Boa Noite Mamãe, Boa Noite Papai

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Madeleine embora ainda não estivesse cem por cento melhor do susto que levou, já não estava tão abatida e calada,
também não demonstrava medo no que fazia ou no que falava.

Mas quando lembrada do que acontecera,
todo o progresso que ela havia conseguido atingir ao longo das horas, regredia como um relógio maluco com os seus ponteiros trabalhando em desfavor.

- Mamãe, você poderia dormir comigo esta noite em meu quarto? ainda me sinto desconfortável...
perguntou Madeleine com um tom de voz baixinho, como se estivesse com vergonha pelo medo.

- Mas é claro meu amor. Mas se preferir, pode dormir comigo e com o papai em nosso quarto. A opção mais agradável para você minha princesa.
prontamente respondi com uma sensação de frio em meu coração.

Ouvindo minha resposta, Madeleine então aconchegou sua cabeça em meu colo.

Já era noite, e no jantar havia tido tentativas por parte de Edmund e Ernest de uma leve descontração, para que pudéssemos jantar em tranquilidade.

Entre algumas piadas e brincadeiras, faziam-nos rir com um bom humor abundante.

- Tio Ernest, faz aquele truque da moeda.
pediu Phillipe enquanto esperava ansiosamente.

- Ahhh, então o jovem quer o truque da moeda. Alguém mais quer ver o truque da moeda?
perguntou Ernest dando leves beliscos em Madeleine, tentando fazê-la entrosar-se na brincadeira.

E com um tímido sorriso, Madeleine assentiu com a cabeça.

Então Ernest magicamente faz desaparecer a moeda de suas mãos, a pegando de volta do nariz de Erasmus, enquanto todos se surpreendiam com o tal feito.

Surpresos, ríamos e ficávamos nos perguntando como ele havia feito aquilo, e logo mais ele faz desaparecer novamente a moeda em suas mãos, a retirando da orelha de Madeleine.

Espantada e admirada, Madeleine então começou a demonstrar interesse pela brincadeira.

- Como você faz isso tio Ernest?
perguntou Madeleine demonstrando um certo ansioso interesse pela resposta.

- Ahhh espertinha! Quer aprender o meu truque para tomar o meu lugar não é mesmo? Pois saiba que um mágico nunca revela o seu segredo.
respondeu Ernest enquanto brincava com ela
- A não ser que me mostre o seu belo sorriso...
continuou Ernest fazendo-a abrir-se um pouco mais para aquele momento.

E com um lindo sorriso, Madeleine o cobrou.

- Agora você me deve o segredo, tio Ernest.
respondeu Madeleine sendo bem firme e com um semblante de ordem.

Rimos e por um momento esquecemos do que havia acontecido pela manhã.

Então ao final do jantar, fomos ao salão do grande relógio, e enquanto ouvíamos o seu tic-tac, minhas irmãs e eu tomávamos chá de camomila e as crianças, sentadas sobre o carpete próximo a lareira, brincavam entre si com calma e educação.

- Uma noite maravilhosa para ter um sono reparador, e descansar todo o nervosismo que adquirimos ao longo do dia.
disse Delilah servindo açúcar em sua xícara.

- Espero minha doce irmã. O dia não foi fácil mas não foi difícil como ontem. Com essa neve lá fora, espero que consigamos dormir em paz.
respondi pegando a minha xícara da bandeja servida na mesa de centro.

- Peço licença para me retirar para os meus aposentos, senhora.
pediu Peggy.

- Claro minha querida, vá descansar. Amanhã não precisa abrir a cozinha no horário de costume, esses dias têm sido exaustivos para todos nós, vamos prolongar nosso descanso matinal, aproveite e descanse também.

- Obrigado senhora. Tenham uma boa noite, com licença.
respondeu Peggy com um sorriso amarelo.

- A vontade querida.
responderam em couro Leila e Delilah.

De longe, vi Charles em seu escritório e o percebi temeroso, ainda que não conseguisse saber o que de fato estavam conversando ele, Edmund e Ernest, supus que seu temor era por nossa filha.

- Senhora, deseja que mande arrumar a cama de Madeleine em seus aposentos?
perguntou Eleanor, responsável pela organização e limpeza da casa.

- Não será necessário minha querida, Madeleine dividirá a cama conosco essa noite. Pode ir descansar você também.
respondi.

- Com licença.
pediu Eleanor se retirando do salão.

- Bom querida, acho que já é hora de descansar. Vamos colocar as crianças para dormir, e deitar nossos corpos cansados.
disse Edmund voltando do escritório e convidando Delilah.

- Tenha uma boa noite minha querida irmã.
falou Delilah pondo sua suave mão em meu ombro, e beijando a testa de Madeleine.

- Também vou me retirar Lydia, está tarde e todos estamos cansados, ainda tenho quatro pestinhas para fazer adormecer. Venha Ernest, seja lá o que vocês tanto conversam, podem continuar amanhã.
levantou-se Leila e se retirou.

Madeleine levantou-se do carpete e abraçou-me inesperadamente.
Acariciei seu rosto e trocamos olhares, e através deles pude sentir que ela estava falando comigo o que não se podia dizer com palavras.
Naquele momento senti uma angústia em meu ser e um nó em minha garganta, eu quis chorar mas não tinha exatamente um porquê, segurei então as minhas lágrimas e dei-lha um forte abraço que durou por um tempo.

- Aí estão as mulheres mais lindas do meu mundo.
disse Charles chegando ao nosso lado e sentando-se comigo no sofá.

- Hoje eu vou dormir com vocês papai!
exclamou Madeleine, contando a novidade para o pai que fingiu não saber da agradável notícia.

- Uau...hoje então teremos o prazer de ter uma princesinha em nossa cama?
Vamos a biblioteca escolher juntos uma história para lermos antes de dormir, o que acha?
propôs Charles beijando as nossas mãos.

- Olha só que interessante não é filha? Eu acho uma ideia muito boa.

Enquanto eu falava sobre a ideia do Charles, ouvi do corredor de cima a voz de Leila repreendendo Katherinne sobre estar fora do quarto.

- Calma mamãe, só estava indo a cozinha...
mas antes que pudesse terminar a frase, Leila a interrompeu.

- Mas para quê exatamente Katherinne? Vá já para o seu quarto pois a Peggy já fechou a cozinha.

Ambas voltaram juntas pelo corredor, então nos entre olhamos e juntos subimos as escadas, tomando o rumo da biblioteca.

- Quer saber papai, não quero uma história de livros, acho que vou querer dormir ouvindo a mamãe cantarolar para mim.
disse Madeleine mudando de idéia.

- Oh, uma ótima ideia meu amor. Também vou querer dormir ouvindo a mamãe cantarolar para a gente.
disse Charles me olhando com admiração.

Em nosso quarto, penteei os cabelos negros de Madeleine, enquanto Charles terminava o seu escalda pés.
E quando deitamos em nossa cama, Madeleine em nosso meio disse o quanto nos amava.

Aquela cena de fato nos foi muito importante e para sempre a carregaremos em nossas memórias, mas se soubéssemos que seria a última, não teríamos dormido.
Enfim, nós e nossa mania de não saber o que vai acontecer no minuto seguinte.

- Boa noite mamãe, boa noite papai.
disse Madeleine com sua doce e suave voz sonolenta enquanto eu cantarolava, e Charles acarinhava seus cabelos.

MadeleineOnde histórias criam vida. Descubra agora