"I cause no harm
Mind my business, if our love died young
I can't bear witness, and it's been so long
But if you ever think you got it wrong
I'm right where you left me..."
Right Where You Left Me (Taylor Swift)
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Kelvin desembarcou no Brasil no dia seguinte, tinha pegado um voo da madrugada e chegado em tempo para o final do velório e posterior enterro.
Não falava com sua mãe há muitos anos, quando se tornou conhecido mundialmente enquanto artista ela tinha tentado algumas aproximações, as quais ele evitou educadamente.
E agora estava num circo dos horrores, a imprensa, ele não sabia como até agora, tinha descoberto a informação do falecimento de seu pai, quando desembarcou no Aeroporto de Campo Grande, soube que andaria pelos nove círculos do inferno, uma multidão de repórteres e a mídia sensacionalista o aguardava no saguão, não respondeu ninguém, foi direto para o velório, lá chegando apenas abraçou a mãe que parecia estar em transe.
Inácia Santana era o retrato da tristeza, os cabelos estavam presos num coque frouxo, o cabelo pintado de loiro estava nitidamente sujo, via-se que ela tinha deixado toda a vaidade de lado.
Os olhos da mesma cor âmbar dos de Kelvin eram sombreados por olheiras profundas, se compadeceu da mãe, fosse como fosse ela também era uma vítima de seu pai.
A família Santana era pequena, Kelvin tinha poucos parentes relacionados, lá estavam seu tio Alberto, irmão de seu pai, dois primos Lucas e Jéssica que regulavam a idade com ele e que tinham crescido correndo pelas plantações de trigo com ele.
Do lado da mãe não tinha exatamente ninguém, sua mãe se afastou de todos para viver em função de Matias Santana, embaixo de um jugo opressor, casada com um homem que a submetia a humilhações verbais e psicológicas diárias, para além das surras físicas que também ocorriam, principalmente quando seu pai bebia.
Tinham muitas pessoas no velório, a maior parte curiosos, seu pai não tinha amigos, ele tinha comparsas, pensou com escárnio.
Ver o homem no caixão lhe deu uma sensação sem nome, sentia um incômodo de vê-lo ali, queria gritar com ele, dizer a ele o quão monstruoso ele era, o quanto jamais, nem que vivesse mil vidas, perdoaria o que ele lhe fizera.
Logo que o cortejo fúnebre saiu em direção ao cemitério central da cidade, os repórteres não davam trégua, tinham uma boa equipe de segurança que os mantinha a certa distância, mas não a ponto de dar privacidade à família.
A atmosfera sombria do cemitério era acentuada pela chuva que começou a cair amena, a princípio.
Os céus escureceram rápido e os trovões soavam no horizonte, ecoando a turbulência das emoções de Kelvin.
O ruivo tinha o semblante pesado e os olhos vazios, e estava imerso em um estado de anestesia emocional, incapaz de processar completamente o momento.
A chuva caia mansa sobre ele, que caminhava de braço dado com a mãe que se escorava em seu corpo, mal conseguindo andar.
Kelvin estava com um enorme óculos escuro para não julgarem a ausência de lágrimas de seu rosto, porque sabia que os jornalistas explorariam qualquer brecha que tivesse, vestia um terno social inteiro preto que parecia pesar toneladas, quando na verdade, não era a roupa, mas sua alma que pendia sob o peso daquela situação que mais parecia saída de um pesadelo surrealista.

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Nó(s)
FanficKelvin disse não a tentativa de Ramiro fazê-lo ficar e priorizou sua carreira, tornando-se famoso a nível global, sendo contratado por uma das maiores gravadoras do mundo, 7 anos depois daquela despedida dolorida, ele está no ápice do sucesso, inace...