11

268 32 16
                                    

Dunk deixou duas cadeiras lado a lado em frente a uma mesinha baixa com diversas tintas abertas e duas telas em branco. Me sento em uma delas e espero o rapaz me dar alguma instrução.

- Sei que parece estranho, te chamei para vir na sala de artes quando você está nervoso justamente por conta dessa matéria né - é o que me diz após se sentar ao meu lado - Pensei que se você fizesse a parte prática talvez não ficasse com tanto medo, ou achasse tão chato - ele ri.

- Não acho chato, é que quando li teoria da arte contemporânea eu estava esperando outra coisa. Mas sabe, até que as suas aulas não foram tão ruins.

- Obrigado? - o menor me diz confuso e rimos.

- Posso te fazer uma pergunta? - Dunk acena com a cabeça - Por que artes? É um ramo muito difícil de se inserir.

Ele dá uma desanimada e pega um pincel.

- Quer a resposta legal ou a triste? - me pergunta e sua mão vai em direção a um dos potes de tinta.

- Quero a verdadeira - repondo e o rapaz para por um momento.

Dunk da um meio sorriso e segue coletando a tinta.

- Meus pais eram fantasmas durante minha infância, quase nunca estavam em casa e quando estavam não fazia tanta diferença. Não podia ser expressivo demais então eu sempre tinha que relatar o meu dia com a voz baixa, sem emoções. - ele colore o papel e respira fundo - O engraçado é que nossa casa era cheio de livros de psicologia sobre criação de crianças - solta uma risada abafada - acho que eles só liam a parte de presentear então sempre me encheram de brinquedos. Quando pintei pela primeira vez, eu sentia que podia finalmente me expressar, eu tinha uma voz, entende? Acabei sempre pedindo coisas relacionadas a arte e me apaixonei. Honestamente, nem sei se eu consigo fazer um futuro disso, meus pais com certeza acham que não, mas é a única coisa que me faz sentir vivo, me faz sentir escutado.

O encaro sem reação, não sei o que dizer. Toda vez que eu o via ele parecia tão animado e bem.

- Me desculpa, você perguntou de maneira inocente e eu despejei um monte de coisa em você.

- Por favor não se desculpe. Eu queria saber. - me aproximo e olho em seus olhos - Obrigado por me contar.

Ele retribui o olhar e ficamos assim por um tempo que não sei dizer se foram minutos ou apenas segundos, mas era tão intenso que eu não conseguia desviar. Dunk virou o rosto, tossiu fraco e então mudou de assunto.

- E você, tem algum sonho?

- Sonhos são para aqueles que podem pagar jovem mestre. - o menor sorri com o apelido e meu coração se acalma - Sou apenas um rapaz incrível demais para focar em apenas uma coisa.

- Bem humilde também, como sempre. - ambos rimos - Mas falando sério, não tem nada que você queira fazer, quer dizer, por que letras?

- Sinceramente, nem eu sei, só gosto de coisas relacionadas a essa área. - dou de ombros - Mas se eu pudesse escolher algo, queria seguir na indústria musical, escrevendo, cantando, qualquer coisa.

- É claro que você é cantor, esses são do tipo mais perigoso. Bonito, jogador e músico.

Sorrio de lado.

- Então você me acha bonito pequeno mestre?

Foi muito rápido mas posso jurar que Dunk corou antes de me mandar calar a boca e seguir com meu desenho.

Depois de cerca de uma hora onde nós dois conversamos sobre coisas aleatórias e riamos de piadas bobas, o menor me avisou que tinha que ir.

- Boa sorte amanhã, é só lembrar de tudo que estudamos e você vai se sair bem. - sorrio em resposta - Aqui, isso é para você.

Matéria Optativa Onde histórias criam vida. Descubra agora