Meu Vizinho | Reescrito.

01| A viagem.

ㅡ Vou sentir saudades, madrinha. ㅡ Assegurei, passando os dedos pelas minhas bochechas molhadas pelas incontáveis lágrimas.

O aeroporto do Rio de Janeiro estava bem cheio, considerando que não era época dos turistas. O Carnaval já tinha passado, até mesmo as festas de São João.

ㅡ Eu também Sol, mas não se preocupe comigo. Vai curtir os lugares de Los Angeles, sei que estará realizando seu sonho. ㅡ Minha madrinha, Safira, acariciou minha bochecha com um sorriso no rosto.

Minha madrinha é a única pessoa que eu tenho no mundo, tirando a minha irmã mais velha que está me esperando em Los Angeles.

A voz robótica ecoou pelo aeroporto, anunciando a partida do voo para Los Angeles.

ㅡ Tá na hora né? ㅡ Perguntei rindo, ouvindo sua risada graciosa em seguida.

ㅡ Adeus, Sol. ㅡ Ela me abraçou pela última vez. Vou sentir saudade daquele abraço.

ㅡ Adeus madrinha. ㅡ Dei-lhe um beijo em sua bochecha de despedida, com o coração apertado em deixá-la. No entanto, o seu apoio em realizar meu sonho era maior.

Me despedir dela e corri para a minha cabine. Ao entrar no avião quase dei um gritinho de satisfação ao perceber que, a qualquer momento, pousaria nos Estados Unidos pela primeira vez. Em busca do meu próprio destino.

Eu tenho uma irmã mais velha, que atualmente tem 25 anos. A mesma saiu do Rio com a mesma idade que eu, com 21, dando início ao nosso sonho de vir junto para Hollywood.

Minha irmã, Liby, quando ela começou a estudar encontrou um apartamento bem aconchegante. Porém, quando ela completou seu curso ela teve que se mudar para um prédio onde dividiria com seus colegas de trabalho. Agora que estou indo, o apartamento ficará para mim.

Meu pai foi contra isso desde sempre, mas eu não me importei, honestamente. O homem que dizia ser meu pai nunca esteve presente em nenhum momento, mesmo com minhas tentativas contínuas de reaproximá-lo. Afinal, ele era meu pai... E eu já estava sem minha mãe naquela época.

Só houve um momento que ele se aproximou de mim verdadeiramente, depois de anos, me entregando uma caixa de presente no meu aniversário de 10 anos. Era uma caixinha de música, onde uma bailarina rodopiava.

Até hoje eu guardo como uma lembrança do momento que eu nunca vivi com ele. Ou talvez, só talvez, eu tenha guardado aquelas lembranças bem no fundo da minha mente com aquele abandono repentino dele. E a pergunta que está na sua cabeça agora? Minha mãe? Bom, não faço a mínima ideia. Lembro bem pouco da minha mãe, pois quando ela foi embora eu só tinha 5 anos. Já se passaram 16 anos desde sua partida, então as lembranças se esvairam com o tempo.

No entanto, eu não quero reviver o passado e chorar de tristeza. Eu quero chorar de alegria. Pois... Eu tô indo para Los Angeles. Uma cidade onde sempre sonhei em morar e, definitivamente, aquele sonho estava prestes a se tornar realidade.

Encostei a minha cabeça na janela sentindo meu peito aquecer, em seguida fechei meus olhos para dormir.

ㅗ

Acordei quando o avião pousou no território americano, passando a mão pelo meu rosto na tentativa de despertar-me. Prendi meu cabelo seguindo as pessoas saindo do avião, sentindo meu coração palpitar freneticamente pela ansiedade. Sempre sonhei com esse momento.

Ao sentir o vento gélido da noite batendo contra meu corpo ㅡ era uma noite estrela naquele céu americano ㅡ, pude ver algumas pessoas no aeroporto. Passei meus olhos por toda aquela multidão procurando por uma cabeleira loira, assim como a minha, com seu estilo lindo.

Até que seus belos olhos azuis se encontraram-se com os meus, sorrindo abertamente enquanto acenava na minha direção. Liby continuava a mesma coisa, completamente arrumada com seu estilo único.

ㅡ SOOOOOL!!! ㅡ Ela gritou vindo em minha direção correndo.

ㅡ Liiiibyyy!! ㅡ Grito também correndo em direção da mesma com um sorriso.

ㅡ Finalmente você chegou, cara, estou te esperando já séculos! ㅡ Choramingou repetidamente, balançando sua cabeça em negação. Sua ação me fez olhá-la com a sobrancelha erguida, conhecendo ela muito bem. Liby era a rainha do drama... Literalmente. ㅡ Argh... Ok, só faz 5 ou 6 minutos. Mas, ainda sim, é muita coisa!

ㅡ Dramática. ㅡ Ri da mesma.

ㅡ Ok, ok, já podemos ir. Temos um longo caminho até o apartamento e estou ansiosa para mostrá-lo! ㅡ Seu tom de empolgação voltou quando ela puxou uma das minhas malas, segurando meu braço em seguida. ㅡ Sério... Está tão fofinho, Sol. Igualzinho a você.

ㅡ Não vejo a hora de vê-lo ㅡ Peguei a outra mala, sendo puxada pela Liby em direção a saída.

Desviamos de muitos americanos pelo caminho curto até a saída, sem deixar de notar o quanto eles eram diferente dos brasileiros. Não fisicamente, mas sim em questão de porte. Nenhum brasileiro ficaria em silêncio em um aeroporto tão grande quanto esse.

ㅡ É seu? ㅡ Indaguei, assim que paramos em frente ao carro prata. Ele era bem bonito e calibrado, porém, eu não entendia absolutamente nada. Só conseguia ver o quanto ele era bonito e, consequentemente, chique.

ㅡ Sim! Não é um máximo? ㅡ Alegrou-se, puxando a mala para colocá-la no portas. ㅡ Eu comprei recentemente, não aguentava mais os taxistas.

ㅡ Ue, elas não são simpáticos?

ㅡ Nenhuma americano é simpático, Sol, muito menos os que vieram diretamente de NY. ㅡ Fechou o porta, apertando o botão de sua chave. ㅡ Entra e aproveita essa belezura!

ㅡ Caraca. ㅡ Ri fechando a porta do carro.

ㅡ E então? ㅡ Perguntou colocando as mãos no volante, me fazendo olhá-la na mesma animação que ela. ㅡ Quais são os planos?

Eu conseguia ver nitidamente a felicidade estampada nos olhos da minha irmã. Aquilo aquecia meu coração.

ㅡ Hm... Estudar bastante. A faculdade de economia pode me trazer sérias dores de cabeça. ㅡ Murmurei, podendo sentir o carro em movimento.

ㅡ Queria voltar a época da faculdade.

ㅡ Porque? Não é bom ter quase 30 anos? ㅡ Interpelei, estranhando seu comentário.

ㅡ As vezes é, sabe? Ter a sua responsabilidade, ter a sua vida própria, mas o trabalho é um saco! ㅡ Ela falou revirando os olhos. ㅡ Sem contar com as semanas criando roupas... Mesmo sem inspiração.

ㅡ Não vejo a hora de ter quase 30 com a minha carreira formada e uma vida ganha ㅡ Rebati, debochando nitidamente do seu comentário.

ㅡ Chegue na fase dos 30 e eu te juro que vai querer voltar a fase dos 15. Juro.

•••
Bem-vindos a nova fase de Mv!

Enjoooy.