54| Esse é o cara da moto?

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| Los Angeles, Hollywood
Sábado - Manhã.
Às 09h29.

ㅡ Permanentemente? ㅡ Repeti, passando a bolsa por cima da minha cabeça quando desci do carro após Liby estacionar na garagem do restaurante. ㅡ Liby, você não me avisou nada disso!

ㅡ Era surpresa, boba!

ㅡ Surpresa??? ㅡ A encarei, sentindo uma raiva surgir quando notei sua expressão de naturalidade como se não estivesse acontecendo nada. ㅡ Liby, o combinado não foi esse! Era só uma sessão!

ㅡ Desculpa, Sol, não sou eu quem decide isso.

Parei no meio do estacionamento, sentindo minha respiração falhar pelo nervosismo que me atingiu em cheio. Eu odiava ser pega de surpresa nessas situações. Odiava. Na maioria das vezes, as surpresas que as pessoas faziam para mim eram ruins, causando desconfianças e um leve trauma.

Minha mãe foi embora de surpresa. Meu pai se afastou de mim de surpresa. Alguns colegas do ensino médio me pregaram uma peça, me prendendo no armário com a desculpa esfarrapada de ser os 7 minutos no paraíso.

Eu passei três horas naquele armário sozinha, porque fui pega de surpresa, então aquilo me deixou assustada. Era horrível ser pega de surpresa.

ㅡ Sol, vamos!

Grunhi, apertando meus dedos.

ㅡ LIBY! ㅡ Gritei pelo seu nome, fazendo ela parar de andar. ㅡ Por quê você não me avisou antes??? Eu... eu não sou modelo, Liby! Não tenho corpo nenhum de modelo, não me familiarizo com as câmeras, muito menos gosto de passarelas! Por quê não disse isso a eles???

Liby soltou um suspiro longo, voltando a se aproximar.

ㅡ Sol, é uma oportunidade única de fazer sua vida mudar.

ㅡ Eu não sou modelo. ㅡ Concretizei, esfregando minha nuca quando senti meu sangue quente.

Liby balançou à cabeça em negação.

ㅡ Por quê você não dá uma chance? ㅡ Questionou, tocando em meu ombro. ㅡ Você ficou tão feliz no meio da sessão. Eu vi seu sorriso, Sol, vi que você adorou ficar atrás das telas.

Encolhi meus ombros, soltando um suspiro cabisbaixo.

ㅡ Liby... ㅡ Apertei o tecido do meu vestido, nervosamente. ㅡ Eu não sei se eu só apta para esse mundo público. Tipo, eu me olho no espelho e posso me sentir bonita, mas basta eu ver outras mulheres esbeltas que eu acabo percebendo que não sou nada comparada à elas.

ㅡ Sol, pelo amor de Deus, não volte a se comparar assim! ㅡ Implorou a Liby, pegando em meus ombros. ㅡ A pior coisa que uma mulher pode fazer consigo mesma é se comparar. Eu sei que é difícil, até entendo, já tive essa época... Mas todas nós mulheres temos nossa beleza exterior e interior. Você é linda, Sol, não ouse se comparar desse jeito com outra mulher.

ㅡ Você fala assim porque é minha irmã.

ㅡ Eu tenho propriedade para falar, oras! ㅡ Me abraçou de lado, caminhando do meu lado na direção do restaurante. ㅡ Eu vejo sua beleza exterior, também vejo a interior. Como eu disse, cada mulher tem uma beleza única, assim como você também tem.

Mordi meu lábio inferior quando eu vi que já entrávamos no restaurante, caminhando pelo salão em direção a uma mesa.

ㅡ Eu quero seu bem, então quero sua felicidade. ㅡ Liby tocou em minha mão, entrelaçando nossos dedos. ㅡ Saiba que, seja lá qual for sua decisão, eu vou te apoiar.

Engoli em seco quando vi que nos aproximavamos de um grupo de pessoas chiques sentados à mesa, com dois homens e mais uma mulher que sorria despojadamente. Eles riam alto, na verdade.

Ok, nunca pensei que me sentiria tão dividida daquele jeito.

Desde sempre venho enfrentando problemas com aparições públicas, principalmente na questão de trabalhos na Universidade. O primeiro daquele semestre foi por pura sorte, onde Noah me ajudou de todos os jeitos possíveis e usou suas palavras bonitas para me convencer que eu conseguiria.

Quando eu fiz aquela sessão foi exatamente a mesma coisa, Noah me apoiou. Ele afirmou com todas as letras que, se é algo que me faz feliz, ele vai tá do meu lado para me apoiar em qualquer situação.

E aquela era uma dessas situações.

No entanto, uma parte de mim temia. Eu temia caso eu não fosse o suficiente para aquele lugar, onde eu tenho que ser fotografada de todos os jeitos possíveis, assim também como aparecer em diversos jornais ou algo do tipo. O que eu faria??

ㅡ Oi, gente! ㅡ Liby sorriu abertamente para eles. ㅡ Essa é minha irmã, Sol Fernandes, aquela que estavam ansiosos para ver.

Todos eles me olharam com um sorriso.

ㅡ Meu Deus, ela é ainda mais linda de perto! ㅡ A mulher levantou-se, com um sorriso imenso. Minhas bochechas ficaram quentes. ㅡ Eu sou a Courteney.

ㅡ E eu sou o Alec.

ㅡ Fred.

Infelizmente ㅡ Liby resmungou, puxando a cadeira para sentar-se ao lado do tal Fred. ㅡ Não era seu pai que deveria estar aqui?

Courteney me puxou para que eu sentasse entre ela e Alec, que sorriu para mim de um jeito tímido.

ㅡ Eu que vou assumir os negócios dele a partir de agora, ou tá com amnésia? ㅡ Fred rebateu, cruzando os braços olhando para minha irmã.

Liby torceu os lábios para o garoto.

ㅡ Eu só estava querendo me livrar de você, na real.

ㅡ Espera... ㅡ Olhei para minha irmã, que comprimiu os lábios em indignação. ㅡ Esse é o cara da moto?

ㅡ O próprio. ㅡ Fred lançou um sorriso convencido, ao mesmo tempo que Liby revirou os olhos.

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Meu Vizinho | Reescrito.Onde histórias criam vida. Descubra agora