Capítulo 8

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- Eu preciso de férias! – resmungou Zehra, assim que passou pela entrada do estúdio. – A gente mora aqui e passeia em casa, você já prestou a atenção nisso?

- É claro que eu já percebi isso. – pontuou, mal humorada.

- Estamos de mau humor? – arqueou a sobrancelha. – o que houve?

- Nada de importante. – desconversou.

Zehra a olhou desconfiada.

- Nada mesmo?

- Não.

- Ótimo. – deu de ombros. – Hoje é o nosso dia de reuniões com a Boskovic...

- Não! – lamentou.

- Eu sabia que alguma coisa tinha acontecido. – debochou. – Mas depois você me conta, ela está vindo.

A morena se aproximou das duas modelos.

- Bom dia! – saudou. – Zehra, você pode buscar algumas fotografias para analisarmos, por favor?

- Claro, senhora. – assentiu dando uma última olhada para a amiga. – A Hande pode ir comigo?

A turca a olhou esperançosa.

- Na verdade, não. – respondeu. – Eu preciso passar algumas orientações para a senhorita Baladin, em particular. 

- Tudo bem. – concordou Zehra, se retirando em seguida.

Boskovic esperou até que a modelo se retirasse completamente.

- Hande? – chamou a atenção da outra mulher.

- Sim, senhora Boskovic. – a tratou formalmente.

A morena suprimiu um bufado.

- Me acompanhe, por favor. – lhe deu as costas e a modelo a seguiu em silêncio, até que elas chegaram na sala da jovem empresária.

- No que eu posso ajudar a senhora? – indagou Hande.


- Sem formalidades, Hande. – pediu.

- Eu não estou entendendo, senhora. – insistiu.

- Não está entendendo o quê exatamente? – perguntou, num último fio de paciência.

- Eu devo formalidade a senhora, tendo em vista a sua posição hierárquica. – argumentou. – A senhora é a chefe e eu sou a subordinada, lembra?

- Não use sarcasmo comigo! – a repreendeu.

Hande a encarou profundamente, segurando a vontade de pular no pescoço dela e esgana-la.

- Me desculpe, senhora. – sorriu falsamente.

- Eu já pedi pra você parar com essa formalidade toda. – insistiu, voltando a ter paciência.

- Eu não vejo necessidade. – argumentou.

- Então eu ordeno que você pare! – disse, perdendo a paciência recente.

A turca a encarou em silêncio, acompanhando com os olhos a mulher se servir de uma dose de whisky e a virando de uma vez.

- Hande...- ela tentou começar a falar, após se servir de outra dose.

- O que você quer, Tijana? – perguntou friamente. – Por que me trouxe aqui?

- Acho que eu já deixei bem claro o que eu quero. – rebateu, tomando a segunda dose.

- Ah, é? E quando você deixou, exatamente? – indagou. – Quando você simplesmente me largou no quarto sozinha?

Boskovic suspirou profundamente.

- Vargas tem razão.

- O quê? – a encarou confusa. 

- Você ficou chateada porque eu precisei sair. – colocou o copo de whisky na bandeja. – Estou certa disso?

A modelo desviou os olhos.

- Você não precisa se preocupar com isso. – disse. – Talvez nós estejamos em estações diferentes.

- Eu não entendi o que você quis dizer com isso.

- Nós encaramos o que quer que seja a nossa relação de forma diferente. – a explicou. – isso ficou claro para mim hoje.

Boskovic estreitou os olhos, perdida.

- O que isso quer dizer? – insistiu.

- Não se faça de desentendida! – esbravejou. – Estou querendo dizer que você só me vê como um de seus casos que você usa para passar o tempo!

A morena se chocou com a informação. Era isso que afligia a garota? Será que ela já não havia dado sinais claros de que Hande não era uma pessoa qualquer?

Aguardando até organizar definitivamente as suas ideias, Boskovic se serviu de mais uma dose de whisky, agradecendo aos céus por não precisar estar em alguma reunião naquela manhã e ter apenas um expediente. 

Hande a encarou preocupada e se odiando por isso. Não eram nem oito da manhã e a morena já estava em sua terceira dose.

- Será que você poderia parar de beber? – perguntou um pouco mais calma.

- Não. – virou a dose. – Estou lidando com um problema aqui e não faço isso sóbria. 

