Capítulo 16

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Chegamos ao fim. Como eu disse, seria uma fic menor, mas ganhou uma proporção maior.

Se você chegou até aqui, obrigada 💙


Mais uma semana havia se passado e as coisas estavam cada vez melhores com a filha mais velha da morena. É claro que ela não era tão amigável como Rose, mas já não era tão arisca como no começo e Hande agradecia mentalmente por isso.

Com relação a Tijana, elas dormiram juntas duas vezes naquela semana e a sérvia cogitou tirar férias para aproveitar melhor seu tempo com as filhas, mas também estava criando coragem para chamar a turca para um encontro.

Tudo parecia perfeito, até Hande se sentir mal pela quarta vez naquela semana.

- Você já procurou um médico? – indagou Zehra, realmente preocupada com a amiga.

- É só um enjôo insistente. – reclamou, se jogando em seu sofá.

- Quanto tempo faz que você anda enjoada? – insistiu, desconfiada.

- Uma semana, mais ou menos. – a respondeu.

- O quê mais você tem sentido? – quis saber.

- Um cansaço infernal. – explicou. – E um sono que eu não consigo controlar.

A outra turca arregalou os olhos.

- Hande, quando foi a sua última menstruação?

A modelo tentou se lembrar, mas sua memória andava falha demais.

- Eu não sei. – a respondeu. – Não consigo me lembrar.

- Consegue se lembrar a última vez em que esteve menstruada?

- O que está insinuando? – a encarou, sem entender.

- Que você esteja grávida. – pontuou, como se fosse óbvio.

- O quê?! – exclamou. – Eu não estou grávida!

Zehra a encarou, ainda desconfiada.

- Me espere aqui. – pediu. – Eu volto em alguns minutos.

Ela saiu do apartamento da amiga e voltou vinte minutos depois, com quatro testes de farmácia e entregou a sacola para Hande.

- São testes de gravidez? – indagou surpresa.

- Sim. Eu trouxe quatro, apenas para garantir o resultado. – deu de ombros. – Vá rápido fazer!

- Zem...- sussurrou amedrontada. – Eu não estou grávida!

- Hande, só há um jeito de sabermos. – rebateu. – Vá fazer os testes.

Mesmo contrariada, Hande foi até o banheiro se concentrar para fazer os quatro testes. Ela tirou todos da caixa e notou que eram de marcas diferentes.

- Eu não posso estar grávida...- sussurrou, com uma voz chorosa, sentando no vaso e fazendo os testes um por um.

Sem ter lido as instruções, ela não sabia quando daria positivo ou negativo, mas os testes que a amiga havia comprado era tecnológicos e um deles começou a apitar.

Hande fechou os olhos e suspirou profundamente, antes de criar coragem para olhar o teste. Assim que abriu os olhos, os outros começaram a apitar e a turca sentiu que desmaiaria ali mesmo quando viu o resultado dos quatro testes.

“Grávida 3 meses”

Tentando ficar de pé, ela se vestiu e se apoiou na pia de seu banheiro, vomitando tudo o que havia conseguido ingerir.

- Hande! – Zehra bateu na porta, preocupada. – Eu posso entrar?

- Pode...- falou baixinho, lavando a boca que estava com um gosto horrível.

Zehra abriu a porta e foi na direção da amiga e percebeu os exames feitos.

- Oh, Hande! – a abraçou como podia e sentiu a amiga se derramar em lágrimas. – Não é uma notícia boa?

- Como pôde acontecer? – indagou perdida. – Eu passei a tomar remédios quando ficamos sexualmente juntas com frequência.

- Antes de começar a tomar, vocês transaram quantas vezes? – perguntou, quando a amiga se afastou.

- Acho que duas...- tentou se lembrar. – Mas eu tomei a pílula do dia seguinte!

- Tomou nas duas vezes?

- Eu não lembro! – lamentou. – Por Alá, eu não sei o que fazer...

- Como assim, você não sabe o que fazer? Você tem que contar pra ela. – respondeu , como se fosse simples. – Se você não tivesse um metabolismo monstruoso, já daria para perceber que está grávida, então seria mais fácil...

- Eu engordei alguns quilos, mas eu pensei que tinha sido por ter saído da dieta. – explicou. – Como diabos eu vou contar para ela? Ela vai pensar que eu estou tentando dar o golpe da barriga, como as mães das meninas fizeram!

- Ela não pensaria isso de você. – tentou consolar a amiga.

- Eu pensaria isso de mim. – rebateu.

- Ok e o que você pretende fazer? Um aborto?

- Não! – rebateu a ideia absurda para ela. – Eu vou embora.

- O quê? Vai embora para onde?

- Eu vou voltar para a Turquia.

(...)

“Um mês depois”

Havia se passado um mês desde que Hande havia ido embora, sem dizer o motivo e dar satisfações no seu trabalho.

Nesse meio tempo, Tijana se perguntava a todo momento o que poderia ter acontecido e porque a turca havia tratado ela como descartável, simplesmente ter ido embora sem se despedir e lhe explicar o motivo. Mas, o que mais pesava para a morena, era ver a sua loirinha triste todo o tempo. Bella tentava fazer com que a irmã interagisse com ela, mas nada adiantava: Rose sempre perguntava quando Hande iria voltar e se iria demorar muito.

