POR UMA NOITE

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Entrei em casa e fui direto para cama, estava cansada,
mas também estava feliz,
Estava confusa,
Mas ainda conseguia respirar.
Fiquei olhando para o teto durante horas, estava pensando em como tudo aquilo aconteceu... como eu consegui chegar no mesmo sangue, amar o mesmo DNA mas só com a distancia de personalidades. Eu pensei muito sobre isso, sobre Carmem que ainda estava viva, mas acabei por adormecer deitada em cima de pensamentos e lágrimas de confusão...

Acordei com uma ligação de um número desconhecido, achei que seria alguém do correio para que me entregasse compras, já que era frequente números desconhecidos me avisarem que está prestes a entregar encomendas...

Atendi a ligação e ouvi uma voz doce... -Carmem? Perguntei para a pessoa do outro lado, e logo recebo uma resposta:

- Sim, querida. Carmem! Antes que você entenda tudo errado eu quero explicar... eu ultrapassei tudo aquilo, os médicos estavam errados, mas eu sinto muito por não ter voltado e nem ter me preocupado em enviar uma mensagem dizendo o quanto estava viva e vivendo.

Desmoronando em lágrimas não conseguia soltar nenhuma palavra sequer, eu me sentia tão triste por ter perdido ela, mas feliz por ela não ter se perdido.

- Charlotte? Consegue me ouvir? Não precisa me ouvir se não quiseres... eu só queria me lembrar de quão doce é a sua alma e lembrar que eu nunca te deixei partir do meu coração! Eu te amo.

Com a voz tremula a respondi...

- Eu te amei tanto e ainda te amo! Esperei sempre por sua volta mesmo sabendo que era incerto, mesmo sabendo que talvez você estivesse morta. Carmem, minha doce Carmem... eu acho que estou apaixonada por outra pessoa, mesmo te amando! Eu sinto tanto.

- Charlotte, não se preocupe... o meu sonho era te ver feliz e meu coração se enche de alegria se você estiver vivendo toda essa alegria! Eu te amo.

A chamada foi encerrada e o meu coração não conseguia gerir suas batidas... Dor? Amor? Saudade? Negação? Todos os sentimentos juntos?
Eu precisava absorver todas aquelas informações, mas agora não dá tempo... eu precisava ir para escola e a primeira aula seria de Antonela... eu estava entrando em colapso, mas mesmo assim me levantei, me vesti e fui para escola.
Ao chegar alguns minutos atrasada na sala ganho toda atenção dos alunos incluindo de Antonela. Vou em direção a minha mesa e me sento tirando meu caderno e uma única caneta do estojo, logo olho para frente por me sentir observada e meus olhos se encontram com os de Antonela que me olhava com um semblante assustador... eu não sabia o quão mal estava até ir ao banheiro me olhar no espelho quando terminou a aula.
Quem olhava para mim naquele dia via toda tristeza e cansaço...

Não demorou muito para que eu esbarrasse com Antonela pelos corredores daquela escola, ela me olhava com pena mas não sabia o porquê de eu estar tão abatida, bom... era pelo motivo que ela achava que eu ficaria, ela só não sabia que eu já estava morrendo por aquele mesmo motivo.

- Querida? Estas bem? Não parece a mesma pessoa de ontem... você não gostou?

- Olá, eu estou bem. como sempre! Não tem nada a ver com você, só estou um pouco cansada... nada demais.

- Tu engana a todos menos a mim! Não nasci ontem, querida.

- Já estivemos aqui antes e eu não queria ter que implorar para que as coisas não fossem descobertas e sim conversadas...

Um silêncio ensurdecedor tomou ambas e os olhos de Antonela ficava cada vez mais escuros quando sentia prazer ou medo, ela sabia que precisava me contar algumas coisas e eu sabia que eu teria que revelar coisas.

- Charlotte, não podemos conversar aqui... não posso mais fazer isso assim, e eu acho que você sabe o que está acontecendo... não sou a única omitindo a verdade

Bem Vinda, Professora.Onde histórias criam vida. Descubra agora