O restante do dia com a garotinha passou rapidamente e Hande a devolveu para a mansão da família Boskovic, já que Tijana estava viajando. Ao voltar para casa, a turca enfrentou uma chuva torrencial, mas conseguiu proteger a gatinha em sua caixa, antes que ela pudesse voltar ao carro.
No outro dia, Hande acordou se sentindo péssima, mas teria que estar nos estúdios bem cedo e assim o fez. Aproveitando que Verna ainda não havia chegado, ela seguiu para o quartinho que gostava, para tirar um pequeno cochilo, se as dores no seu corpo permitissem.
Não demorou muito para que a porta fosse aberta, revelando a garotinha que sempre era a primeira pessoa que a modelo via.
- Handem! – a repreendeu. – Nós vamos nos atrasar para o café! - continuou, indo em direção ao espelho para fazer as suas costumeiras tranças. – A vovó vai trazer aquela velha chata para ensinar você e hoje ele começará a explicar as técnicas de...- continuou a falar, mas se interrompeu, ao ver que a mulher não se mexia. – Handem?
A turca colocou apenas a cabeça para fora de suas cobertas.
- Sim? – respondeu num sussurro, depois soltou um espirro.
- O que ainda está fazendo aí deitada? – ralhou. – Nós vamos nos atrasar!
Ela se encolheu em suas cobertas, sentindo seu corpo estremecer.
- Eu...- tentou falar, mas espirrou novamente.
- É a aula mais importante para você! – tornou a ralhar, finalizando o seu penteado. – Você tem cinco minutos para ficar pronta, ou eu vou deixar você para trás.
A porta foi aberta novamente, revelando a morena elegante. Hande podia jurar que seus pulmões abandonaram suas funções ao encará-la, tão linda como jamais esteve.
- Mamãe! – Rose correu para abraçá-la. – Você cortou o cabelo!
- Cortei alguns centímetros. – a abraçou de volta.
- Está linda! – sorriu para a mãe. – Não está, Handem?
O olhar das duas se cruzaram pela primeira vez e Hande agradeceu por estar apenas com os olhos descobertos, porque ela tinha certeza que estava vermelha como um tomate.
- Está sim...- sussurrou.
Boskovic sorriu tímida.
- Bem, obrigada. – agradeceu. – Eu vim aqui porque a mamãe pediu pra eu te chamar.
- Eu acho que não vou poder ir.... – disse e rapidamente recebeu a atenção da garotinha.
- Como assim você não vai? – perguntou Rose.
Hande sentou-se na cama.
- Eu...
- É uma de suas aulas mais importantes...– tornou a pontuar.
- Solzinho...- espirrou, pelo que parecia ser a centésima vez. – Eu acho que estou ficando doente.
A morena encarou a filha, com a sobrancelha arqueada.
- Rose, avise a sua avó que a senhorita Baladin não irá comparecer as aulas hoje. – pediu.
- Você está doente, Handem? – pesarou, se aproximando da turca para abraçá-la. – Me desculpe por ter insistido.
Boskovic encarou a cena surpresa. Ela sabia que as duas estavam próximas, mas não sabia que era tanto assim.
- Eu vou avisar a vovó. – sussurrou, beijando o cabelo da mulher. – Mamãe, eu posso voltar para cá?
- Só se a Hande permitir. – respondeu.
- É claro que sim. – sorriu para a garotinha. – Você vai ser a médica hoje.
- Sério? – indagou animada. – Você é a melhor, Handem! – a beijou no rosto e correu porta a fora.
Tijana se aproximou da cama.
- Eu pensei que eu fosse a melhor. – disse sorrindo.
- Se você não gostar, eu posso...
- Não gostar de ver a minha filha gostando de outra pessoa que não seja a minha família? – a cortou. – Não se preocupe. Eu fico feliz que seja você.
- Obrigada. – sussurrou. – Ah, obrigada pelo presente de natal. – sorriu timidamente. – Feliz Natal para você também.
