27| O beijo.

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| Los Angeles, Hollywood
Sexta-feira - Noite.
Às 19h45.

Como eu já imaginava, o céu estrelado iluminava tudo quando chegamos ao letreiro. Noah estendeu a toalha vermelha e branca, me ajudando a tirar as comidas e as bebidas de dentro da cesta.

Sentei sobre a toalha, me pegando olhando o horizonte bonito que se estendia pela cidade. Além das estrelas, da lua e do letreiro, os prédios da cidade estavam perfeitamente acesos deixando um ar lindo.

Los Angeles é uma cidade, extremamente, linda.

ㅡ O que você tanto pensa, vizinha? ㅡ Voltei a mim quando Noah questionou, estalando os dedos em frente ao meu rosto.

ㅡ Na lindeza dessa cidade ㅡ Apontei, com meu coração na boca. ㅡ Eu fico deslumbrada toda vez que eu lembro que consegui chegar aqui. Alguns duvidaram do meu sonho, principalmente meu pai, então é gratificante chegar aqui e ver o quanto eu lutei mesmo com as dúvidas dos alheios.

Noah se aproximou de mim em silêncio, pegando na minha mão em cima da minha coxa e entrelaçou nossos dedos.

ㅡ Seu pai duvidou de você?

ㅡ Argh, Noah, família é um pouco complicado. ㅡ Suspirei, fixando meus olhos em nossos dedos. ㅡ Eu nunca conheci minha mãe. Ela foi embora quando eu era bem nova, então eu não tenho lembrança alguma dela, o que resultou em uma mágoa tão grande do meu pai. Acho que ele me culpa pelo sumiço dela, porque desde o dia que ele foi embora, me deixou nas costas de minha madrinha e se afundou totalmente no trabalho.

ㅡ Sua madrinha?

ㅡ O nome dela é Safira. Era a melhor amiga da minha mãe, então eu fui criada por ela desde os meus 7 anos. ㅡ Completei, sentindo meu peito se apertar pela saudade. ㅡ Liby e ela são a única família que eu tenho.

ㅡ E seus avós? Tipo... Não conheceu nenhum?

ㅡ Só na minha fase bebê, na verdade. Depois que a minha mãe foi embora todo mundo se afastou, perdendo o brilho da família inteiramente. ㅡ Continuei, sentindo um arrepio ser enviado até a minha coluna quando Noah se aproximou mais. ㅡ E, sendo honesta, não ligo para nenhum deles mais. Tenho a certeza que se eles quisessem me apoiar, iriam vir falar comigo com o passar do tempo, mas hoje em dia não faço questão. Eu já tenho minha família.

ㅡ E eu?

ㅡ O que tem você? ㅡ O encarei, engolindo em seco ao vê-lo tão perto.

ㅡ Faço parte da sua família também?

Mais do que imagina.

ㅡ Sim, Noah. ㅡ Deixei um beijo em sua bochecha, ignorando o arrepio continuo do meu corpo. ㅡ Você faz sim.

Noah abriu um sorriso enorme para mim, puxando a vasilha que eu trouxe, percebendo que era brigadeiro. Porém, diferente do que eu fiz pela primeira para ele, eu enrolei e cobri com granulados coloridos.

ㅡ O que é esses negócios coloridos?

ㅡ Granulados. Prova, eu garanto que é bom. ㅡ Noah levou o doce até a boca, um pouco mais seguro, antes de sorrir. ㅡ O que achou?

ㅡ Tá uma delícia. O que não é uma surpresa, né? ㅡ Ergueu a sobrancelha, me lançando um olhar sugestivo. ㅡ Tudo o que você faz é bom.

Desviei meu olhar quando aquela frase adentrou em mim com um significado diferente, sentindo todo meu rosto quente.

ㅡ Então... Me conta um pouco da relação com seus pais. ㅡ Pedi, mudando o foco do assunto, ao vê-lo começar a servir os pratos.

ㅡ Ah... É saudável. ㅡ Soltou uma risada, colocando uma quantidade exagerada de pães de queijo em seu prato. ㅡ Meus pais se separaram quando eu já tinha 15 anos, então eu entendi que eles já não se amavam. Meu pai se afastou completamente, mesmo que mantenha pouco contato comigo, então minha relação toda é com minha mãe.

ㅡ E como ela é?

ㅡ Ela se chama Charlotte Williams. Eu puxei totalmente a ela, cabelos castanhos, olhos azuis, mas... Ela sempre foi um doce de pessoa. Ao contrário de mim.

ㅡ O que? Você é um doce também, Noah.

ㅡ Eu só sou com alguém que é especial, Sol. Eu posso ser educado, mas não consigo ser doce com qualquer pessoa, os seres humanos são podres. ㅡ Justificou-se, deixando o prato na minha mão. Tinha o pedaço da torta que ele trouxe, além de pão de queijo e brigadeiro. Tinha até frutas cortadas. ㅡ Você, por exemplo. Eu não fui um doce com você no início, porém, quando eu me aproximei... Percebi que agora estou sendo um doce.

Mordi o pão de queijo, sentindo meu coração acelerado a cada palavra que saía da boca do Noah.

O que aquele homem estava fazendo comigo?

ㅡ Você se tornou especial, Sol. ㅡ Assegurou, virando de frente pra mim. Aquilo me fez observá-lo, engolindo o pão com dificuldade, sentindo minha respiração presa na garganta. ㅡ Muito, muito especial.

ㅡ Noah... ㅡ Deixei o prato na toalha, temendo que eu fizesse alguma merda pela aproximação.

ㅡ O que foi, vizinha?

Noah estava tão perto de mim que fez meus pensamentos e desejos se concretizarem. Eu queria beijá-lo. Eu queria tocá-lo. Eu queria ele perto... Perto de mim.

Noah parecia hesitante em tomar iniciativa, o que era compreensível, já que estávamos envergonhados demais e envolvido naquela frequência onda que nos juntava.

Eu, por outro lado, cega pelo desejo... Tomei a iniciativa. Toquei minha mão diretamente no pescoço do Noah, juntando nossos lábios em um beijo segundos depois.

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Meu Vizinho | Reescrito.Onde histórias criam vida. Descubra agora