- Ah, então agora eu sou um problema? – questionou, ofendida.

- O que você está pensando, é. – a respondeu friamente.

Hande engoliu a vontade de chorar e encarou a outra mulher.

- Ok. – disse. – Existe algo referente ao estúdio que a senhora deseje falar?

- Eu já pedi para que você esqueça essa formalidade infundada! – ralhou.

- Então eu vou me retirar. – rebateu, se encaminhando até a porta.

- Nós ainda não acabamos de conversar. – pontuou Boskovic.

- Eu temo que sim. – disse. – Conversaremos apenas sobre assuntos referentes ao trabalho.

A morena a olhou, incrédula.

- Hande...- tentou falar, mas foi interrompida quando a porta abriu.

- Oh, eu não sabia que você estava acompanhada, filhinha. – pontuou Verna, entrando dentro da sala. – Nossa, que criatura linda!

- Mamãe, tenha modos! – a morena a repreendeu. – Esta é a Hande, uma de nossas modelos. Hande, essa é a Verna, minha mãe.

Hande a encarou um pouco envergonhada diante da presença imponente da mulher a sua frente: ela era incrivelmente linda e majestosa.

- Muito prazer, meu bem. – disse Verna, indo abraçar a modelo. – Eu amei os tons do seu cabelo.

- Obrigada, senhora. O prazer é todo meu. – disse Hande. – A senhora é muito bonita.

- Bonita é você, que mais parece uma bonequinha de porcelana! – a elogiou. – E esses lindos olhos castanhos...

Boskovic tossiu falsamente, atrapalhando a nuvem de carinho entre as duas mulheres.

- Mamãe, a senhorita Baladin e eu precisamos voltar as atividades da empresa. – pontuou.

- Não se preocupe, filha. Mas eu vou ter que roubar ela de você.

- Como assim? – indagou perdida.
- Seu pai me designou para cuidar da nossa querida modelo. – disse. – E foi uma feliz coincidência encontrá-la aqui, já que eu não estava conseguindo localizá-la.

- Mamãe, eu não estou entendendo. – pontuou Boskovic. – O que vocês dois querem com a senhorita Baladin?

Hande assistia a tudo calada, ainda sem acreditar que o seu plano havia dado certo. Mas o que ela não sabia, era que a mãe da morena iria lhe ajudar e não outra empresária. O que era ótimo, já que ela era uma das melhores do país. A turca estava torcendo para não ter um clima pesado e que não precisasse se encontrar com Tijana.

- O seu pai havia feito uma proposta para a senhorita Baladin para que ela abrisse mão das passarelas e focasse apenas na área que ela tem interesse, que é a fotografia. – Verna a explicou. – Ela prontamente aceitou.

Boskovic a encarou perplexa.

- Por quê você não me disse nada, Hande? – perguntou sem entender.

- Eu...- tentou falar, mas foi interrompida.

- Por que ela teria que lhe dizer algo? – a mulher mais velha perguntou desconfiada.

A morena se deu conta da falha que havia cometido ao ver Hande arregalar os olhos.

- Ela é a minha modelo, mamãe! – deu a melhor desculpa. – É normal que elas informem as coisas.

- Bem, ela não é mais só a sua modelo. – deu de ombros. – Seu pai e eu temos planos brilhantes para ela.

- E isso envolve tirá-la da empresa? – perguntou Boskovic, totalmente preocupada.

Verna olhou para a filha profundamente, tendo quase certeza do que estava acontecendo, então resolveu blefar.

- Claro que sim. – sorriu falsamente. – A senhorita Baladin foi a primeira modelo turca a se tornar internacionalmente famosa. Você sabe como essas mentes brilhantes valem ouro no mercado.

Boskovic sentiu o sangue ferver.

- Eu pensei que o nosso estúdio precisasse de mentes brilhantes e não que fosse um meio de moeda de troca! – esbravejou.

- Não se preocupe, querida. Os seus modelos ainda ficarão intactos. – sorriu para a filha. – Agora vamos, senhorita Baladin. Temos muito trabalho a ser feito!

A morena mais nova fulminou a mãe, antes de ela sair porta a fora, arrastando Hande.

Boskovic esperou até que elas se retirassem totalmente e se dirigiu até o elevador. Ela precisaria chegar até a presidência o quanto antes e, se desse sorte, seu pai estaria sozinho e ele estava.

