01

495 42 14
                                    

Se tem algo que eu odeio, é ser ignorado. Sempre fiz de tudo para ser visto, independente da situação, não to falando de pagar de babaca para chamar a atenção não, mas gosto de ser o melhor em tudo que me proponho a fazer. Tem sido assim desde que me conheço por gente, notas altas, desempenho sensacional em esporte, e cá entre nós, ainda pago de cantor nos fins de semana. Mas eu mosquei demais nesse último semestre, campeonato de futebol tava chegando e não me concentrei o suficiente para as provas, o que me levou a tirar 57 em arte, matéria que eu precisava de 80, juro que nunca mais escolho uma optativa em que eu seja tão ruim assim, mas quem iria imaginar que dá pra ir mal em arte?? Me envergonho de todos os motivos que tive para escolher essa merda e definitivamente não vou ficar para trás na faculdade por conta de uma matéria de dois semestres que eu escolhi. Isso me traz a esse momento, onde eu encaro meu novo tutor de arte, que faz isso só para ganhar hora complementar e não porque ele é de alguma forma, nem miseramente, altruísta.


Dunk, até o nome dele me irrita, desde o ano passado, nosso ano de calouros, não nos damos bem.


Quando entrei para o time de futebol acabei indo atrás de novatos também, e, honestamente, ele tem uma ótima estrutura corporal, fiz o meu papel, é claro, fui simpático, gentil e convidei para entrar no time, aquele projeto de gente teve a capacidade de me encarar com um olhar pacífico e responder "gays e jogadores são inimigos naturais, não posso quebrar a regra", simples assim, inacreditável, não é?!


Depois disso ele continuava me ignorando pelos corredores, mesmo quando ganhei como lua da faculdade ele agia com desdém, e como eu disse, odeio ser ignorado.


Dunk me encara com um ar de superioridade.


- Parece que jogadores e estudo também são inimigos naturais.


Eu já disse que odeio ele?


-Seria excelente se você fosse tão bom em calar a boca quanto é em desenhar, que aparentemente é a única coisa em que é bom.


O garoto me encara levantando uma sobrancelha e não sei se me sinto vitorioso ou ainda mais irritado, como ele pode ser tão calmo?


-Claro Joong, vamos seguir do seu jeito ok? Assim não perco minha paciência enquanto estou perdendo o meu tempo.


Fiz o meu melhor para sobreviver aquela aula, ele me explicava como seu eu fosse uma criança no fundamental, e sim, isso estava me ajudando, mas não iria admitir isso, jamais! Depois de quarenta minutos, que julgo terem sido os mais demorados de toda a minha vida, a minha sessão particular no inferno acabou.


- Amanhã as 15 aqui na biblioteca, se atrase e eu vou embora, minhas horas já estão garantidas. - Quase tenho uma sincope ao ouvir isso.


Ele sai andando e eu faço o mesmo, indo em direção a quadra, hoje é dia de treino e não posso faltar em mais um se não o técnico me mata. Quando chego meus amigos já estão lá, Pond, o mais velho e capitão do time, e Gemini da minha turma, ele é atacante, e devo dizer que é em mais de um sentido.


- Quase atrasado em garanhão - é o que Gemini diz quando em vê.


Ano passado, no infeliz ocorrido com o Dunk, eu fui burro o suficiente de contar ao melhor amigo que tinha achado ele atraente e que tinha sido rejeitado de maneira tão brusca, e desde que ele soube que eu teria aulas com aquele ... enfim, com o Dunk, ele vem me zoado de todas as formas que sua minúscula mente conseguiu elaborar.


- Por que você não vai...


- Ok ok, parem vocês dois - Pond me impede antes de eu terminar a frase para o meu querido amigo.


- Mas falando sério, como foi? Coração palpitou muito?


- Eu odeio você, e o único motivo de ter palpitado foi pelo meu ataque cardíaco que se aproximava, não sei nem se aguento até o fim da semana.


Nossa conversa é interrompida pelo técnico e começamos o treino.


Matéria Optativa Onde histórias criam vida. Descubra agora