- Você gostou? – indagou animada. – Eu achei a sua cara...
- Eu não vou levar para o lado pessoal, Boskovic! – a repreendeu sorrindo. – Ela é um tanto esquisitinha.
- Oh, não. Não fisicamente. – se corrigiu. – Você é linda e a coitadinha está prejudicada. – completou e Hande desviou o olhar. – Foram a quantidade de remédios que a fizeram ficar daquele jeito.
- Eu pesquisei sobre...- ela se interrompeu ao espirrar. – Ai! – reclamou, ao sentir uma dor aguda na garganta.
- Handem...- falou se aproximando ainda mais da cama da turca. – O que há de errado?
- Eu sinto como se cada célula do meu corpo esteja doendo. – dramatizou. – E estou morrendo de frio.
- Também está com dor de cabeça? – perguntou, tendo uma breve ideia do que seria.
- Como você sabe? – perguntou surpresa. – Parece que a minha cabeça vai sair da minha caixa craniana! – choramingou, espirrando em seguida. – Droga! Eu acho que estou doente mesmo...
- Você ainda acha? – perguntou descrente.
A modelo claramente estava doente. Não só por seus espirros insistentes, mas o rosto dela todo vermelho confirmava tudo.
- Eu, - outro espirro. – acho que preciso ir a enfermaria. – suspirou quando sentiu um calafrio percorrer o seu corpo inteiro.
A morena a encarou profundamente, tentando se lembrar de sua agenda.
- Voltei. – disse Rose, trazendo um casaco enorme nos braços. – Eu peguei emprestado da vovó.
- Você fez o quê? – Hande perguntou surpresa. – Rose...
- A vovó não está doente, Handem. Você está. – se aproximou para lhe entregar o casaco.
Hande encarou a peça de roupa.
- Se vista. – pediu Boskovic. – Iremos o quanto antes.
- Iremos? – perguntou em dúvida.
- Sim, Baladin. – revirou os olhos.
- Mas você não vai estar ocupada?
- Quem liga para uma agenda estúpida? – rebateu Rose. – Nós vamos com você.
- Ela liga! – falou Hande. – Vocês não precisam ir comigo, eu posso ir sozinha.
Boskovic estreitou os olhos.
- Hande, você não vai sozinha. – disse. – Aposto que você vai correr de lá, na primeira oportunidade.
- Eu não faria isso! – mentiu.
- Não? – rebateu. – E se ela quiser aplicar uma injeção em você?
A turca pareceu horrorizada.
- Injeção? – perguntou. – Para o quê?
- Para você melhorar! – respondeu o óbvio.
- Quer saber? Eu já estou melhor! – disse, se levantando da cama rapidamente. – Oh, céus...- lamentou, ao sentir seus músculos reclamando de dor. – Eu só preciso de mais alguns minutos e estaremos prontas para irmos pro estúdio...- sussurrou, voltando a se deitar.
A morena suspirou profundamente, juntando toda a paciência que não tinha.
- Hande. – a chamou.
- Sim? – levantou a cabeça para olhá-la.
- Levante e vista esse casaco. – pediu. – Iremos a enfermaria.
A modelo gemeu frustrada e tentou levantar novamente, mas sem sucesso.
- Tijana...- bufou frustrada. – Eu não consigo levantar! – choramingou. – Tudo dói!
A morena suspirou novamente.
- Filha, ajude ela com o casaco. – pontuou friamente, ao perceber que, na verdade, a turca estava fazendo corpo mole, porque não queria ir a enfermaria.
Dois minutos depois, Hande estava pronta, parecendo ainda mais doente do que antes.
- Tijana...- chamou a atenção da outra.
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The loneliest
أدب الهواة[FINALIZADA] Que foi real em nós? Que houve em nós de sonho? De que Nós fomos de que voz O duplo eco risonho Que unidade tivemos? O que foi que perdemos?