- Por que a mamãe está de volta? – se sentou em frente a cadeira da presidência. 

- Bom dia para você também, filha. – a cumprimentou.  – Eu pedi para que sua mãe viesse até a empresa para treinar a senhorita Baladin.

- Você pediu para ela abandonar as passarelas! – exclamou. – O senhor enlouqueceu?

- Ela não tem mais interesse...

- Ela é apenas uma garota! – o interrompeu. – Você não acha que ela pode mudar de ideia?

- Não. Eu não acho. – foi sincero. – A gente é para o que nasce, minha filha. E, assim como você respira a administração, aquela garota respira a fotografia. Eu recebi vários relatórios dos fotógrafos a elogiando.

- A Katness me paga...- sussurrou para que o pai não ouvisse. – Então é verdade mesmo?

- É, sim. Iremos liberar uma bolsa de estudo para ela, até que ela possa se formar. – a respondeu. – Sua mãe irá acompanhar tudo de perto. Iremos prepará-la para ser a melhor. O que pode ser melhor do que uma modelo que sabe fotografar?

- Então ela é apenas um porquinho para o abate? – perguntou amargamente.

- Não estou entendo aonde você quer chegar. – respondeu.

- Mamãe disse que iria prepará-la para o mercado, porque ela é valiosa demais.

- Nós não vamos prepará-la para o mercado, minha filha. Seria como entregar o pote de ouro a concorrência. – explicou. – a senhorita Baladin será nossa, até enquanto ela quiser e até segunda ordem.

Boskovic suspirou aliviada, se levantando em seguida.

- Por que a preocupação, minha filha? – perguntou desconfiado.

A morena desviou a atenção do pai.

- Eu me preocupo com as minhas modelos. – mentiu novamente.

- Eu tenho em mente que sim.

- Obrigada por me explicar, papai. – agradeceu.

- Não por isso, meu amor. – sorriu para ela e não recebeu um sorriso de volta.

(...)

Enquanto caminhavam pelos corredores, as duas mulheres se dirigiram aos estúdios infantil.

- Vovó? O que faz aqui? – perguntou Rose, surpresa. – E você, Hande. Vai me dizer que está fugindo do trabalho?

- Olá, meu poço de doçura. – Verna beijou a neta. – Eu estou de volta a empresa, a partir de hoje.

- Sério? A mamãe sabe?

- Sim. – Verna deu de ombros. – Estarei aqui para ajudar a senhorita Baladin.

- Você vai ajudar a Hande? – olhou de uma mulher para outra.

- Você e sua mãe parecem conhecer bem a senhorita Baladin...- semicerrou os olhos.

Hande rezou para que a garotinha não comentasse do episódio em que dormiram juntas.

- A Hande é tolerável. – justificou e a turca soltou a respiração.

- Você também é, sua pestinha. – sorriu para ela. – Como é que você está?

A garotinha ainda a encarava desconfiada.

- Eu só quero saber do seu bem estar, Rose. – Hande revirou os olhos. – Não é como se eu fosse ganhar algo em troca disso.

Verna observava a interação das duas atentamente. 

- Estou perfeitamente bem e você? – a garotinha devolveu a pergunta.

- Estou seguindo. – murmurou cansada.

Houve uma batida na porta e as três olharam para lá. 

- Me desculpem interromper, mas vocês estão sendo chamadas para a apresentação da nova modelo. – a secretária informou.

- Obrigada, querida. Nós já estamos indo. – agradeceu Verna. 

- Vovó, eu posso ir? – Rose perguntou esperançoso. 

- Acho que lá não é lugar para você ainda, meu bem.

- Mas eu nunca vi uma apresentação antes...- sussurrou decepcionada.

Hande assistiu a cena toda com dor no coração. Lembrava-se de quando era criança e pedia para que seu pai lhe mostrasse as revistas de moda e ele sempre repetira o que Verna falou: não é lugar para você ainda.

- E se ela prometer se comportar e não sair de perto de mim? – tentou Hande e Verna a encarou sem expressão.  – Ela...ela só é uma criança e bem...talvez seja importante para ela. – tentou se defender e Rose a olhava esperançosa. – Mas, caso a senhora não ache de bom tom...

