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Ofereço o remédio e o copo d’agua antes de começar a falar e ele toma em silêncio.
 
- Você bebeu ontem porque acha que tenho nojo você? – ele concorda com um leve ‘hm’ – Da onde você tirou essa ideia Dunk? Por que eu sairia com você se tivesse nojo? 

- Ele saia – o menor responde baixo e desvia o olhar – achei que tivesse fazendo isso também. 

Pego em sua mão e faço um leve carinho.
 
- Ele quem Dunk? – pergunto receoso e percebo que ele fica mais tenso – Não precisa me dizer se não quiser, mas é que quero entender você. 

O rapaz tira sua mão da minha e mexe nervosamente em sua pulseira, como se estivesse tentando fazer algo para que o medo, e talvez tristeza, não fique aparente. 

- Lembra quando eu disse que não tive um bom relacionamento com um jogador de futebol – aceno com a cabeça – Bom, a gente saia em segredo, ele dizia que era porque tinha medo de falar pros outros caras e acabar perdendo sua posição de capitão do time, mas era um “namoro” bom sabe? Ai continuei. Um dia a gente tava ficando atrás do shopping e o rapaz que era goleiro viu nos viu, ele me empurrou com força e deu uma desculpa esfarrapada, como se só estivéssemos fazendo uma brincadeira. No treino seguinte fizeram algumas piadas em relação a isso, nada sério na verdade, mas ele surtou e começou a responder que nunca faria uma coisa tão nojenta – percebe que os olhos de Dunk estão marejados e sinto um ódio enorme tomando conta do meu corpo – Na saída ele me chamou, estava com raiva, disse que se envolveu comigo para experimentar, que sentia nojo de mim, de ter feito sexo comigo e dele mesmo por ter me tocado – o menor chora compulsivamente e tenta respirar fundo para terminar de falar. 

O abraço e passo minha mão em suas costas, como uma confirmação de que estou aqui e de que esse passado já acabou. 

- Ta tudo bem, calma – digo tentando o tranquilizar, ele me afasta e olha em meus olhos.

- Quando você fugiu – respira fundo novamente – achei que era pelo mesmo motivo, poxa, você nunca se envolveu com alguém do mesmo sexo e talvez fosse sós curiosidade. 

- Dunk, presta bem atenção no que eu vou te falar – digo sério e o encaro – Eu gosto de você, estou completamente apaixonado por você Natachai Boonprasert, não estou apenas curioso ou confuso, eu quero você. Entendeu?

O menor fica levemente ruborizado e esconde sua cabeça em meu peito, aproveito que o clima ficou mais leve e decido brincar com ele. 

- Com vergonha? – pergunto e faço leves cosquinhas em seu abdômen, ele gargalha e meu coração fica leve. 

Me empurra e me bate fraquinho, o encaro fingindo uma cara de dor e ele sorri. 

- Posso te perguntar uma coisa? – Dunk diz e eu concordo – Por que você fugiu?

- Honestamente? ... Medo – meu garoto me olha confuso – Medo de decepcionar você jovem mestre, como disse, eu nunca estive com alguém do mesmo sexo e achei que se fosse péssimo eu ia perder todo o desenvolvimento que já consegui com você. 

O rapaz começa a rir e o olho com minha sobrancelha franzida. 

- O que foi? 

- Você tenta parecer um leão mas na verdade é só um cachorrinho né? 

- Agora ta de brincadeirinha né?! Tu vai ver só o leão da próxima vez. – digo e ele ri ainda mais, não consigo evitar e sorrio também. 

- Não precisa se preocupar com isso, tá bom? – diz e começa a se retirar para levar o copo na pia - pra falar a verdade to gostando tanto de você que até se for horrível eu vou gostar. – diz baixinho, não sei se era na intenção de eu não ouvir, mas eu escutei, muito claramente.

Congelo por um momento, espero muito que meus ouvidos não tenham me enganado. Dunk disse que gosta de mim. PORRA, ele gosta de mim. 

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