| Los Angeles, Hollywood
Quarta-feira - Noite.
Às 17h10.ㅗ
ㅡ Eu nunca imaginaria que o papai voltaria a entrar em contato com a gente depois de tantos anos ㅡ Liby comentou, me estendendo o pacote de arroz.
Já passava das 17h da tarde aquela altura, onde eu e Liby nos preparavamos para aquela primeira noite juntas no meu apartamento. Isso porque depois da ligação rápida que tivemos, ela percebeu que o assunto era sério demais para adiá-lo.
ㅡ Eu não esperava, honestamente. ㅡ Coloquei o arroz na água, após ter posto o sal. ㅡ Em anos se concentrando no trabalho e esquecendo da existência das filhas, não é de se esperar que ele volte a se pronunciar.
ㅡ Como é que você tá com isso? ㅡ Liby questionou, parecendo hesitante na sua pergunta. Percebi que ela já estava cortando os frangos em quadrados pequenos.
ㅡ Eu não sei direito, mas é uma sensação estranha. ㅡ Admiti, jogando o pacote vazio no lixo. ㅡ Depois de tantos anos sem falar com ele e, aleatoriamente, uma ligação? É...
ㅡ Esquesito?
ㅡ Exatamente. ㅡ Fui sincera, pegando os temperos necessários dentro do armário, além do pacote de milho. Eu adoraria colocar ervilhas, mas a Liby detestava. ㅡ Será que é uma boa ter uma conversa franca com ele, Liby? Tipo, saber verdadeiramente o que passou pela cabeça dele antes de se afastar?
ㅡ Sinceramente, eu não ligo a mínima para os argumentos e as justificativas dele, Sol. ㅡ Afirmou, deixando a faca em cima da tábua quando terminou de cortar os frangos. ㅡ Qualquer porra que ele disser eu não vou acreditar.
Engoli em seco quando Liby usou o tom mais frio do mundo, umidecendo os lábios com a língua.
ㅡ Mas eu vou entender caso você sinta vontade de conversar com ele, Sol. ㅡ Continuou, percebendo minha expressão. ㅡ Digo com propriedade que conheço você o suficiente para saber que quer uma justificativa. Talvez até queira saber do paradeiro da mamãe.
Desviei meus olhos, procurando a panela mais próxima para começar os preparativos do estrogonofe.
ㅡ Sol, nem tente disfarçar. ㅡ Liby tocou em meu ombro. ㅡ Eu também quero saber dela, mas o que adianta voltar para a mesma história depois de tantos anos? Não faz diferença.
ㅡ Você conheceu ela, Liby. Eu só passei 5 anos com ela, antes de vê-la sumir juntamente com qualquer lembrança que eu tinha. ㅡ Esbravejei, engolindo em seco de novo. Aquela história me deixava nervosa. ㅡ Quando eu tentava lembrar dela eu só via uma escuridão completa, sem qualquer característica ou voz.
ㅡ Sol... ㅡ Interrompi ela.
ㅡ Tudo bem, Liby, você não tem culpa. ㅡ Dei com os ombros, voltando minha atenção para o jantar. ㅡ A gente pode mudar de assunto? Não quero focar minha atenção nessa família estragada.
Liby forçou uma expressão ofendida.
ㅡ Ei! ㅡ Grunhiu, colocando a mão em frente ao peito. ㅡ Assim me ofende.
ㅡ Você entendeu o que eu quis dizer ㅡ Empurrei seu ombro de brincadeira, me afastando para deixá-la tomar conta do resto. ㅡ Aliás, qual horário que pode ir no shopping comigo? Estou doida para comprar esse vestido logo.
ㅡ Parece que tá empolgada para conhecer a família do vizinho gato ㅡ Comentou, sorrindo maliciosamente. ㅡ Como anda as coisas com ele?
ㅡ Indo perfeitamente bem, Liby. Garanto. ㅡ Assegurei, apoiando meu queixo na minha mão enquanto meu cotovelo estava na ilha que separava a sala da cozinha. ㅡ Praticamente, passamos nosso tempo inteiro juntos. Faculdade, almoço, tarde, jantar...
ㅡ Já são praticamente casados. ㅡ Soltou uma risada, balançando a cabeça. ㅡ Ele já dormiu aqui ou você dormiu na casa dele?
Sua pergunta direta me atingiu em cheio, atingindo meu coração e minhas bochechas ficaram vermelhas e quente automaticamente com seu questionamento.
Liby não pensava antes de perguntar.
ㅡ Puta que pariu, Sol! ㅡ Ela abriu a boca em choque quando notou meu rosto vermelho. ㅡ Em que momento você se tornou essa pessoa??
ㅡ Liby, você fala como se eu não fosse a mesma.
ㅡ Você jamais dormiria na mesma cama que um homem sem ter um compromisso sério. Com o Edu, você demorou séculos para se entregar a ele. ㅡ Relembrou, voltando atenção para o arroz. ㅡ Vocês...?
Entendi seu questionamento quando ela hesitou, balançando minha cabeça em negação rapidamente.
ㅡ Não, querida irmã. ㅡ Neguei, prontamente. ㅡ Atualmente, só ficamos nos beijos. Noah e eu estamos nos conhecendo, construindo uma união sólida.
ㅡ É justo.
ㅡ E você, Liby?
ㅡ O que é que tem eu?
ㅡ Não conheceu nenhum cara pelas ruas de Hollywood que chamou sua atenção?
ㅡ Sol...
ㅡ O que? É errado em querer ter sobrinhos? ㅡ A encarei, lançando um olhar sugestivo.
ㅡ Sobrinhos? ㅡ Repetiu, torcendo os lábios. ㅡ Ah, por favor, eu não tenho capacidade de ser mãe.
ㅡ Você cuidou de mim. ㅡ Rebati, justificando.
ㅡ Eu tive ajuda da sua madrinha, é diferente.
ㅡ O seu marido pode te ajudar.
ㅡ Que marido, Sol? ㅡ Me encarou. ㅡ Eu não tenho relacionamento algum há anos, não tenho nenhum contato sequer.
ㅡ Então, nenhum cara chamou sua atenção?
Liby mordeu o lábio inferior, escorrendo o arroz rapidamente. Logo voltou sua atenção aos frangos, parecendo tentar ser o mais rápida possível.
Aquilo só fez um sorriso enorme se abrir em meus lábios, porque conhecia a Liby o suficiente para saber em que momento ela estava evitando continuar o assunto. E aquele era o momento.
ㅡ Meu Deus, Liby, você encontrou alguém! ㅡ Exclamei, sorrindo abertamente.
ㅡ Não encontrei alguém, mas sim um homem que... ㅡ Seu rosto transformou-se em uma expressão pensativa, parecendo procurar a palavra certa.
ㅡ Te atraiu.
ㅡ Mas ele era um babaca! ㅡ Torceu os lábios. ㅡ Eu estava voltando do trabalho ontem, depois daquela tempestade toda, toda a cidade estava alagada e com poças enorme. Aquele ridículo passou com a moto dele horrorosa pela minha frente, fazendo uma poça enorme molhar toda minha roupa.
ㅡ Nossa... que babaca.
ㅡ Exatamente! ㅡ Grunhiu, ligando o fogão. ㅡ Eu tive que voltar para o apartamento, trocar de roupa e ir na reunião extra que eu tinha. E adivinha quem era o filho do novo sócio da revista?
ㅡ O garoto da moto?
ㅡ Ai, eu xinguei ele de todos os nomes possíveis em português.
ㅡ Liby...
ㅡ Ele entendeu, Sol, entendeu! ㅡ Continuou, preparando os temperos automaticamente. ㅡ Ainda ficou rindo da minha cara, fazendo a maior cena para o pai dele.
ㅡ Você pegou o número dele, pelo menos?
ㅡ Não... Mandei ele ir pra puta que pariu!
ㅡ E se você ver ele de novo, vai pedir o número dele, né?
ㅡ Pelo amor de Deus, não! ㅡ Vociferou, pegando o creme de leite e colocando na panela. ㅡ Só quero que ele bem longe de mim.
ㅡ Quando você estiver casada com ele, prometo que jogo na sua cara essas suas palavras em vão. Prometo.
Sorri sarcástica para Liby, que voltou sua atenção para a panela quando se viu sem argumentos.
•••
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Meu Vizinho | Reescrito.
RomanceRealizar seu grande sonho de se mudar para L.A, Hollywood, era o que a Sol queria. Determinada, batalhadora, sonhadora, batalhou tanto para que seu sonho se tornasse realidade que no final... se tornou. Claro, nenhum caminho é fácil, o dela também...