4 - Almoço?

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Alane

Hoje marcou o penúltimo dia de gravação, e a última vai ser na final do BBB. Agradeço demais por isso, vai ser incrível ter um tempinho para descansar depois de quase pirar em uma casa sem acesso a nada, que mais parece um hospício.

[...]

Fui para um cantinho num corredor, sentei em um banquinho perto de dois filtros de água. Não tinha ninguém por perto, pelo menos por enquanto, já que estavam todos ocupados. Já tinha terminado de gravar com a Fernanda, e depois disso, cada um foi para um canto. Adoro filmagens e gravações, na verdade, amo! É meu sonho ser atriz, mas estava exausta. Não que tenham exagerado nas gravações, entrei na casa sabendo que teria que passar por isso. Mas estou realmente cansada. Quase completei três meses lá, com câmeras o tempo todo. Preciso de um tempo longe delas..

Eu tava pensando, com a mão no rosto, o braço apoiado na coxa, pernas encolhidas por estar num banco pequeno.

― Alane? O que tu tá fazendo aqui sozinha, mulher? ― Ouço uma voz conhecida, olho pro lado pra tentar adivinhar quem era, era a Fernanda. Ela só mostrava o rosto, o corpo escondido atrás da parede.

― Hum? – pensei – só vim beber água, tava me distraindo – disse apontando pro filtro ao meu lado.

― Sério? Tem certeza? Tô aqui faz um tempinho, e você não tem nenhum copo na mão.

A um tempinho? Ela tava me observando?

― Como assim você tá me observando? ― perguntei irônica.

― Eu vim beber água, e você tava aí olhando pro nada. Fiquei até com medo, não tava te "observando" ― ela disse fazendo aspas na última palavra.

― Só tava pensando.

― Pensando?

― Pensando.

― Hum. ― assentiu ― e você não vai pra sua casa? Afinal, onde você tá ficando esses dias? Você não morava em São Paulo?

Por que ela tava fazendo perguntas? Ela acha que eu já esqueci de tudo depois da briga besta? Tá certo que ela já disse que se arrepende, não diretamente pra mim, mas já disse, naquele react que eu reagi. Falando nele, fiquei pensando no vídeo novamente constrangida por um tempo, lembrando de suas palavras no vídeo.

― Alane? ― A olhei assustada.

― Hospedada num hotel, só temporariamente, a equipe tá pagando minha hospedagem ―disse batendo as mãos no joelho, pra disfarçar.

― Entendi, e você ainda não foi liberada das gravações?

―Já, eles disseram que eu já podia ir, e que iam chamar o motorista, mas eu disse que só vinha beber água rápido antes de eles chamarem, mas já faz... ― tirei o celular do meu bolso olhando a hora ― 18 minutos ― eu ri ao perceber o tanto de tempo que passou. E ela riu junto.

― Ta quase na hora do almoço, né? Vai almoçar onde? ― Fernanda tinha uma mão em sua cintura, com o corpo escorado na parede.

― Comida lá do hotel mesmo ―  disse levantando ―  já vou falar com eles pra chamarem o cara, tô com fome, já estou indo. Tchau! ― Disse passando ao seu lado, com um alívio no meu peito por estar saindo dali. Finalmente, irei parar de conversinha com Bande, que age como se fossemos próximos ao ponto de trocar esse tipo de conversa.

― Vamos almoçar juntas? ―  Segurou meu braço.

― Ham? ― A olhei confusa ― Por quê?

― Comida de hotel é ruim, né? Ninguém merece. E eu sei que você tá pensando que eu to tentando ser sua amiga. Mas acredite, eu faria isso com qualquer pessoa que tivesse que comer comida de hotel.

Ela não estava errada, comida de hotel não é a melhor do mundo, mas também não é a pior, dependendo. Se for um café da manhã, é incrível! Mas quando se trata de refeições como almoço... Não digo o mesmo. Mesmo assim, seria constrangedor almoçarmos juntas.

― Você não tá errada ― disse andando devagar pra longe dela. ― mas seria constrangedor o povo ver a gente almoçando juntas, não quero sair em sites de fofocas, principalmente depois daqueles...

― Aqueles shipps sobre nós? ― perguntou

― É ― assenti envergonhada.

― Ninguém liga, Alane. A gente não tem nada e nós duas sabemos disso, e mesmo que depois fiquem em sites de fofoca, do que vai adiantar se nós duas sabemos que não é verdade?

Não era mentira, mas mesmo assim era vergonhoso.

Pensei por um tempo.

― Tá bom, mas você ― disse apontando pra ela ― vai ter que desmentir a merda dos rumores depois.

Ela riu e assentiu, saiu a minha frente então eu entendi que devia segui-lá. Aceitei o convite sem saber do almoço, mas sei que provavelmente seria em algum restaurante. Eu precisava falar com o pessoal da equipe, que inclusive estavam me procurando preocupados pela minha ida "rápida" para beber água que se tornou quase meia hora. Os avisei que iria com Fernanda, e que não precisava chamar o cara que estava me levando ao hotel, e eles assentiram.

Notas da autora:

• Não revisado.

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