Capítulo 6

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Olá sugadoras de contos, como está indo o domingo de vocês? Bom, vim para esquentar um pouquinho as coisas por aqui. Bora lá?

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Ato VI

Você vai continuar com essa ideia de vender a casa da sua mãe e usar o dinheiro para ajudar seu pai a pagar as dívidas? — Taeyang perguntou entre um gole de café e outro. O assunto não veio de repente, na verdade, ele enrolou bastante interessado sobre meu novo trabalho e minha aproximação com as pessoas daqui.

Quando cheguei ao vilarejo, cheia de raiva e rancor, a certeza de que não ficaria aqui por muito tempo era incontestável. Então, quando Taeyang sugeriu vender o lugar depois de ouvir sobre meus problemas com o meu pai, eu aceitei imediatamente. Com o tempo, não tocamos mais no assunto. Eu conheci melhor as pessoas que vivem aqui, fiz amizade e acabei me sentindo em casa. O lugar não parece tão ruim, apesar de ser no meio do nada. Precisa de muitas reformas, mas eu não tenho dinheiro para arrumar. Seria difícil simplesmente ficar. Agora essa decisão carrega um pouco de culpa. Ainda sim não vejo outra opção.

— Acho que sim. É uma casa muito velha e grande, precisa de muitas reformas e eu não tenho como cobrir. Prefiro ajudar meu pai e ver ele livre. — Se fosse para escolher, eu não tinha dúvida para que lado iria. Apesar dos pesares, meu pai me criou do jeito dele e esteve ao meu lado em todos os momentos importantes. Minha mãe não. — Por acaso encontrou algum comprador?

Taeyang balançou a cabeça porque ainda estava comendo.

— Tem um conhecido interessado. Ele quer dar uma olhada na casa, acho que no sábado. — Comentou, em seguida tomou o último gole de café e afastou a cadeira para se levantar.

— Sim, claro. Não se preocupe, eu mostro tudo. — Garanto.

— E o que pensa em fazer depois, minha filha? Vai embora? Para onde? Você precisa ter isso decidido. — Senti sua preocupação quando não consegui responder rapidamente.

— Eu não sei.

Taeyang deixou um suspiro escapar e balançou a cabeça negando alguma coisa.

— Pense direito no que está fazendo. Sua mãe adorava esse lugar, por isso deixou pra você. Não vai fazer nada que possa se arrepender mais tarde. — Ele falava com tanta convicção que aquilo me irritou muito rápido.

Não acontecia muitas conversas sobre minha mãe exatamente porque tínhamos opiniões muito diferentes. Taeyang defendia sua esposa, quem ele achava que conhecia bem. Mas o que eu guardava eram só lembranças ruins, mágoas profundas e milhares de dúvidas que ninguém tem coragem de responder.

Posso olhar e ver que Taeyang é um homem bom e cuida de mim tão bem quanto um pai. Não tenho nada contra ele, e sim sobre seu silêncio.

— Ela se importava tanto comigo que preferiu não me ter por perto.  — Fiz questão de lembrar a ele.

— Não é bem assim, Eloise. Sua mãe te amava do jeito dela. Você era uma criança, não poderia entender!  — Esbravejou. Seu tom de voz que sempre foi calmo, já não era mais. Ele estava bravo e nem mesmo me contaria o porquê.

E eu também. Levantei e joguei as xícaras dentro da pia com tanta força que acabei quebrando uma. De alguma forma eu tinha que descontar minha raiva.

— Eu não poderia entender o quê? Por que ela quis me abandonar? Por que ela preferiu cuidar de pessoas desconhecidas do que da própria filha? Ou por que ninguém sabia que Jisoo sequer teve uma filha? — Despejei de uma vez. A louça na pia se tornou meu maior algo. Porque eu não queria nem mesmo olhar para trás e ver a expressão que ele fazia para que eu me sentisse culpada. — Você não vai me responder, não é, Taeyang? Então, me desculpa, prefiro não escutar sua opinião.

Nossos dias ensolaradosOnde histórias criam vida. Descubra agora