03| A garota da capa vermelha.

227 11 5
                                    

| Los Angeles, Hollywood
Domingo - Noite.
Às 07h48.

Depois de arrumar minhas coisas junto com a Liby, ao final de tudo começamos a assistir os aleatórios da TV. E obviamente não estava passando nada de interessante. Só alguns filmes bobos e idiotas. Nossa atenção foi roubada pelo toque do celular da Liby, que não demorou a atender.

ㅡ Alô? Oi, chefe! ㅡ Revirou os olhos, virando-se na direção da janela. Aquela janela dava para ver boa parte daquela região, onde tinha vários edifícios. ㅡ Estou com minha irmã, o que aconteceu? Jura? ㅡ Seu tom era cabisbaixo. Provavelmente era algum tipo de emergência. ㅡ Ok, tudo bem, já estou indo. Me dê 15 minutos.

Liby desligou o telefone em um suspiro longo, voltando a me olhar.

ㅡ Desculpa, Sol. Eu queria poder ficar com você o dia inteiro, porém, o dever me chama. ㅡ Justificou-se, me olhando com um olhar de desculpas.

ㅡ Fique tranquila, Liby, eu entendo. ㅡ Balancei a cabeça, garantindo que estava tudo bem. ㅡ Acho que é uma boa ideia terminar sozinha com músicas.

ㅡ Ah, ok! ㅡ Pegou sua bolsa de cima do sofá, colocando em cima do seu ombro. ㅡ Amanhã chego aqui bem cedinho.

ㅡ Já vou estar acordada, juro.

ㅡ Até amanhã, mana! ㅡ Lançou um beijo na minha direção, correndo em direção ao elevador.

Acenei para ela, esperando a porta se fechar, entrando de volta no apartamento quando isso aconteceu. Encarei o pequeno cômodo onde eu estava, passando meus olhos por cada móvel ali sentindo uma sensação gostosa encontrar meu peito.

Era estranho me ver hoje fora do Rio de Janeiro, porém, ainda sim era gratificante ver que eu já tinha realizado boa parte dos meus planos e sonhos. Em um apartamento... Em Los Angeles!

Soltei uma risada pelos meus próprios pensamentos, passando a mão pela minha cabeça ao sentir os fios loiros desengrenhados. Tomei um banho quente rápido, ainda me acostumando com a temperatura ambiente, vestindo meu pijama de gatinhos fofos quando sai de lá.

Seria a primeira noite no meu apartamento novo e não podia faltar uma bela noite de filmes e guloseimas.

Liby me avisou que me ajudaria nos primeiros meses ali, até que eu achasse um emprego válido para começar a me sustentar verdadeiramente. Por sorte, ter economias guardadas me ajudavam o suficiente com as despesas da faculdade.

Vasculhei o armário em busca de qualquer que fosse algo comestível para comer, no entanto, percebi que deveria me acostumar com o território americano. A culinária daqui é, definitivamente, diferente.

Depois de tanta tentativa, resolvi deixar para aprender no dia seguinte e optei pelo mais prático. Macarrão instantâneo ou, simplesmente, miojo.

Coloquei a água no fogo, voltando a sala para pegar meu telefone. Viver a base da música era um dos meus moods favoritos, então eu não conseguia fazer nada sem ouvir pelo menos uma melodia gostosa.

À música Dusk Till Dawn de Zayn Malik e Sia começou a ecoar pelo apartamento pequeno, me permitindo sorrir e começando a cantarolar.

O miojo não demorou a ficar pronto, com sua praticidade. Coloquei com cuidado em cima da mesinha de centro, colocando algo embaixo para não atingir a vidraria. Voltei para a cozinha puxando um suco de caixinha ㅡ tal esse que tinha duas fileiras inteiras desse suco ㅡ , me sentando no chão com o controle após pegá-lo.

Procurei pelos catálogos de filmes naquela TV, sorrindo abertamente ao encontrar uma relíquia de 2011. A garota da capa vermelha estava começando, enquanto eu soltava um suspiro aliviado ao ter o que assistir naquela noite.

O filme já estava quase terminando quando um falatório horrível veio do lado de fora, o que me fez resmungar pelo barulho. Odeio quando interrompem meus filmes.

Voltei a atenção no filme quando um som alto de música eletrônica começou a sooar, fazendo-me da um pulo do sofá de susto. Olhei para a TV, no entanto, nenhum som estava saindo. Afinal, à música alta do lado de fora interrompia. Só conseguir ver os lábios dos personagens se mexendo.

Tentei por longos minutos prestar atenção no filme, para conseguir ouvi-lo, mas não dava do mesmo jeito. Grunhi de raiva me levantando do sofá, saindo do meu apartamento e percebendo que vinha da porta bem em frente a minha.

Até percebi luzes coloridas atravessando a parte debaixo da porta.

Bati com meu punho fechado na madeira, já podemos imaginar a vermelhidão do meu rosto pela irritação. Ou talvez até fumaça pelos ventas, quem sabe.

Até que... À porta se abriu.

Quando a porta se abriu quase que, literalmente, meu queixo foi no chão ao ver a divindade que surgiu. Ele era um homem, exageradamente, alto. Seus ombros eram tão largos quanto seus braços musculosos, além de uma pele bronzeada. Seu maxilar era travado, com uma boca perfeitamente desenhada. Íris azuis completavam seu contraste facial, além de cabelos castanhos e lisos.

ㅡ Desculpe, mas aqui não é a festa do pijama. ㅡ O homem riu, me analisando dos pés a cabeça.

Puta merda, esqueci do pijama!

ㅡ Não estou interessada nessa festa idiota ㅡ Ergui meu queixo, cruzando os braços na intenção de tapar meus seios.

ㅡ Então, por quê bateu aqui? ㅡ Encostou-se na ombreira da porta, repetindo meu ato de cruzar os braços.

ㅡ Porquê eu quero assistir... ㅡ Respiro fundo para me acalmar, no entanto, era impossível. ㅡ Mas não tá dando, moço, porque você tá com esse maldito som nas alturas!

ㅡ Sinto muito, mas... Festa sem som alto não é uma festa. ㅡ Soltou, ironicamente, com a clara intenção de debochar de mim.

•••
Estão gostando da versão melhorada?

Meu Vizinho | Reescrito.Onde histórias criam vida. Descubra agora