| Los Angeles, Hollywood
Quinta-feira - Tarde.
Às 13h05.ㅗ
ㅡ O que vamos almoçar? ㅡ Perguntei, passando pela porta do meu apartamento, sendo seguida pelo Noah. ㅡ Não sei você, mas eu costumo almoçar esse horário.
ㅡ O que acha de uma pizza? ㅡ Noah sugeriu, deixando a mochila dele em cima do meu sofá.
ㅡ Pizza, Noah? ㅡ Indaguei, enrugando minha testa à contragosto. ㅡ Almoço de verdade, cara, de verdade!
ㅡ Prefere pizza de quatro queijos?
ㅡ Argh... Já odeio a cultura americana. ㅡ Resmunguei, passando a mão pelo meu cabelo para prendê-lo. ㅡ O que você costuma comer nesse horário?
ㅡ Lanches no geral. Pizza, hambúrguer, esses podrões que tem por aqui. ㅡ Explicou, gesticulando. Aquilo fazia minha careta ficar maior, pois não era nada acostumada a isso. Chegar em casa no horário do almoço e sentir o cheiro de uma carne de panela ser feita era a melhor sensação.
ㅡ E você não teve uma anemia por isso? ㅡ Desdenhei, torcendo meus lábios. ㅡ Vocês, americanos, precisam urgentemente de comida de verdade.
ㅡ Então, quer dizer que... ㅡ Noah se aproximou de mim em passos rápido, parando na minha frente com um sorriso convencido. ㅡ Quer dizer que vai cozinhar para mim, vizinha?
Ergui meu dedo indicador, cutucando seu peitoral.
ㅡ Não se acostume, ok? Eu só cozinho coisas assim quando é dias importantes, como festas. ㅡ O encarei, erguendo meu dedo para seu rosto. Noah seguiu o movimento do meu dedo, ficando vesgo ao ver perto do seu rosto. ㅡ Senta lá e começa a preparar a mesa do estudos.
ㅡ Não vai demorar?
ㅡ Não, são coisas simples e práticas. ㅡ Lavei minhas mãos na pia, abrindo o freezer em seguida. Tirei de lá a carne vermelha, desembalando ela e colocando em cima da tábua de cortes. ㅡ O costume é tanto que se faz em uma rapidez impressionante.
Noah soltou uma risada, sentando-se no sofá.
ㅡ Quer que eu coloque uma música?
ㅡ O que? Mas, você não sabe...
Fui pega de surpresa quando a música Nocturne Op. 9, do Chopin, começou a soar pelo apartamento.
ㅡ Você procurou pela música?
ㅡ Não vou ficar sem fazer nada quando eu lhe ver irritada agora, vizinha. ㅡ Declarou, com sua voz saindo grave e suave, como se fosse parte da música.
Voltei minha atenção a carne, começando a cortá-la para temperá-la. Se eu continuasse prestando atenção em cada palavra dita pelo Noah, me perderia nos meus próprios pensamentos, corando e me sentindo tímida por isso.
ㅗ
ㅡ Um exemplo de economia comportamental.
ㅡ Hm... ㅡ Mordi meu lábio inferior, andando de um lado para o outro ao tentar lembrar. ㅡ Relacionado às finanças comportamentais, estuda os efeitos de fatores psicológicos, sociais, cognitivos, emocionais e... ㅡ Parei de andar quanto eu perdi o raciocínio, imaginando como seria travar na frente dos alunos e do próprio professor. ㅡ Argh!
ㅡ Sol, você está pensando demais em amanhã. ㅡ Noah deixou o papel de volta a mesa, me encarando. ㅡ Assim o seu esforço não vai adiantar. Você está tão nervosa focada em seus erros, que você mesmo se atrapalha em raciocinar. Isso não é um bicho de sete cabeças.
ㅡ São mais, afinal, tem os alunos e o professor. ㅡ Soltei com força, esfregando minha mão. Suspirei quando percebi minha resposta. ㅡ Desculpa, Noah.
ㅡ Nem precisa se desculpar, Sol, eu sei que você está nervosa. ㅡ Assegurou, arrumando a almofada ao seu lado. ㅡ Senta aqui. Ainda temos algumas horas até o jantar, então podemos estudar e treinar mais.
ㅡ Você não tem compromissos hoje? ㅡ Sentei-me ao seu lado, virando-me em sua direção. ㅡ Não quero te encher com meus problemas facultativos, Noah, juro. Pode ir embora se estiver ocupado.
Noah balançou a cabeça, tocando a mão no meu ombro. A acaricia de seus dedos ásperos em minha pele quente me arrepiou por inteira, levando meus olhos diretamente até os dele, como estava acontecendo frequentemente.
ㅡ Dane-se os compromissos, Sol. Estou aqui com você, né? ㅡ Se aproximou, respirando tão fundo e tão irregular como eu. ㅡ Só vamos terminar esses estudos quando você estiver com esse texto na cabeça e sabendo que vai arrasar amanhã.
ㅡ Mesmo que isso só aconteça na madrugada?
ㅡ Eu fico até a madrugada com você, não se preocupe. ㅡ Seus lábios gélidos tocaram em minha testa, me fazendo suspirar em desgosto.
No fundo, sabia que queria que aquele beijo fosse em outro lugar.
•••
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Meu Vizinho | Reescrito.
RomanceRealizar seu grande sonho de se mudar para L.A, Hollywood, era o que a Sol queria. Determinada, batalhadora, sonhadora, batalhou tanto para que seu sonho se tornasse realidade que no final... se tornou. Claro, nenhum caminho é fácil, o dela também...