- Tudo bem. – a morena a interrompeu. – desde que você a mantenha escondida e quieta, senhorita Baladin.

- Êba! – a modelo deu pelinhos no lugar e puxou a menina para um abraço, que ela não retribuiu no começo, mas logo rodeou os braços na cintura da turca. – Você vai se comportar e não vai sair de perto de mim, certo?

- Positivo e operante! – confirmou Rose, dando um mini sorriso.

Verna encarou a cena totalmente surpresa. Desde quando a neta se sentia a vontade com alguém que não fosse a própria família?

- Vamos, meninas. Nós não podemos chegar atrasadas. – avisou e as duas assentiram  e começaram a seguir a mais velha até a sala de apresentações. 

Ao chegarem lá, se despediram porque Verna sentaria ao lado do marido, no palco. Já Hande sentou na última fileira, fazendo o possível para esconder a sua pestinha.

Alguns modelos já estavam por ali e iam chegando cada vez mais, até que Boskovic chegou por último e só havia lugar ao lado de Hande.

“Ótimo. Têm trezentas cadeiras e sobra apenas uma do meu lado”, pensou Hande.

A morena desviou o olho da turca e focou na modelo que estava prestes a se apresentar.

- Bom dia a todos! – a modelo chamou a atenção deles. – Meu nome é Loren Galpin, eu sou uma modelo africana e é um prazer estar aqui com vocês. 

Todos aplaudiram a breve introdução. 

- Bem, eu vim a empresa a convite da bela e genial Tijana Boskovic. – explicou, apontando para a morena na plateia, fazendo Hande arquear a sobrancelha.  – Nós duas dividimos muitas experiências fotográficas juntas e dessa vez não vai ser diferente.

- Ela conhece a mamãe? – Rose perguntou baixinho.

- Parece que sim. – respondeu Hande a contragosto.

- Eu acho que alguns de vocês devem me conhecer: eu fui a Miss Universo do ano de 2019 e desde então sigo engajada em campanhas que colocam a minha cultura em foco. – explicou. 

- Ela não me é estranha...- sussurrou Hande.

- Então...eu estou aqui para ajudar a empresa a construir um catálogo rico em diversidade, especialmente da cultura africana. – finalizou sua apresentação e foi aplaudida.

Boskovic levantou-se e foi até ela lhe cumprimentar. Hande aproveitou a deixa e puxou Rose para saírem dali sem serem notadas. Mas não adiantou muito, já que os olhos castanhos logo as localizaram.

- Filha? – a chamou, mas a menina se escondeu embaixo do sobretudo de Hande. – Rose, eu já vi você. Venha até aqui.

A garotinha encarou Hande, intercedendo por socorro. Então a turca segurou na mão dela e a levou até a mãe. 

- O que faz aqui? – indagou Boskovic.

- Eu permiti que ela viesse. – Verna se intrometeu. – Algum problema?

- Não.  – pontuou friamente. – Aqui não é lugar para crianças, apenas isso.

- Claro que é. – o pai dela se juntou a esposa. – Nossa futura empresária precisa ir se familiarizando com os negócios. 

- Ela vai ser o que ela quiser, papai. – a morena ralhou.

Hande sentiu um aperto na mão e olhou para baixo, vendo que a menina estava tentando tomar coragem para falar. Então ela apertou sua mão e sorriu para ela.

Rose sentiu confiança no olhar da turca, como só sentia ao olhar para os olhos da mãe. Foi assim que tomou coragem.

- Mas eu quero ser que nem você, mamãe. – desabafou.

- Você só vai decidir isso por vontade própria e quando crescer. – argumentou. – Nada de influência dos seus avós. 

- Se você me conhecesse, saberia que os meus avós não têm a mínima influência! – esbravejou, antes de sair correndo.

- Atrapalhou algo? – perguntou Loren, ao chegar e abraçar Boskovic pela cintura.

A morena se remexeu desconfortável. As coisas já não estavam boas com a Hande, a Loren também não poderia piorar.

- Eu vou atrás dela! – se prontificou Boskovic, mas foi barrada pela mãe.

- Eu acho que não é a sua companhia que ela quer. – pesarou Verna.

- Com licença. – pediu Hande, sem encarar as duas.

Quando ela saiu da sala, encontrou a loirinha chorando atrás da pilastra.

