Capítulo 3

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“Seis meses depois”

Era noite na Turquia, quando Hande foi convidada para uma reunião no clube em que jogava.

- Espera, deixa eu ver se entendi. – chamou a atenção dos diretores. – Vocês querem que eu vá para Sérvia, passe um mês lá com pessoas que eu nunca vi na vida, com uma jogadora que sequer sei quem é e depois volte com ela para a Turquia e passe ainda mais tempo com ela, tudo isso para que ela se ambientalise com o nosso país?

- Isso mesmo, Hande. – o mais velho a respondeu.

- Eu quero saber em qual momento eu deixei de ser jogadora para ser babá de gente velha!

- Não esqueça os seus modos, Baladin! – Mustafar, presidente do clube, a repreendeu.

- Desculpe, senhor. – pediu envergonhada. – Mas eu não estou vendo sentido nessa situação.

- Você é a única do clube que fala turco e inglês perfeitamente. – a explicou. – Precisamos de alguém como você.

- Por que ela simplesmente não pode vir pra cá? – bufou frustrada.

- É a primeira vez que ela sai do país dela para jogar. – disse pacientemente. – Precisamos ajudá-la com o processo e você é a pessoa perfeita para isso.

- Mas eu odeio frio! – reclamou. – Como vou viver sem as praias?

- Não torne as coisas mais difíceis do que parece. – pediu. – Você não vai morrer se passar um mês sem ir a praia.

- Eu posso voltar nos fins de semana? – perguntou esperançosa.

- Não. – foi firme.

- Eu posso ao menos saber quem é? – questionou revoltada.

- Infelizmente não. – falou. – A negociação é totalmente sigiloso e não podemos arriscar que algum outro clube faça uma oferta ainda maior do que a nossa.

A turca bufou frustrada.

- Tudo bem. – resmungou a contragosto. – Eu vou.

- Eu sabia que podia contar com você, Hande. – sorriu satisfeito. – O seu embarque é na próxima semana, esteja preparada.

“Como se eu tivesse escolha” pensou, revirando os olhos internamente. Ela, de fato, odiava passar frio e a Sérvia era um país extremamente gelado. Com sorte, aquele mês padaria rápido.

(...)


Já na Sérvia, a morena estava deitada no quintal de sua casa, com suas melhores amigas e sua irmã.

- Eu ainda não acredito que você vai nos deixar. – murmurou Dajana.

- Não seja dramática, irmã. – pediu Tijana. – Não é como se eu fosse jogar no Japão.

- Por que você escolheu a Turquia para jogar? – a mais velha quis saber. – Eu lembro que a proposta do time italiano era mais tentadora.

A oposta sentiu as bochechas esquentarem e desviou o olhar das amigas.

- Ela quer tentar reencontrar alguém. – disse Mirkovic maliciosamente.

- Não quero, não! – tentou se defender.

- Quem? – quis saber Dajana.

- Ninguém! – Tijana se adiantou.

- Qual é? Você não vai contar para a sua irmã? – Buja a provocou.

- Contar o quê, gente? – insistiu. – Tica?

A morena revirou os olhos.

- Vocês são duas fofoqueiras! – repreendeu as amigas.

- Você que está sendo medrosa! – rebateu Mirkovic.

- Tica? – Dajana foi um pouco mais incisiva.

- Quando estivermos na Turquia, eu conheci uma garota na balada. – começou a explicar. – Nós passamos a noite inteira juntas.

- Juntas? – arqueou a sobrancelha. – Juntas como?

- Nós ficamos, Dajana. Será que é difícil de entender sem que seja explicado obviamente? – a morena esbravejou.

- Por que está sendo grossa? – a mais velha encarou a irmã.

- Porque é agora que você vai me julgar?

- Por que raios eu faria isso, Tijana? – perguntou revoltada.

- Não é isso que você vai fazer? – perguntou esperançosa.

- É óbvio que não, sua tonta! – rebateu.

- Você é a melhor, Daj! – Mirkovic comemorou. – Ela não sabia como te contar sobre isso.

- É. Eu acho que ela não contaria tão cedo. – completou Buja.

