Soraya acordou com o toque do celular.
Ela olhou confusa para o aparelho, depois para o ambiente onde estava. Paredes brancas, colcha azul-marinho, cadeira bege encostada em um canto, perto da luminária.
Nenhum barulho de tempestade.
Tinha acabado?O mundo ao seu redor estava assustadoramente silencioso, exceto pelo toque estridente do celular. Ela ignorou o embrulho no estômago. A luminosidade no horizonte lhe dizia que era de manhã, bem cedo. Agora com certeza estava tudo bem, certo?
Após cheirar uma última vez o travesseiro de Simone, atendeu a ligação da irmã.
— Oi, Ma. Você está bem?
— Estou, está tudo bem comigo. Acabei de voltar para o prédio. Onde você está?
Soraya sentiu as bochechas ficarem quentes.
— Na casa da Simone - respondeu, com vergonha.
— Ah. - Houve uma longa pausa. - Soraya...
De súbito, ela ficou alerta e se sentou, enquanto afastava os fios de cabelo caídos no rosto.
— O que foi?
— Não sei de nenhum detalhe, tá? Mas cruzei com a esposa de um dos tripulantes no caminho de volta.
Talvez do Sanders? E ela só falou que... aconteceu um acidente.O ar congelou em seus pulmões.
— O quê? - Soraya pressionou a mão entre os seios, em uma tentativa de controlar as batidas cada vez mais aceleradas do coração. - Que tipo de acidente?
— Ela não falou. Mas estava preocupada, indo para o hospital.
— Qual... o quê? - Soraya pulou para fora da cama, nua, já que a toalha havia se soltado durante a noite. — Ela falou alguma coisa sobre a Simone?
— Só que ela estava no hospital.
— O quê?
— Tenho certeza de que ela está bem, Soraya. Tipo... a mulher é feita de aço.
— É, mas ela enfrentou uma massa de água, cacete, e um ciclone. Um ciclone! - Ela estava aos berros, fora da cama, dando voltas, tentando decidir o que fazer. Por onde começar. - Certo, certo, não somos namoradas. Não posso simplesmente chegar no hospital, posso?
— Sory, quero ver quem vai conseguir te segurar.
Ela já estava consentindo. Como de costume, a irmã caçula estava certa. Se ficasse ali, à espera de notícias, iria surtar completamente.
— Ela falou qual era o hospital?
— O Grays Harbor Community. Já procurei no mapa, fica a meia hora daqui. Primeiro, eles foram levados para um hospital no Alasca, depois pegaram um voo para cá.
Soraya escancarou a gaveta do meio da cômoda e catou a primeira camisa que encontrou, depois correu para o banheiro.
— De helicóptero? Ai, meu Deus, isso é grave. — Deparou-se com os próprios olhos ensandecidos, refletidos no espelho da pia. - Tenho que ir. Já te ligo.
— Peraí! Como é que você vai para lá?
— Vou pegar a caminhonete da Simone. Deve ter uma chave reserva em algum lugar por aqui. Ela é do tipo que faz cópia de chave.
— A mão que segurava o celular estava tremendo. — Eu te ligo depois. Tchau.Em cinco minutos, vestiu a camisa de Simone e as calças de ioga da véspera, que haviam secado. Achou uma escova de dentes nova debaixo da pia e a usou em tempo recorde, depois desceu correndo as escadas, enquanto ia penteando o cabelo com os dedos. Após enfiar os pés no par de tênis, que ainda estava encharcado, começou a procurar a chave reserva da caminhonete. Não a encontrou nas gavetas, nem em nenhum dos ganchos para pendurar objetos. Onde Simone a guardaria?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Aconteceu naquele verão | Simone e Soraya
Storie d'amoreSoraya Thronicke, uma das it girls mais influentes de Los Angeles, vive chamando atenção nos eventos e nas redes sociais. Quando em uma noite regada a champanhe, depois de levar um fora do namorado, ela invade a cobertura de um hotel e faz uma festa...