Capítulo cinco

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Mas que porra é essa...? Quem é essa idiota?

Soraya se forçou a levantar a cabeça e acompanhou a fera até os fundos do bar. Em seguida, continuaram por uma escada estreita, com Maya em seu encalço.

Senhor, Simone era bizarramente alta. E para não bater a cabeça no teto, precisava se abaixar um pouco.

Por uma fração de segundo, ela achou seus olhos escuros um tanto cativantes. Aqueles ombros teriam sido bastante úteis na competição de briga de galo de umas semanas atrás, para não falar do restante.

Mais cedo, Simone ficou olhando para ela, então Soraya pôs em prática o que fazia de melhor quando alguém demonstrava interesse. Uma pose elegante.

O movimento sutil do quadril era tão natural quanto respirar. Ela virava o rosto para os lados até encontrar a melhor luz, chamar a atenção para a boca e sugar a alma com o olhar. Era uma manobra com alta taxa de sucesso. Mas, ao que parecia, isso só a tinha deixado brava.

Como é que ela ia saber que Simone era casada? Elas entraram no bar do pai e se depararam com aquele monte de gente, cerca de vinte pessoas, pelo visto todos moradores da cidade. Era muita coisa para processar de uma só vez. Não fosse isso, talvez ela tivesse percebido a aliança no dedo. Pareceu que ela a exibiu de propósito para ela, e, por não ser nem um pouco do tipo que corre atrás de pessoas comprometidas, Soraya interrompeu na mesma hora o olhar convidativo.

Soraya endireitou os ombros, um de cada vez, e decidiu que tentaria ser simpática com a fera, pelo menos mais uma vez. Até que era louvável da parte dela, não? Ser fiel com unhas e dentes?

Quando percebesse que ela não estava querendo chamar sua atenção, talvez Simone relaxasse. Ela e Maya iriam morar em Westport por noventa dias. Arranjar desafetos logo de primeira seria péssimo.

— A gente não precisa pegar a chave do apartamento com o Tanner? - berrou Soraya, da escada.

— Não - respondeu Simone, sem hesitar. - Não tem fechadura.

— Ah.

— A entrada do bar tem - disse Simone, ao chutar a porta do apartamento para abri-la. Em seguida, sumiu lá para dentro. - Mas quase todo mundo lá embaixo tem uma cópia.

Soraya mordeu o lábio.

— Não me parece muito seguro...

O desprezo dela era evidente.

— Tem medo de que alguém entre e roube sua bolsa em forma de batom?

Maya arfou por um instante.

— Ela foi para lá.

Determinada, Soraya manteve a compostura e se juntou a Simone no apartamento. A luz ainda estava apagada, então ela deu um passo para o lado, abrindo caminho para Maya entrar, e esperou, mais grata do que nunca pelo fato de a irmã ter se recusado a deixá-la ser banida sozinha para Westport.

— Talvez a gente tenha começado com o pé esquerdo - disse Soraya para a morena, onde quer que ela estivesse. — Qual é mesmo seu nome?

— Não cheguei a falar. - A voz em tom de escárnio, veio da escuridão. — É Simone.

— Simone...?

A luz se acendeu.

Soraya se agarrou no braço de Maya para não cair dura no chão.

Ah, não.

Não, não, não.

— Aaaai, que meeeeerda - sussurrou Maya, ao lado dela.

Aconteceu naquele verão | Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora