6 - Colegas

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Alane

Eu fiquei chocada quando percebi algo; acabei tendo uma conversa rápida com Bande, droga. Mesmo que tenha sido uma interação breve, me permiti rir - mesmo que apenas por dentro - e experimentei essas emoções diante das ações de Fernanda. Antes do convite dela, eu queria me afastar um pouco, já que ela age como se já estivéssemos resolvidas, o que não é o caso. Mais especificamente, ao longo do tempo, ela não fez nenhum esforço para se desculpar comigo pessoalmente. Por que ela está agindo assim? Não somos amigas, e se eu tivesse que descrever Bande em minha vida, diria que "nós participamos do mesmo reality" no máximo. Afinal, é só pela comida do hotel, não é mesmo?

Balanceei a cabeça concordando comigo mesma, quando tomei minha decisão. Murmurei um "sim". No entanto, fiquei envergonhada ao olhar para o lado e ver Fernanda me encarando, com uma expressão confusa. Ela segurava o celular com uma mão e apoiava a outra na janela do carro. Ela pediu para responder uma mensagem antes de irmos ao restaurante ao lado. Fiquei em silêncio, queria me explicar, mas quem parecia confusa por eu estar falando sozinha era ela. Felizmente, ela não perguntou nada.

― Vamos! ― Falou com um sorriso forçado, saindo rapidamente do carro, e eu a acompanhei.

―Eu costumava vir aqui com frequência, essa é apenas a segunda vez desde que saí. ― Explicou.

― Ah, entendi.

Fernanda entrou, fazendo o sino acima da porta ecoar. O homem que estava de costas no balcão, conversando com a garota do caixa, virou-se e seu rosto se iluminou ao ver Bande..

― Fernanda! Você chegou, pensei que não viria mais. ― Ele disse, colocando a mão no ombro da mulher. Ele era da minha altura, com barba feita e cabelo penteado para trás.

― Olá Vitor, demorei um pouco, mas não deixaria de vir. apertou a mão dele.

― Eu sei, você não deixaria de vir mesmo. - ele disse, então olhou para mim.

― Ah, Alane! - me cumprimentou com um aperto de mão - Um prazer te conhecer, você não deve me conhecer. Sou Vitor, um velho amigo de Fernanda. Ela me disse para reservar uma mesa ontem, pois traria você aqui. - ele sorriu.

Bande já estava planejando me trazer aqui? Ela arregalou os olhos, olhei confusa pra ela , mas ela disfarçadamente desviou.

― Um prazer te conhecer também , Vitor!

― Estava acompanhando sua trajetória na casa mais vigiada do Brasil, estava torcendo por você, sinto muito pela sua saída.

― Obrigada pela torcida, e tudo bem , já estou "bem" com isso. ― sorri.

― O papo tá legal, né gente? Mas eu tô realmente morrendo de fome, muita fome ― ela disse cutucando sua barriga.

Vitor riu do gesto dela e nos conduziu a uma mesa no canto, perto de algumas janelas decoradas com plantas variadas, e alguns quadros com pinturas minimalistas pendurados na parede.

Ele foi buscar os pratos. Sentei de costas para a janela, com Fernanda em minha frente. Não queria encará-la, então fingi mexer no celular, mesmo com a tela desligada.

― Espero que você saiba que eu consigo ver sua tela desligada. ― ela disse, sem olhar diretamente para mim, mas para trás de mim. Olhei na mesma direção. Droga. Ela conseguia ver meu reflexo.

― Estou usando película de privacidade. - respondi, esperando que ela acreditasse.

― Olha só ― ela mudou de assunto, me ignorando ― Eu não estava planejando vir almoçar com você desde ontem, eu vinha com Pitel, mas ela precisou resolver umas paradas aí, tendeu? Aí quando você disse que ia comer no hotel, ninguém merece né, pô? ― Fiquei aliviada, mas lembrei da fala de Vitor: Ela me disse ontem pra reservar uma mesa que iria te trazer aqui". Ah, talvez ela tenha dito que traria uma amiga, que no caso seria a Pitel. Mas como fui eu quem chegou, ele interpretou errado.

Pós BBB | Ferlane Onde histórias criam vida. Descubra agora