Boskovic se fechou totalmente no trabalho e esquecia as horas das refeições ou mal tinha vontade de comer, apenas as suas doses de whisky parecia a completar e satisfazer a sua solidão. Afinal, ela tinha se afeiçoado aquela mulher tão diferente dela, que fazia com que seus dias fossem melhores.

- Eu não aguento mais ver ela assim. – bufou Vargas, se jogando ao lado de Zehra no sofá. – Eu vou cobrar caríssimo a sua amiga, pode esperar!

- Você não vai fazer isso. – rebateu, tentando manter a calma.

- Vou sim! – insistiu. – Ela não tinha o direito de ir embora assim. – continuou. – A multa contratual será triplicada.

- Melissa, ela não foi embora porquê quis! – a repreendeu e Simge não sabia o que fazer para apaziguar os animais das duas.

- Não quero saber os motivos dela. Aliás, se ela quisesse que a gente soubesse, teria explicado!

- Você está sendo egoísta!

- Ela quem foi egoísta! – insistiu. – Abandonou tudo e foi embora!

- Porquê ela está grávida! – respondeu um pouco mais alto e a cubana a olhou surpresa.

- O quê? – perguntou Tijana, parada na porta de sua sala.

Zehra arregalou os olhos quando percebeu a presença da morena.

- Zehra, venha até a minha sala. – pediu, voltando a entrar.

- Me aguarde, Vargas! – ameaçou, antes de segui-la.

- Pode sentar na minha frente. – pediu e ela o fez. – Explique o que eu acabei de ouvir, quando sai para checar o que estava acontecendo na minha recepção.

- Você não devia ter ouvido nada. – respondeu.

- Entenda, não quero que você entenda como ameaça, mas eu posso achar a Hande em qualquer buraco que ela tenha se enfiado. – explicou. – Eu só não fiz isso antes, porque estava respeitando o espaço dela.

- Tijana...

- Ela está grávida? – insistiu.

- Sim, mas não é seu. – mentiu.

Tijana sorriu abertamente, como não fazia há dias.

- De quanto tempo?

- Não importa. – rebateu. – O filho não é seu!

- Você está mentindo. – disse friamente, deixando de sorrir. – Ela não esteve com ninguém além de mim.

- E o que você vai fazer? – perguntou com raiva. – Vai prossegui-la para tirar as crianças dela, assim como fez com as mães das suas filhas? Não funciona assim na Turquia, sabia?

Boskovic só havia prestado a atenção em uma coisa: a mulher havia falado “crianças”, no plural.

- Crianças? – quis saber.

- É uma gravidez gemelar. – explicou. – São duas meninas.

A morena ficou atônita por alguns segundos. Gêmeas? Quando iria imaginar que isso aconteceria?

- Günes, eu quero que me explique uma coisa. – pediu. – Por que ela foi embora?

Zehra se retraiu.

- Eu não vou fazer o que quer que vocês duas imaginaram, Zehra. Apenas quero saber o motivo. – tentou apaziguar a situação.

- Ela teve medo. – falou baixinho.

- Que eu fosse tirar os bebês dela? – perguntou, verdadeiramente magoada.

- Isso fui eu quem disse. – rebateu. – Ela teve medo de que você pensasse que ela engravidou de propósito, assim como as mães das meninas fizeram. E que, com a gravidez, ela fosse tirar dinheiro te tirar dinheiro e deixar o bebê.

- Mas isso é ridículo! – se defendeu. – Eu jamais pensaria isso.

- Tem certeza?

- Como dois e dois são quatro. – respondeu. – Mas eu não vou julgá-la por pensar assim. – completou. – Já que isso sempre aconteceu.

Zehra assentiu.

- Eu gostaria de conversar com ela. – pediu Tijana.

- Não sei se será possível...- tentou fugir.

- Por favor, Zehra. Eu quero fazer a coisa certa e não procurar por ela. – justificou. – Eu preciso tirar essa ideia de que ela é igual a todas as outras e... os bebês são meus também! Eu quero poder cuidar dela durante o restante da gravidez e quero estar presente quando elas nascerem.

Zehra refletiu sobre as palavras da chefe e percebeu que a amiga não tinha nada a perder e que ela precisava ouvir a mulher que tanto sentia falta e que era completamente apaixonada.

- Anote o endereço.


(...)


“Dois dias depois”

Hande olhou para os exames que havia feito com um olhar satisfeito: as bebês continuavam bem. Por sorte, o uso continuo dos anticoncepcionais foi interrompido a tempo e a saúde e desenvolvimento das bebês estavam impecáveis.

Quando ela pensava que eram dois e eram duas meninas, se lembrava do dia em que havia descoberto e que quase teve um infarto ao saber. Mas agora ela já tinha se acostumado com a ideia e suas duas menininhas já eram amadas por ela antes mesmo de nascer.

Ao pensar nas duas filhas, se lembrava sempre da outra mãe e das duas meninas: Rose e Bella. Como ela sentia falta delas, principalmente de seu pequeno raio de sol. Por vezes pensava em como Rose reagiria ao saber que teria mais duas irmãzinhas.

Em meio aos seus devaneios, a turca escutou a campainha de seu apartamento tocar, então ela se arrastou para atender.

Logo depois de abrir a porta, ela teve uma surpresa.

- Você?





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