[18]- Quase felizes para sempre

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                               𝙋.𝙊.𝙑 𝙅𝙪𝙣𝙞𝙤𝙧


— Zeca você não pode ir! Vem comigo! — Pedi quase que chutando aquela maldita catraca de minha frente.

— Eu não quero fazer você brigar com a sua mãe...você não precisa tomar nenhuma decisão precipitada agora.— Ele respondeu ficando próximo de mim, separado apenas pena pequena distância da catraca que nos impedia.

— Eu nunca tive tanta certeza de alguma coisa Zeca...eu te amo! — Falei admirando seus olhos escuros, parecia fazer séculos que não os via e eles estavam ainda mais bonitos que o convencional.

O peão ficou sem palavras, nem mesmo eu esperava ter uma atitude daquelas, aproveitei meu pico de coragem e voltei á levantar os meus pés, me aproximando do rosto do maior, uni os nossos lábios lentamente fechando os meus olhos.

Os lábios lisos do peão tomavam a minha boca para si enquanto eu levava uma das minhas mãos até seu rosto, sentindo sua pele macia, o mundo parecia ter parado para mim como em nosso primeiro beijo, estava tão imerso no beijo do peão que demorei para perceber os resmungos e reclamações dos outros passageiros e do próprio motorista.

— As mocinhas aí vão parar o beijo ou eu vou ter que chamar o segurança pra poder seguir viagem? — Reclamou o motorista cutucando as minhas costas.

Dei uma risadinha me afastando da boca de Zeca, ele fez o mesmo, abrindo seus olhos lentamente e olhando para mim com aquele sorriso radiante que havia sentido tanta saudade.

— Melhor a gente parar por aqui ou é capaz de sermos linxados! — Disse baixo para ele.

— Com certeza!

— O senhor poderia abrir o bagageiro? Esse daqui não vai mais não. — Falei me virando animado para o motorista.

Ele revirou os olhos impaciente e andou comigo até o lado de fora do ônibus, após alguns minutos, ele retirou as malas de Zeca do bagageiro e logo o peão desceu do ônibus com uma mochila preta em suas costas.

O motorista subiu os degraus resmungando alguma coisa, acenei para ele com um sorriso debochado e logo olhei para Zeca, que estava um pouco sério.

— Que foi amor? Não tá feliz? — Perguntei desfazendo meu sorriso aos poucos.

— Tô...é claro que tô, mas e agora, como vai ser? — Ele questionou com a voz baixa.— Eu não posso voltar pra fazenda da sua mãe e ela não vai gostar de te ver comigo.

— Olha aqui Zeca, o que ela acha ou deixa de achar não me importa, eu vou ficar com você e pronto. — Falei com segurança.

O ônibus partiu e um sorriso nascia no rosto do peão enquanto eu falava.

— Eu tenho uma grana guardada, a gente pode alugar um apê no Rio, eu arranjo um trabalho e você também. — Disse  tranquilo, tentando acalma-lo. — Logo logo eu termino a minha faculdade e aos poucos tudo vai se ajeitar!

Zeca me olhou com uma expressão surpresa por alguns segundos, ele não disse uma palavra sequer até eu cutucar seu braço com a outra mão livre.

— Ou! Eu faço essa declaração toda e você não fala nada Zeca? — Reclamei fazendo um bico para ele.

— Desculpa, é que eu nunca te vi tão decidido, você tá diferente...mais corajoso! — Ele falou incrédulo.

— E você gosta? — Perguntei um pouco envergonhado.

— Eu amo ! — Zeca respondeu animado, selando os meus lábios rapidamente.

Sorri para ele, o peão fez o mesmo me olhando com aquele sorriso bobo, eu mesmo devia estar feito um tonto olhando para ele naquele momento, mas não me importava muito.

Coração de Peão Onde histórias criam vida. Descubra agora