- Ei, encrenca. – a chamou suavemente.

- Eu não quero que você me veja chorar! – esbravejou, chateada.

- Pode chorar a vontade, querida. – assegurou, se aproximando ainda mais dela. – que tal se a gente saísse daqui?

- A mamãe vai vir falar comigo. – respondeu chateada.

- Não vai, não. Pelo menos não agora. – disse e a menina lhe encarou pela primeira vez. – Vem comigo?

- Você não vai me sequestrar e pedir um resgate, vai?

- Eu vou sequestrar você e o cativeiro vai ser dentro do estúdio. – a respondeu. – Que tal?

- Eles vão achar você! – deduziu.

- Então eu vou ser a presa mais bonita de todo o estado de Nova York. – rebateu, fazendo a garotinha sorrir.

- Você não tem graça, Hande. – revirou os olhos.

- E você sorriu, que eu sei. – deu de ombros.  – Vamos?

- E o seu trabalho?

- Sua mãe e os seus avós estão com a engomadinha. – bufou. – acho que só vão precisar de mim mais tarde.

- Parece que você não foi com a cara dela. – observou. – Ela é bastante amiga da mamãe...

- Azar o dela! – bufou mal humorada. 

- Você gosta da mamãe? – debochou da turca.

- Psiu, fala baixo! Você vem ou não? – indagou, começando a caminhar para longe da menina.

- Estou bem atrás de você. – respondeu Rose. – Mas você não respondeu a minha pergunta.

- Sua mãe e eu somos conhecidas, pirralha. – revirou os olhos, seguindo para o quartinho que gostava.

- Então você só gosta dela como amiga...sei...- pontuou desconfiada.

- Exatamente. – abriu a porta para que a menina pudesse entrar. – Eu quero te mostrar algumas coisas.

Rose tirou os sapatos e pulou em cima da cama.

- O que seria?

Hande fez o mesmo que a garotinha. 

- Algumas músicas. – respondeu. – O que você mais gosta de ouvir?

A menina refletiu.

- Não sei. – confessou. – Eu não escuto músicas por vontade própria. 

- Como não? – indagou admirada.

- Eu não podia ouvir na escola, então não tenho o hábito. – deu de ombros.

- Você tem seis anos e não ouve música?

- É o que parece, Baladin! – revirou os olhos.

Hande refletiu.

- Vamos mudar essa realidade! – assegurou, buscando pelo celular e entregando para a menina, com o aplicativo de músicas aberto. – Segure.

A menina assim o fez.

- Existem vários gêneros musicais, como rock, pop, indie, jazz e entre outros. – explicou e Rose a olhava atentamente. – Que tal se você levasse o meu celular até o estúdio e ficasse ouvindo as músicas?

- Você faria isso? – perguntou chocada.

- Claro que sim. – respondeu calmamente. – Talvez em outro momento nós duas possamos ouvir músicas juntas.

- Eu aposto que você gosta das românticas...- Rose debochou.

- Nem mais um palavra, pirralha! – a repreendeu falsamente. 

- Está bem. Obrigada por me oferecer o seu celular, mas eu acho que a mamãe não vai gostar...

- Eu me entendo com ela, certo? – a interrompeu. – E eu vou acabar passando pelo seu estúdio, antes do meu expediente acabar e você ir embora.

- Promete?

- De dedinho. – segurou o dedinho da menina com o seu.

- Não sei se quero falar com a mamãe hoje. – argumentou. – Sem sermões por hoje.

- Mas esse é o papel dela, mocinha. – a avisou. – Todos os adultos são chatos. -  argumentou.

- Você é uma adulta, Hande. – revirou os olhos.

- Eu sou a exceção a regra! – se vangloriou. – Agora eu preciso te deixar no estúdio, antes que a sua avó me ache.

- Agora não vai ter como fugir!

- Obrigada, Rose. Ajudou muito a minha disposição. – zombou, direcionando a garota para fora da sala.

- Eu só estou querendo dizer que é impossível fugir da vovó. – se defendeu.

- Eu vou ter isso em mente. – pontuou, seguindo a garotinha que parecia um pouco mais animada com o fato de fazer algo diferente, graças a Hande. Já a turca se sentia feliz por proporcionar o mínimo de alegria para a menina.


















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