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Eu recebi licença da faculdade até na terça, que é quando vou parar com o uso do analgésico, então o Dunk vir aqui me ajuda muito, evito ter o trabalho de me deslocar por apenas uma hora de produtividade.

O garoto havia me perguntado se podíamos nos encontrar logo após o almoço pois ele não tinha aula a tarde e já tinha compromisso para a noite, concordei, nesse momento o horário não fazia muita diferença para mim, já que não podia sair de casa.

Avisei o dono do bar em que canto dia de sábado que não poderia ir amanhã, ele me desejou melhoras e disse que se eu aprontasse uma dessa de novo ele ia botar o namorado dele no lugar. P'First sempre faz tudo que P'Khao quer, mas é extremamente ciumento e concordou que o namorado só cante em horários que não tem muito movimento. P'Khao finge que fica bravo só para provocar, afinal, só tem uma pessoa na plateia para quem ele realmente quer cantar. Sim, tenho inveja dele.

Preparo o meu almoço, não é querendo me gabar não, mas culinária é quase um dom para mim. Faço um arroz com omelete simples, sem coragem de ficar em pé na frente de um fogão hoje. Após comer eu escovo meus dentes e fico no sofá aguardando a chegada do meu tutor.

Quando já estava próximo a uma hora da tarde minha campainha toca.

- Achei que não fosse vir - digo, imitando-o em uma de nossas primeiras aulas.

- Estava com saudade? - é, acho que o menor também se lembra desse dia.

Sorrio e o convido para entrar.

Meu apartamento está sempre organizado, mas agora que Dunk está aqui e a forma como olha para o meu cantinho está me deixando inseguro. Tem alguma sujeira que eu não vi? Algum lugar bagunçado?

- Está tudo do seu agrado Sr. Boonprasert? - decido brincar para ver se meu coração acalma.

- Está agradável, obrigado por perguntar. - ele sorri cinicamente - Agora vamos começar.

Depois de mais ou menos uns quarenta minutos eu o vejo olhando constantemente para o celular.

- Precisa sair? - pergunto.

- Ah, desculpa, tinha um compromisso essa noite.

- Tinha?

- É, talvez não tenha mais. Vamos continuar só mais esse capítulo, ok?

Concordo, mas fico curioso. Sigo prestando atenção por mais uns dez minutos.

- Consegue dar uma olhada se fiz a análise correta? - chamo meu mentor após finalizar as atividades que ele tinha proposto.

Dunk se aproxima de mim, seu cheiro é bom, é doce mas é natural, quase como se ele emanasse isso de sua pele e não de um perfume, seu rosto também tem algumas sardinhas. É estranho olhar para o garoto tão de perto, charmoso, foi como consegui definir ele naquele momento.

- Surpreendentemente está correto - ele diz me tirando do transe que estava entrando o encarando.

O menor não percebeu mas isso não me impediu de ficar levemente vermelho.

- Bom, tenho que ir. Na segunda vai ser aqui novamente? - o professor me pergunta depois de levantar.

- Se não tiver problemas para você. - ele me encara.

- Você sabe ser educado? Estou aterrorizado. - brinca e sorri.

- A pequeno Dunk, agradeço por sempre me lembrar do idiota que você é - digo em tom de brincadeira e dou risada.

Antes de sair ele me avisa que manda mensagem na segunda marcando o horário da aula e eu concordo com a cabeça.

Meus amigos não param de mandar mensagem no grupo perguntando como eu estou e me chamando para sair e beber. Juro, nenhum deles tem um pingo de noção. Decidimos, na verdade eles se ofereceram e me obrigaram a aceitar, que vamos beber no meu apartamento, amanhã não vou trabalhar mesmo, então sem problemas.

Por volta das sete da noite Gemini chega com o Mark.

Mark é colega nosso do ensino médio, acabou indo para outra faculdade mas vira e mexe está nos infernizando por aqui. Adoro ele.

- Eai seu bosta? Como conseguiu torcer o pé bem na frente do menino que você é gado? - é a primeira coisa que meu querido amigo me diz.

- Ótimo te ver também Mark, obrigado por vir - respondo levantando o dedo do meio.

Nós dois rimos e ele me abraça.
- Saudade de você mané. - o garoto diz.

Eu aceno com a cabeça, concordando e retribuindo o que me foi dito.

Nos acomodamos na sala e os dois já começam a preparar as coisas.

Aparentemente torcer o pé me deixava inválido, já que não me deixavam fazer nada para ajudar, minha única função era ficar sentado e ser bonito. Ainda bem que tenho experiência.

Cerca de meia hora depois P'Pond e P'Neo chegam também, P'Neo era amigo de infância do P'Pond e acabou entrando para nosso grupinho também, as vezes desconfio que ele tem uma queda pelo Mark, mas nunca cheguei a comentar nada.

Já passava da meia noite e nós cinco estávamos bebendo e comendo chips como se não houvesse amanhã, e pro meu fígado talvez não houvesse mesmo. O álcool já havia acabado com todos os 4 neurônios que tínhamos, quatro é claro combinando o de todos nós, Gemini não tem nenhum. P'Pond olha para nossa rodinha e tem uma ideia brilhante.

- Vamos jogar verdade ou desafio.

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