Capítulo 10

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O restante do dia com a garotinha passou rapidamente e Hande a devolveu para a mansão da família Boskovic, já que Tijana estava viajando. Ao voltar para casa, a turca enfrentou uma chuva torrencial, mas conseguiu proteger a gatinha em sua caixa, antes que ela pudesse voltar ao carro.

No outro dia, Hande acordou se sentindo péssima, mas teria que estar nos estúdios bem cedo e assim o fez. Aproveitando que Verna ainda não havia chegado, ela seguiu para o quartinho que gostava, para tirar um pequeno cochilo, se as dores no seu corpo permitissem.

Não demorou muito para que a porta fosse aberta, revelando a garotinha que sempre era a primeira pessoa que a modelo via.

- Handem! – a repreendeu. – Nós vamos nos atrasar para o café! - continuou, indo em direção ao espelho para fazer as suas costumeiras tranças. – A vovó vai trazer aquela velha chata para ensinar você e hoje ele começará a explicar as técnicas de...- continuou a falar, mas se interrompeu, ao ver que a mulher não se mexia. – Handem?

A turca colocou apenas a cabeça para fora de suas cobertas.

- Sim? – respondeu num sussurro, depois soltou um espirro.

- O que ainda está fazendo aí deitada? – ralhou. – Nós vamos nos atrasar!

Ela se encolheu em suas cobertas, sentindo seu corpo estremecer.

- Eu...- tentou falar, mas espirrou novamente.

- É a aula mais importante para você! – tornou a ralhar, finalizando o seu penteado. – Você tem cinco minutos para ficar pronta, ou eu vou deixar você para trás.

A porta foi aberta novamente, revelando a morena elegante. Hande podia jurar que seus pulmões abandonaram suas funções ao encará-la, tão linda como jamais esteve.

- Mamãe! – Rose correu para abraçá-la. – Você cortou o cabelo!

- Cortei alguns centímetros. – a abraçou de volta.

- Está linda! – sorriu para a mãe. – Não está, Handem?

O olhar das duas se cruzaram pela primeira vez e Hande agradeceu por estar apenas com os olhos descobertos, porque ela tinha certeza que estava vermelha como um tomate.

- Está sim...- sussurrou.

Boskovic sorriu tímida. 

- Bem, obrigada. – agradeceu. – Eu vim aqui porque a mamãe pediu pra eu te chamar.

- Eu acho que não vou poder ir.... – disse e rapidamente recebeu a atenção da garotinha.

- Como assim você não vai? – perguntou Rose.

Hande sentou-se na cama.

- Eu...

- É uma de suas aulas mais importantes...– tornou a pontuar.

- Solzinho...- espirrou, pelo que parecia ser a centésima vez. – Eu acho que estou ficando doente.

A morena encarou a filha, com a sobrancelha arqueada.

- Rose, avise a sua avó que a senhorita Baladin não irá comparecer as aulas hoje. – pediu.

- Você está doente, Handem? – pesarou, se aproximando da turca para abraçá-la. – Me desculpe por ter insistido.

Boskovic encarou a cena surpresa. Ela sabia que as duas estavam próximas, mas não sabia que era tanto assim.

- Eu vou avisar a vovó. – sussurrou, beijando o cabelo da mulher. – Mamãe, eu posso voltar para cá?

- Só se a Hande permitir. – respondeu.

- É claro que sim. – sorriu para a garotinha. – Você vai ser a médica hoje.

- Sério? – indagou animada. – Você é a melhor, Handem! – a beijou no rosto e correu porta a fora.

Tijana se aproximou da cama.

- Eu pensei que eu fosse a melhor. – disse sorrindo.

- Se você não gostar, eu posso...

- Não gostar de ver a minha filha gostando de outra pessoa que não seja a minha família? – a cortou. – Não se preocupe. Eu fico feliz que seja você.

- Obrigada. – sussurrou. – Ah, obrigada pelo presente de natal. – sorriu timidamente. – Feliz Natal para você também. 

- Você gostou? – indagou animada. – Eu achei a sua cara...

- Eu não vou levar para o lado pessoal, Boskovic! – a repreendeu sorrindo. – Ela é um tanto esquisitinha.

- Oh, não. Não fisicamente. – se corrigiu. – Você é linda e a coitadinha está prejudicada. – completou e Hande desviou o olhar. – Foram a quantidade de remédios que a fizeram ficar daquele jeito.

- Eu pesquisei sobre...- ela se interrompeu ao espirrar. – Ai! – reclamou, ao sentir uma dor aguda na garganta.

- Handem...- falou se aproximando ainda mais da cama da turca. – O que há de errado?

- Eu sinto como se cada célula do meu corpo esteja doendo. – dramatizou. – E estou morrendo de frio.

- Também está com dor de cabeça? – perguntou, tendo uma breve ideia do que seria.

- Como você sabe? – perguntou surpresa. – Parece que a minha cabeça vai sair da minha caixa craniana! – choramingou, espirrando em seguida. – Droga! Eu acho que estou doente mesmo...

- Você ainda acha? – perguntou descrente.

A modelo claramente estava doente. Não só por seus espirros insistentes, mas o rosto dela todo vermelho confirmava tudo.

- Eu, - outro espirro. – acho que preciso ir a enfermaria. – suspirou quando sentiu um calafrio percorrer o seu corpo inteiro.

A morena a encarou profundamente, tentando se lembrar de sua agenda.

- Voltei. – disse Rose, trazendo um casaco enorme nos braços. – Eu peguei emprestado da vovó. 

- Você fez o quê? – Hande perguntou surpresa. – Rose...

- A vovó não está doente, Handem. Você está. – se aproximou para lhe entregar o casaco.

Hande encarou a peça de roupa.

- Se vista. – pediu Boskovic. – Iremos o quanto antes.

- Iremos? – perguntou em dúvida.

- Sim, Baladin. – revirou os olhos.

- Mas você não vai estar ocupada?

- Quem liga para uma agenda estúpida? – rebateu Rose. – Nós vamos com você.

- Ela liga! – falou Hande. – Vocês não precisam ir comigo, eu posso ir sozinha.

Boskovic estreitou os olhos.

- Hande, você não vai sozinha. – disse. – Aposto que você vai correr de lá, na primeira oportunidade.

- Eu não faria isso! – mentiu.

- Não? – rebateu. – E se ela quiser aplicar uma injeção em você?

A turca pareceu horrorizada.

- Injeção? – perguntou. – Para o quê?

- Para você melhorar! – respondeu o óbvio.

- Quer saber? Eu já estou melhor! – disse, se levantando da cama rapidamente. – Oh, céus...- lamentou, ao sentir seus músculos reclamando de dor. – Eu só preciso de mais alguns minutos e estaremos prontas para irmos pro estúdio...- sussurrou, voltando a se deitar.

A morena suspirou profundamente, juntando toda a paciência que não tinha.

- Hande. – a chamou.

- Sim? – levantou a cabeça para olhá-la.

- Levante e vista esse casaco. – pediu. – Iremos a enfermaria.

A modelo gemeu frustrada e tentou levantar novamente, mas sem sucesso.

- Tijana...- bufou frustrada. – Eu não consigo levantar! – choramingou. – Tudo dói!

A morena suspirou novamente.

- Filha, ajude ela com o casaco. – pontuou friamente, ao perceber que, na verdade, a turca estava fazendo corpo mole, porque não queria ir a enfermaria.

Dois minutos depois, Hande estava pronta, parecendo ainda mais doente do que antes.

- Tijana...- chamou a atenção da outra.

The loneliestOnde histórias criam vida. Descubra agora