- Eu devia nunca mais falar com vocês duas! – reclamou Tijana.

- Tica, você está fazendo parecer que matou alguém. – pontuou Dajana. – É completamente normal se sentir atraída por garotas, maninha.

- Eu nunca tinha me sentido assim. – confessou.

- Como dizem, para tudo tem a sua primeira vez. – disse. – Sempre irá existir uma garota bonita que irá chamar mais a atenção.

- Ela não era bonita. – Mirkovic a interrompeu. – Era lindíssima!

- Era mesmo. – concordou Buja.

- Você tem talento, heim? – cutucou a irmã. – Ela era turca?

- Sim. – respondeu Tijana, timidamente.

- Elas geralmente são muito lindas mesmo. – concordou Dajana.

- São mesmo. – Mirkovic também concordou.

- Você também ficou com uma turca? – a mais velha de todas elas quis saber.

- As duas sumiram e me deixaram sozinha! – a oposta respondeu.

- A turca não tirava os olhos de você, a gente tinha que fazer alguma coisa! – rebateu Buja. – Você devia agradecer a gente, sua ingrata!

- Ah, me desculpe. – levantou a mão em sinal de rendimento. – Muito obrigada por ter me deixado sozinha, Bianca!

- Não precisa nos agradecer por ter proporcionado o melhor encontro da sua vida! – reclamou Mirkovic. – Você passou meses falando dela...

- Como foi o encontro? – Dajana cortou a garota. – Aliás, como é o nome dela?

- O nome dela é Hande. – respondeu.

- Ela mostrou a Tica como é belo esse mundo...- debochou Buja, fazendo uma alusão ao filme Aladim.

- Cala a boca, Bianca! – a repreendeu. – Ela me levou a praia para vermos as estrelas e depois fomos passear de balão.

- O quê? – perguntou impressionada. – Ela te levou para voar de balão?

- Eu disse que ela mostrou como é belo...- resmungou Bianca.

- Então foi perfeito! – exclamou Dajana. – Você deu sorte, maninha.

- Foi. – pontuou de mal humor, já que odiava ser exposta.

- Ela vai para a Turquia apenas para tentar encontrar a Hande. – falou Mirkovic.

- Claro que não! – a morena se defendeu.

- A quem você está querendo enganar? – insistiu Bianca.

A oposta fuzilou as amigas com o olhar, mas teve sua atenção desviada por seu segurança, que a chamou de longe.

- Tijana, está na hora de irmos até o aeroporto! – gritou de longe.

- Graças a Deus vou me livrar de vocês! – resmungou, recebendo várias frutinhas em seu corpo arremessadas pelas garotas.

Nova a esperou pacientemente, até que a garota se aproximou dele.

- Vamos?

- Sim. – o respondeu, seguindo para o carro. – Tomara que ela não demore muito.

- O avião irá pousar em dez minutos. – disse, abrindo a porta do motorista. – Não irá demorar.

- Eu espero. – resmungou, buscando por seus fones de ouvido.

Novan assentiu e passou a prestar a atenção na estrada. Assim que os dois pisaram no aeroporto, Tijana se deu conta de um fato.

- Como vamos achá-la, se não sabemos quem é? – perguntou preocupada.

- Eu sei quem é. – a tranquilizou. – Aliás, ela está vindo na nossa direção.

Assim que a morena olhou para onde o segurança indicou, sentiu que seu coração parou de bater por três segundos, quando a outra garota estancou no lugar.

- No-Novan, por um acaso, a garota seria aquela de casaco marrom e calça preta? – perguntou, sem tirar os olhos dela.

- Perfeitamente. – respondeu, se adiantando para encontrar a garota. – Olá, senhorita Baladin. Deixe-me ajudá-la com as malas...

Hande saiu do transe em que se encontrava e encarou o homem.

- Claro. – assentiu, lhe entregando suas malas.

- Venha. – Novan pediu e a garota assim o fez.

Assim que chegou perto da morena, Hande abriu o maior sorriso que Tijana já a vira dar.

- Olá, Tijana. – a cumprimentou. – Eu te disse que nos encontraríamos novamente, não disse?



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