14 - Chuva

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Alane

Me vi perdida em pensamentos conflitantes, onde a intensidade de meus sentimentos sem nome me assustava cada vez mais e me fazia questionar minhas próprias emoções. A batalha interna entre o desejo intenso e o medo de se entregar por completo a algo tão poderoso me levou a uma montanha-russa de emoções, onde a incerteza e o desejo se entrelaçavam.

Eu xinguei até meus antepassados quando pensei sem querer: "eu a quero, para mim, só para mim". Fiquei tão confusa e irritada comigo mesma por achar que eu senti algo tão... intenso. Queria rir da loucura da situação, mas ao mesmo tempo, a seriedade do que estava acontecendo me assustava. Era como se meu coração estivesse dando várias voltas, e eu não conseguia controlar as voltas e reviravoltas das minhas emoções.

Eu lembrei que Bia estava me encarando. Fiquei ainda mais desconcertada com a presença dela naquele momento intenso. Parecia que seus olhos podiam ler cada turbilhão de emoções que passava pela minha mente naquele instante. A sensação de ser observada enquanto lidava com meus próprios conflitos internos só aumentou a confusão dentro de mim.

— Ah, talvez... — Respondi. Irritada por ter que mentir que considerava Nizam um talvez. Sentindo-me intrigada com a curiosidade perceptível nos olhos de Bia. Minha resposta ambígua refletia a complexidade das emoções e pensamentos que tumultuavam minha mente naquele momento delicado. Era como se eu estivesse dançando no fio da navalha entre revelar ou manter oculto o turbilhão de sentimentos que me invadia.

— Eu sabia! Olha, você tá de sorte porque ele é bem bonitinho, viu. Me conta tudo que aconte-

A mesma fora interrompida por alguém da produção que nos chamou.

[...]

Não houve muita interação entre nós duas – não é como se eu esperasse, mas desejasse – além de quando nossa briga na casa foi mencionada e eu mencionei o prêmio que conquistamos, vi um sorriso se formar no rosto de Fernanda naquele momento. Aquele sorriso parecia lutar para não parecer forçado, mas seus olhos entregavam uma emoção genuína. Foi um breve momento de conexão, um pequeno lampejo.

Quando todos já haviam sido dispensados e a gravação tinha acabado, algo dentro de mim se agitou. Não sabia explicar, mas senti meus pés me guiando automaticamente em direção ao estacionamento. Era como se algo instintivo estivesse me impulsionando na direção certa, mesmo que minha mente ainda estivesse processando o que estava acontecendo.

O que estou fazendo?

Perguntei-me, mas minha pergunta foi respondida quando me deparei a uns dois metros do carro de Fernanda, onde ela segurava a porta dele com uma mão e com a outra digitava algo em seu celular.

O que estou fazendo aqui?

Eu queria voltar, ela ainda não havia me visto, mas estava imóvel.

Quando vi ela guardar seu celular e fazer menção de entrar, não consegui me conter.

— Espera, Fernanda!

A frase escapou dos meus lábios antes que eu pudesse pensar. Meu coração batia forte, e a incerteza se misturava com uma estranha sensação de urgência. Era como se um impulso inexplicável estivesse me guiando naquela direção, desafiando minha lógica e me fazendo agir por instinto. Enquanto ela se virava para mim, um turbilhão de emoções tomava conta de mim.

— Sim? — O olhar de Fernanda percorreu meu corpo dos pés à cabeça antes que ela pronunciasse aquela única palavra. Senti-me analisada e exposta sob seu escrutínio, mas havia algo na maneira como seus olhos se fixaram nos meus que me fez sentir vulnerável e ao mesmo tempo cativada. Minhas palavras pareciam fugir de mim naquele momento tenso, mas eu sabia que precisava encontrar a coragem para continuar.

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