Matéria Optativa

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Eu não sei o que fazer agora, não é como se eu pudesse mentir, mas falar na cara dele enquanto eu estou sóbrio é um pouco constrangedor.

- E isso faz diferença Dunk? - olho para baixo, sem coragem de encará-lo - Você já deixou claro mais de uma vez que não tem interesse em mim.

Mexo minha colher sem muita vontade, não quero comer, mas também não quero olhar para cima e encontrar os olhos dele. Sabe o que é pior? O fato de que mesmo nesse momento, mesmo querendo me enfiar em um buraco, eu ainda quero que ele fique aqui...

Quer saber, que se dane, não tem como voltar atrás agora mesmo. Um grande filósofo uma vez disse, o não eu já tenho, agora vou atrás da humilhação.

O menor ia falar algo, mas o interrompo.

- Sim Dunk, eu gosto de você, gosto de você há um ano. - olho o rapaz, quase que com raiva, sei que ele não tem culpa de nada, mas não consigo evitar, penso em todos os momentos em que ele me ignorou e me rejeitou, de propósito ou não. - Satisfeito? - digo a última palavra mais baixo e tentando controlar minha respiração.

- Por quê? - me pergunta meio baixo e genuinamente curioso.

- Por quê? Acredite, eu também queria saber. - percebo meu tom de voz alterando - Você é teimoso, dono da verdade e sabichão. Sabe quantas vezes eu quis bater nesse seu rosto perfeito? - o garoto me encara franzindo a sobrancelha - Eu também não sei porque acho adorável toda vez que você fala sobre arte ou como ficava tão bonito quando estava em uma exposição da faculdade, não sei explicar porque te procurava em todos os eventos que eu ia ou porque fiquei tão feliz em ver que você estava na arquibancada torcendo por mim. Não sei o motivo de eu pensar em você até mesmo em meus sonhos ou porque eu me inscrevi em uma matéria só porque eu sabia que você ia estar nela - digo sem pausa para respirar e fico sem folego - Então não, não sei te dizer o porquê.

Dunk me encara sem saber o que dizer, na verdade nem eu sei o que fazer agora, sinto como se tivesse despejado um ano de sentimentos confusos e perturbadores na pessoa que nem sabia que me causa isso.

- Me desculpe... eu não...

Respiro fundo e solto a colher.

- Te desculpar pelo que? Não é como se você pudesse ficar não atraente do nada ou como se tivesse feito qualquer coisa que demonstrasse interesse, aliás você sempre demonstrou o contrário - digo essa última frase mais para mim, mas acredito que o rapaz tenha escutado. Passo a mão no meu cabelo e olho ao redor antes de voltar a olhar as pupilas negras do rapaz - Olha, quer saber, esquece que eu te disso isso ok? Pode só continuar me ignorando nos corredores, juro que vou dar um jeito nisso.

Me levanto para levar o prato na pia e sair daquela situação desconfortável, mas Dunk segura meu pulso.

- E se eu não quiser?

Paro no mesmo instante, o que esse pirralho disse? Ele quer me enlouquecer.

- O que?

- Você me ouviu, e se eu não quiser? Você mesmo disse que eu sou teimoso.

- Dunk eu não sei onde você está querendo chegar, mas isso não tem graça.

- Não estou brincando.

O menor me encara sério e decido me sentar novamente.

- Eu sempre tive problemas com relacionamentos, meu último namoro foi o pior, ele era capitão do time de futebol. - o rapaz faz uma careta como se lembrasse de uma história ruim - Então quando você chegou, sendo a definição de um homem perfeitamente hétero e totalmente o meu tipo, me chamando para participar do time, minha primeira reação foi me proteger, não queria passar por tudo de novo, entende?