do que aconteceu com Erik? Ou talvez, Jason contou sobre minha proposta e agora ele está com raiva por pensar que eu tentei chantagear seu melhor amigo para namorar comigo?

     Percebo que estou encarando demais quando me dou conta de que já não posso mais ver os cachos do garoto pelo corredor, então me viro para o lado oposto, abraçando meus livros contra meu próprio corpo de forma protetora. Todos sabem, tenho certeza que todos estão encarando porque sabem e eu quero sumir por causa disso.

— Bom dia, senhorita McLean. — Leio os lábios de Grover quando entro na sala de aula, seu sorriso caloroso quase me faz sentir melhor.

— Bom dia, professor Underwood. — Pego meu celular apenas para desligar a música, e então volto minha atenção para o mais velho que ainda fala.

— Grover está ótimo, por favor. — ele rir, trocando o peso das pernas. — Ainda está cedo para a aula, você não deveria está tomando café com os outros?

— Estou sem fome. — dou de ombros. — Tem problema se eu ficar aqui?

— Não, problema nenhum. Por favor, sinta-se à vontade.

     Retribuo o sorriso que o mesmo lança e caminho até uma das cadeiras bem na frente, talvez se eu ficar distante do meio pro fundão da sala consiga me livrar de ouvir comentários ácidos e fofocas caluniosas. Me sento, largando o material sobre a mesa.

— Como foi sua primeira semana de aula? — Underwood pergunta, simpático, enquanto escreve algo no quadro branco.

— Emocionante, eu acho. — tiro os fones da orelha, guardando-os em sua case. — O senhor já deve saber.

— Na verdade, não. — ele se vira, com uma sobrancelha erguida. — Tem algo que eu deveria saber?

— Não, claro que não. É modo de dizer. — Forço um sorriso vendo a expressão preocupada do professor.

— Piper, tem algo acontecendo? — ele devolve a tampa do piloto, virando totalmente na minha direção. — Algo está lhe incomodando?

— Não, está tudo bem.

— Você tem certeza? — assinto com a cabeça, e ele começa a se aproximar. — Você pode me falar se algo estiver errado, eu sou mais que um professor, estou aqui para garantir que vocês, além de aprenderem, se sintam seguros.